terça-feira, abril 17, 2012

Quem diria?

Tenho o privilégio de morar em Brasília e trabalhar num lugar onde vejo muitos políticos, gente que a maioria só conhece da televisão. Parece até que nem existem no mundo real. Lembro-me dos primeiros dias, quando chegava à minha casa e dizia para os meus pais, que são os que mais celebram o meu “sucesso”, que vi fulano e cicrano. Quanto orgulho para nós todos!

Evito falar sobre esse assunto. Penso que o que para muitos é glamour, para mim é só uma missão privilégio. Sei que falar sobre isso pode parecer um pouco de arrogância, de vontade de aparecer, principalmente quando grande parte da população tem uma vida tão sofrida. Mas Brasília é assim: a capital dos concursos, a cidade dos funcionários públicos, uma terra ainda com muitas oportunidades. Aproveito que estou falando isso para testemunhar que não foi minha capacidade que me trouxe onde estou, mas a graça bendita de um Deus que é puro amor. Como foi que cheguei aqui eu mesma não sei explicar.

Quando chego ao serviço, que é onde estou agora, penso nos destinos da nação sendo decididos, dinheiro da população, vidas em jogo. As decisões aqui tomadas e a falta delas refletem de uma maneira estrondosa nos lugares mais ricos e mais pobres do Brasil.

Muitos gostam de dizer os nomes das pessoas abonadas que conhecem, orgulham-se do seu ciclo de relacionamentos e buscam envolver-se cada dia mais com os poderosos. Eu também, mas não de me envolver com os poderosos, mas com O Poderoso. Sei que Ele tem expectativas a meu respeito - Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais (Jr 29:11) - e que não há ninguém maior que eu possa conhecer. Deus tem pensamentos a meu respeito e eu quero muito corresponder às Suas expectativas.

É um enorme privilégio ser funcionária do Rei de toda a terra. Ele me deu um alto cargo, o melhor crachá que alguém pode ter. Com ele, entro na sala do trono e converso com o Maior de todos. Quantas pessoas não gostariam de um minuto com a Presidente Dilma! E quantos rejeitam o livre acesso a Deus! Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade (Hb 3.14-16).

Eu nem cabia no Seu reino. Não passava de uma escrava de um sistema que está cada dia pior, mas Ele foi ao lugar ao qual eu pertencia, o império das trevas, pagou o preço que cobravam por mim e me transportou para o reino do Filho do seu amor (Cl 1.13). O que podia se esperar então? Que eu me tornasse sua escrava. Mas não foi isso o que fez. Trocou as minhas vestes de tristeza, por vestes de louvor – eu que tinha motivos para reclamar passei a ter apenas motivos para agradecer –, deu-me um novo título: embaixadora.

Sabe o que significa ser embaixador? É ser representante de um outro país frente ao lugar onde este está. Ocupam essa função apenas pessoas de confiança e que têm um grande preparo, pois é um cargo de altíssimo nível. Como Ele pensou que eu iria conseguir representá-lO bem? Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça (Is 41:10). Não sei se você já esteve em reuniões em que nem sabe como se comportar, o que dizer, mas Ele me prometeu: Por minha causa [porque sou embaixadora dEle] sereis levados à presença dos governadores e dos reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. Mas, quando lá estiverem, não cuideis de como, ou o que haveis de falar, porque naquela hora vos será dado o que haveis de dizer. Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós (Mt 10.18-20). De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse (II Co 5.20). Quer dizer, Cristo fala na terra por meu intermédio. Ele está no Seu reino e me confiou Seu nome, uma grande patente, uma nobre missão e está pronto para me ajudar a cumpri-la dignamente: E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram (Mc 16.20).

Não estou fazendo uma grande história, o que não desmerece em nada a minha existência. A grande história, que vai muito além de mim mesma, é dEle. Sou uma cooperadora. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus (I Co 3.9). Não estou na terra para cuidar dos meus interesses, mas dos dEle. Se tenho do que me gloriar, glorio-me na Sua cruz, no Seu amor, no Seu sangue, na bondade de me conceder Seu nome, que é sobre todo nome.

Erga a cabeça. Pode parecer que você é um simples professor (uso essa profissão, porque sei que eles se sentem altamente desprestigiados apesar de serem tão importantes), mas você é muito mais do que isso: um embaixador. Quem paga o seu salário não é o seu patrão; é Deus. E ele nunca dá apenas o que você pede: E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades (Fp 4.19). Preste atenção no texto anterior. Diz: o nosso Deus, segundo a sua riqueza, não segundo o seu pedido, não segundo o tamanho da sua conta, não segundo o Seu humor. Repito: segundo a sua riqueza.

Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem (MT 7.11). Se nós temos prazer em abençoar nossos filhos, imagine o nosso Pai, que é rico em absolutamente tudo: perdão, graça, misericórdia, ouro e prata, alegria, esperança, amor...

Termino com o texto que me alimentou esta manhã: Pois vais ao seu encontro com as bênçãos de bondade; pões na sua cabeça uma coroa de ouro fino (Sl 21:3).

Alegre-se. Deus sempre vem ao seu encontro!

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