quarta-feira, março 28, 2012

Tire a pedra do caminho

Hoje compartilho com você um pouquinho da minha meditação no livro de II Timóteo.


No meio do caminho havia uma pedra. Aqui no Brasil é muito fácil dizer isso. Como há pedras no meio do caminho!


Algumas pedras são enormes. Diante delas, só duas opções: parar a viagem ou contorná-las, o que pode demorar bastante. Pense numa pedra monumental e em você com muita pressa para chegar ao outro lado. Que chateação ter que mudar o caminho, contornar um grande obstáculo.


Às vezes, fazemo-lo calados. Outras vezes, começamos a reclamar, exigindo saber quem foi que colocou aquilo ali. Com respostas ou sem respostas, será necessário tomar uma atitude.


Algumas pedras são médias. Dá para transpô-las com um simples pulo – grande ou pequeno, mas totalmente possível. São obstáculos que incomodam, mas um pouco menos. E também não nos fazem pensar em parar. Apenas nos obrigam a certo esforço.


Algumas pedras são pequenas. Diante dessas, basta firmar o pé e passar por cima. Fazemo-lo até sem pensar. Já estamos acostumados com essas pedras do dia a dia. Fazem parte do trajeto. Seguimos em frente sem tomar conhecimento de que estão ali. Talvez tenham estado sempre, talvez amanhã sejam removidas. Não importa. São insignificantes.


Timóteo estava diante de algumas pedras e tinha algumas coisas em seu desfavor. Era jovem, ainda não tinha adquirido tanto conhecimento e respeito. E quando se viu diante dessas pedras tremeu. Paulo, seu mestre, deu a ele um conselho que serve para mim e para você na nossa caminhada: Por este motivo [porque sei da fé que existe em ti], te lembro que reavives o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de poder, e de amor, e de moderação (II Tm 1.6,7).


A primeira constatação que fiz nesse texto é que somos nós que temos que despertar os nossos dons, as nossas vocações. Paulo poderia ter dito: “Venha me visitar para que eu o ajude a despertar o seu dom”, mas não foi o que disse. Aconselhou: “Reavives”. Em outra tradução está escrito: desperte. O dom não morreu, a sua competência não acabou, você não se tornou sem utilidade. Desperte, acorde o dom.


No versículo seguinte, ele mostra o que fez Timóteo não ser tão eficaz: o espírito de temor, o medo. Talvez você, como eu, já tenha sentido medo de a pedra rolar por cima de você e esmagá-lo, ou de dar um pulo tão grande que o machuque, ou de nem ser capaz de dar o salto necessário para transpor aquele obstáculo. De acordo com Paulo, o problema não é a pedra; é o medo. Você já viu aquelas pessoas que fazem salto com varas? Como voam alto! Não são pessoas diferentes de mim e de você. Apenas enfrentam o obstáculo com vontade de vencê-lo e insistem. Se for preciso, saltam mil vezes em um dia. Pode ser necessário enfrentar a mesma pedra muitas vezes.


O texto poderia parar por aqui. Ótimo: reavive o dom de Deus livrando-se do medo. Parece fácil, não é? Pois é mesmo, porque Paulo conta como é que se livra do medo. Quer saber como vencê-lo? Vamos continuar.


Primeiro, apenas lembre-se do que Deus lhe deu: Espírito de poder. Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo (At 1.8). Se você tem o Espírito de Deus, você é poderoso. Isso mesmo! Você já recebeu poder. Está aí dentro. Use-o. Detone as pedras, porque você pode.


Segundo, cresça em amor – é o que está escrito lá em cima: Deus nos deu espírito de amor. Como crescer em amor? Qualquer que guarda a Sua Palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus (I Jo 2.5). Cada vez que você medita na Palavra, o amor de Deus está aumentando em você e é esse amor que o fará lançar fora o medo: O verdadeiro amor lança fora todo medo (I Jo 4.18).


Por último, vem a palavrinha difícil: moderação. Essa me deu mais trabalho para compreender. Não vou esmiuçar meus estudos, mas apenas informar que, depois de ler a respeito, descobri que moderação quer dizer: razoabilidade, bom senso, disposição para abrir mão dos seus direitos. Não argumente com as pedras, não tente provar que está certo, não busque ter razão. Outro dia li uma frase maravilhosa que reproduzo com minhas palavras: “Não se justifique, pois os que gostam de você não precisam disso e os que não gostam não acreditarão em você”. É isso aí.


Siga em frente. Reavive o dom de Deus. Role a pedra.

quarta-feira, março 21, 2012

Tire suas próprias conclusões

Quanto mais conheço a Deus, mais me apaixono por Ele. Embora saiba tudo, conheça os pensamentos e propósitos do coração e possa facilmente manipular qualquer pessoa, escolheu não fazê-lo. Respeita-nos mais do que nós mesmos. Aceita nossas decisões, não tenta mudar-nos à força. É um gentleman no sentido mais elevado que essa palavra possa ter, aliás, é um gentlegod.

Ontem estava voltando do trabalho pelas ruas dessa Brasília mudada, que agora é puro congestionamento – e quando chove, então! – quando resolvi tomar o remédio que uso para não estressar: ter sempre um bom CD ao alcance. Enquanto o mundo pira, pareço uma louca cantando, dançando, orando, chorando dentro do carro. Peguei um CD de mensagem da Pastora Edméia Williams – aliás, recomendo – e comecei a ouvir. Ela pregava sobre o texto que posto aqui abaixo.

E chegaram as filhas de Zelofeade, filho de Hefer (...) e estes são os nomes delas: Maalá, Noa, Hogla, Milca, e Tirza; e apresentaram-se diante de Moisés, e diante de Eleazar, o sacerdote, e diante dos príncipes e de toda a congregação, à porta da tenda da congregação, dizendo: Nosso pai morreu no deserto, e não estava entre os que se congregaram contra o Senhor no grupo de Coré; mas morreu no seu próprio pecado, e não teve filhos. Por que se tiraria o nome de nosso pai do meio da sua família, porquanto não teve filhos? Dá-nos possessão entre os irmãos de nosso pai. E Moisés levou a causa delas perante o Senhor. E falou o Senhor a Moisés, dizendo: As filhas de Zelofeade falam o que é justo; certamente lhes darás possessão de herança entre os irmãos de seu pai; e a herança de seu pai farás passar a elas (Nm 27.1-7).

Logo que ouvi a leitura, comecei a viajar, pensando na grandeza dos personagens descritos na história. Já disse e repito: não é à-toa que se registram histórias na Bíblia. Há ensinamentos muito profundos que precisam ser absorvidos. É preciso meditar, ler, reler e reler para absorver parte do conteúdo. E por que digo parte? Porque A Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4.12). Não se esgota nunca.

Essa história tem muito a ensinar. Começo pela lição deixada pelas filhas de Zelofeade. Elas faziam parte de um tempo e de uma cultura em que mulher não tinha vez. Seu pai havia morrido e elas estavam, como ficava toda herdeira sem irmãos, na rua da amargura. Poderiam ter se resignado com sua triste sorte, mas resolveram pelo menos tentar algo diferente. Não tiveram medo de enfrentar a autoridade, de ouvir um “não”, da opinião alheia. Aliás, se fossem perguntar aos outros o que achavam, provavelmente teriam ouvido os conformados dizerem o mesmo que Gabriela: “Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim”, ou seja: desistam.

Mais ainda. Hoje em dia, é muito fácil ser rotulado de rebelde. Os inovadores, os inconformados, os revolucionários costumam ser tachados de insubmissos, revoltosos, subversivos. Ai do mundo sem os inovadores, sem os questionadores, sem os inconformados! Por causa dessa submissão burra, as mulheres árabes estão como estão.

Além da coragem de enfrentar o grande líder Moisés, elas foram extremamente polidas no pedido. Não chegaram reclamando, não estavam nervosas, usaram o argumento certo. Às vezes, os pedidos são rejeitados pelo simples fato de que são feitos do jeito errado.

O segundo personagem também digno de admiração é Moisés. Tratava-se de uma questão antiga. Há muito que somente os filhos herdavam. Por que mudar algo que já se praticava há anos, que já estava enraizado na cultura? E mais. Ele tinha acabado de distribuir as terras conquistadas. Dizer que as mulheres poderiam herdar significava um grande trabalho de redistribuição. Era um novo começo para quem estava quase no fim. Mesmo assim, sabe o que ele fez? Levou a causa perante o Senhor. Como assim? Não era uma questão antiga? Pois é. A tradição não contou. Moisés foi perguntar ao Senhor.

Lembro-me do conselho que Paulo deu a Timóteo na sua primeira epístola: Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões (I Tm 2.1). Repito: antes de tudo, tudo mesmo, ore. São poucos os líderes que ousam admitir que não sabem tudo, não têm todas as respostas, não são o supra-sumo do conhecimento. Muitos nem admitiriam tal consulta. Moisés também tinha líderes abaixo dele que o ajudavam. A Bíblia fala que ele levantou líderes de mil, de cem, de cinquenta. Mas ele foi acessível. Não encaminhou as mulheres à liderança inferior e nem deu a questão por encerrada com base no que sempre aconteceu. Atendeu e foi humilde para dizer que, antes de responder o que parecia ser óbvio, antes de repetir o que poderia ter sido dito outras inúmeras vezes, consultaria o Senhor.

Por fim, vem o Maior de todos, o Autor da própria história: Deus. Como Ele é admirável! Há anos, via uma grande injustiça ser cometida contra as mulheres, mas não estava disposto a se intrometer em questões alheias. Já que não O chamaram para a conversa, ficou quieto, gentil e pacientemente esperando que fosse convidado a Se pronunciar. E surpreendeu: As filhas de Zelofeade falam o que é justo; certamente lhes darás possessão de herança entre os irmãos de seu pai; e a herança de seu pai farás passar a elas (Nm 27.1-7). Se você continuar a leitura do capítulo, verá que Ele disciplinou toda a linha sucessória. O que juristas passam anos discutindo estava escrito lá, há muito, muito tempo.

Até comecei a digitar aqui as lições que tirei de tudo aí, mas deletei. Prefiro deixar que você tire suas próprias conclusões.

Beijo.

terça-feira, março 20, 2012

Liberte-se

Poucas coisas podem ser tão trágicas quanto a falta de conhecimento. Há milhares de anos, a Bíblia tinha advertido o povo a esse respeito: "O meu povo é destruído porque lhe falta conhecimento" (Os 4.6).


Com o decorrer do tempo, algo que deveria ser natural a nós, o desejo de conhecer, esvaziou-se. O fútil tomou o lugar do indispensável, o bolso ficou mais importante do que as ideias. Sucesso mesmo é ter dinheiro na conta - assim pensam os infelizes incautos.


É fato que dinheiro resolve muitos problemas, mas causa outros tantos. A sabedoria, entretanto, liberta. "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8.32). Mas qual verdade liberta? A verdade conhecida pessoalmente, vivida, aplicada. A verdade a que se refere esse texto é a pessoa de Jesus, o evangelho das boas novas, que, apesar de uma lei universal, não é aplicada a toda e qualquer pessoa simplesmente porque muitos dela não se apropriam. Explico melhor.


Existem leis que precisam ser invocadas para terem sua aplicação. Por exemplo, quem já estudou direito sabe que o Poder Judiciário só age quando provocado. Os juízes não saem por aí resolvendo os problemas de todo mundo. Apresente a ele a questão, aí, sim, ele dirá o direito aplicável. Por outro lado, existem leis que, quer você conheça, quer não, mudarão a sua vida. Um triste exemplo é a legislação tributária. Você pagará imposto mesmo que não saiba de sua existência.


A escravidão machuca muito. Acredito que não houve período mais triste na história do Brasil do que o da escravatura. Os negros sempre foram fortes, numerosos, vigorosos, mas não conseguiram se libertar de uns poucos e cruéis senhores feudais. Tinham tudo para fazê-lo, tinham tudo para dominar, sobretudo numa época em que o trabalho braçal era tão importante, mas "se deixaram" escravizar.


Ainda hoje muitos que conhecem o evangelho, que têm uma Bíblia ao lado de suas camas se deixam escravizar por sofismas, preceitos e preconceitos de gente que jura ser mais espiritual do que os outros. Um povo que poderia muito bem promover a revolução do amor se sente espizinhado, maltratado, ainda compra indulgências para chegar à presença de um Deus que está disponível aqui e agora.


Quanta sabedoria teve Paulo ao escrever: "Não vos submetais novamente a jugo de escravidão" (Gl 5.1)! Hoje a escravidão é voluntária. Como diz o texto acima, as pessoas se submetem. Não são forçadas, não são coagidas, não são pagas para se submeter; é totalmente voluntário. E por que o fazem? Pela preguiça de conhecer. Em vez de produzirem o próprio alimento tão delicioso e à disposição, engolem o que outros disseram sem ao menos questionar.


Não quero ser dura nem pessimista neste post. Quero apenas dizer a você que não há mais intermediário entre você e o seu Pai. Ele está totalmente disponível, ansioso mesmo por encontrar-se com você e quando o vir não o rejeitará: "Aquele que vier a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (Jo 6.37). Não há condições para se achegar a Deus. Ele aceita a todos e os recebe bem. Não os manda de volta para purificar-se e melhorar a aparência antes de se achegar. Não condena, não maltrata, não decepciona, não envergonha.


Tenho visto a pregação do evangelho do medo em muitos lugares. Há uma pressão para que as pessoas deixem de ser quem são, deixem de fazer o que fazem como se a retórica ou uma simples mudança exterior fosse suficiente, como se a roupa nova fosse capaz de mudar o caráter.


A mudança que o evangelho propõe é de dentro para fora, porque se quer e não porque se é forçado, por amor e não por obrigação. "Porque o amor de Cristo constrange" (II Co 5.14). Ainda hoje as pessoas não estão preparadas para ver um Cristo andando com prostitutas, bêbados, homicidas, usuários de drogas; ainda hoje os problemáticos são discriminados na "casa do Pai"; ainda hoje as pessoas são rotuladas em mais ou menos ungidas, mais ou menos santas, mais ou menos aceitáveis, mais ou menos abençoadas.


Jesus está à disposição de todos, seja você dos mais certinhos ou dos menos "adequados" - "Deus não faz acepção de pessoas" (Rm 2.11). Deus o ama muito - "Com amor eterno te amei" (Jr 31.3). Não existem condições para se achegar a ele - "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno" (Hb 4:16). Leia de novo o texto. Está escrito mesmo: a fim de sermos ajudados e não condenados. Não importa o tipo de ajuda de que você necessite. Jesus morreu para abrir o caminho de acesso ao Pai, para rasgar o véu de separação e para dizer: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna".


Tenha um bom dia e liberte-se. A lei do Espírito da vida já libertou você da lei do pecado e da morte. Abra a Bíblia e dê uma olhada.

quinta-feira, março 15, 2012

Pé no freio

Hoje acordei sob um grande estresse. Muitas responsabilidades, relógio que não para, lutas que não dão trégua. Em meio a tanta coisa, uma paradinha para estar com Deus. Só assim para não explodir.


Abri meu blog. Quem sabe Deus não fala comigo através de algo que escrevi? Gosto de ler blogs de outras pessoas também, mas, às vezes, não acho nada novo. Qual não foi a minha surpresa quando abri em 2010, numa palavra chamada "Criado para pouca coisa" - depois leia lá. Foi o pé no freio. De vez em quando a gente precisa de uma chacoalhada para entender como estamos dando importância a coisas que não têm o menor sentido.


Nem todo combate merece ser travado. Olha só o que Paulo diz: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé" (II Tm 4.7). Imagine o que será de alguém que correu, correu, se preparou, se esforçou e depois descobre que o prêmio por ter ganhado a competição era só um troféu abacaxi?


Jesus contou uma parábola de um homem que trabalhou incansavelmente, amealhou muitos bens e resolveu que se aposentaria no dia seguinte. Olhe só o que aconteceu: "E direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se. Contudo, Deus lhe disse: Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou"? (Lc 12:19,20)


Qual será então o bom combate? Que luta merece a nossa atenção enquanto vivemos? Como não me arrepender futuramente de tanto estresse para pouco resultado?


A resposta: "Combata o bom combate da fé" (I Tm 6.12). Sem fé é impossível agradar a Deus, impossível tomar posse de suas bênçãos, impossível chegar ao céu, impossível viver a vida que Deus nos propõe. E que vida é essa e por que eu deveria almejar vivê-la? Porque essa, sim, é vida de verdade. "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10.10).


Quando Deus nos colocou neste mundo, quer dizer, não é bem neste em que vivemos hoje, tinha planejado para nós uma vida maravilhosa. E quando Jesus morreu, subjugando novamente o mundo e trazendo a ele o Seu reino, infinitas possibilidades se abriram. Paulo entendeu isso muito bem, por isso foi capaz de andar acima de toda circunstância: "Posto que não ando por vista, mas pela fé" ( II Co 5.7).


E o que é a fé? É a certeza absoluta de que Deus existe, a Bíblia é a verdade e de todas as promessas ali contidas eu posso me apropriar. (Quer uma definição melhor leia Hb 11.1).


Tenho certeza de que, se você soubesse que há uma herança trilionária à sua espera, consideraria que vale a pena ingressar com o processo na justiça e enfrentar todos os trâmites para possuí-la. Pois isso é verdade. Há uma herança incalculável e eterna esperando por você. É preciso confiar na justiça de Deus e combater o bom combate da fé até que se possa possuí-la na totalidade.


Abandone os combates desnecessários. Lute pela fé. Como? Leia a Bíblia. "Consequentemente, a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo" (Rm 10:17).


Tenha fé. Este será o melhor dia da sua vida até hoje.

sexta-feira, março 09, 2012

Cada dia mais perto

Fomos feitos para andar pertinho do Pai. Ele queria nos visitar todos os dias no maravilhoso jardim que tinha preparado para nós. Deu-nos um trabalho imensamente agradável, um menu delicioso que não nos faria engordar, três rios onde poderíamos brincar de mergulhar o quanto quiséssemos. Pensem em como seria maravilhoso dar um grande abraço em um ser estranho que nominaríamos de leão depois de brincar com ele um bocado.

O plano era lindo. Era vida rica, vida em abundância, vida agradável, vida de verdade.

Então começamos a pensar: será que não deveríamos saber mais do que sabemos, ter mais do que temos, ser mais do que já somos?

Perdemos o melhor de tudo: as visitas no jardim. Era tão natural: sentaríamos juntos, veríamos o pôr-do-sol, comeríamos um morango fresco e riríamos muito. Ele nos contaria muito do que sabe, aos poucos, é claro. E nós deitaríamos no seu colo e perguntaríamos a Ele se poderíamos voar um pouquinho mais tarde com Sua companhia, é claro.

Desconfiamos dEle, tivemos vergonha. Escondemo-nos atrás de uma árvore e Ele precisou perguntar: onde está você? E respondemos: tive medo, por isso me escondi.

Tenho certeza de que se tivéssemos corrido ao Seu encontro pedindo desculpas, chorando, pedindo ajuda, teria nos dado uma nova chance. E não fugimos uma vez só. De pouco a pouco, fomos nos distanciando, nos distanciando, parecia um caminho sem volta. Nós o tiramos completamente da nossa vida. Queríamos ainda nos relacionar com Ele, nosso interior sempre clamou por Ele, mas estabelecemos regras para o nosso convívio. Que venha apenas quando chamarmos, que responda somente ao que pedirmos e seja discreto, não interfira.

Chega o momento mais fantástico da história. Ele veio para dizer que sempre nos amou, decidido a provar-nos que faria qualquer sacrifício para resgatar o que um dia foi perdido. Não dissemos que queríamos o Seu amor. Nós O esmagamos, O moemos, cuspimos nEle, descremos, dissemos que estava possuído por um demônio, quisemos Suas bênçãos, mas não Seus ensinos e Sua companhia. E isso não fez para Ele a menor diferença. Não se mostrou ofendido com o nosso descaso. Fez-nos propostas inimagináveis: Vinde a mim todos vós, que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei (MT 11.28).

Foi até as últimas consequências por nos amar. Suportou a mais estúpida de todas as humilhações sem fazer qualquer comentário, a cruz, onde disse: “Definitivamente eu o amo mesmo que você não me ame”.

Ainda hoje espera por nós com paciência, com amor, sem cobranças. Sofre quando O rejeitamos, mas aceita as nossas decisões.

Ah, espero ansiosa pelo dia em que nos encontraremos no jardim!

terça-feira, março 06, 2012

Fala sério!

Hoje, enquanto tomava café, ouvia a minha secretária falar sobre seus problemas, que, de fato, são bem grandes. A minha preocupação maior com respeito a ela não são as suas questões difíceis de resolver, mas sua dúvida cruel: e Deus, vai deixar tudo acontecer?

Entre nós, Deus tem uma péssima reputação. Se algo vai mal, pensamos: ou Deus deixou, ou Deus quis, ou Deus mandou o mal, ou Deus nos puniu para nos corrigir, ou Deus não se importa, ou Deus é fogo consumidor... Uma das questões dela era muito interessante: “Meu marido não dá o dízimo, eu dou e estou sendo punida por causa da infidelidade dele”. Fala sério. Vou evitar comentar o que penso a respeito.

A melhor pessoa para falar acerca do caráter de uma outra é aquela que anda mais perto. No caso dos maridos, a esposa; no caso dos pais, os filhos; no caso do funcionário, o chefe – e vice-versa em todos os casos. Então, quem melhor para falar de Deus do que o Seu próprio Filho, que conviveu com Ele desde o princípio e que foi enviado pelo Próprio para uma missão duríssima?

Vamos lá. O que Jesus diz a respeito do Pai dEle (meu também e espero que seu)?

Tenho uma admiração para lá de profunda por Jesus. E não é pelo que me contam dEle, mas pelo que eu mesmo descubro cada vez que leio a Sua Palavra. Não há coisa melhor para conhecer alguém do que ouvi-lO falar. Infelizmente, ouvimos muito mais o que outros dizem a respeito de Deus (pastores, padres, profetas etc.) do que a Sua Palavra, que é, na verdade, Ele mesmo. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus (Jo 1.1). O que os outros falam de Jesus pode ser parcialmente verdade. Mesmo que muito bem intencionados, todos vemos as pessoas e o mundo sob o prisma da nossa própria experiência, dos nossos conceitos e preconceitos. Valorizamos características diferentes, apreciamos coisas diferentes. O que chama a sua atenção pode não chamar a minha.

O que a Bíblia diz de Jesus é de chorar. Como Ele era amoroso, dedicado, abnegado, disponível! Fico impressionada cada vez que leio os evangelhos em ver como Ele tinha paciência de estar com as pessoas, que o sugavam a ponto de não dar-Lhe tempo nem para comer. E os que O seguiam normalmente não eram os mais agradáveis, polidos ou ricos. Imaginem o que é estar entre doentes, especialmente leprosos, e endemoninhados! E olhem só o que está escrito: Muitos o seguiram, e a todos ele curou (Mt 12.15).

Mesmo sendo uma pessoa tão extraordinária, quando questionado por um homem rico que, também admirado com sua doçura, O chamou de bom, Jesus respondeu: Por que me chamas bom?Não há bom senão um só, que é Deus (Mt 19.17). Enquanto caminhava na terra com sua vestimenta humana, Jesus não admitiu ser comparado a Deus. Gostaria de “traduzir” o que Ele disse assim: “Se você me acha bom, imagine Deus”!

Sei que você, se está na condição de pai ou mãe, certamente tenta ser o melhor possível. Há bons pais. Há ótimos pais como os meus. Mas não se comparam a Deus. Deus é amor (I Jo 4.8). Gosto desse texto. Quando pedimos para que definam uma pessoa em uma só palavra nunca ouvi alguém dizer: “Fulano é amor”. Deus não TEM amor, Ele É amor. Que maravilha!

Se Deus é amor e se você acredita nisso, como pode pensar que Ele se alegra com o seu mal ou que o envia como punição? Se Deus é amor e você acredita nisso, como pode pensar que Ele, em toda a Sua gloriosa riqueza, deixaria de abençoá-lo porque você não devolveu o dízimo? Se Deus é amor e você acredita nisso, como pode pensar que Ele é o responsável por alguma coisa ruim?

No minha modesta bondade de mãe, amo os meus filhos e daria minha vida por eles; facilito a vida deles ao máximo; procuro todo tempo vê-los felizes; tento estar à disposição o mais que posso; ouço suas histórias com interesse; acompanho o dia a dia bem de perto... E olha que erro muito. Minhas boas intenções são totalmente insuficientes.

O nosso Pai é pleno de amor e de misericórdia, não erra nunca, está sempre disponível, tem todo o interesse por nós, deu sua vida para salvar-nos, está conosco todos os dias, tem a nosso respeito pensamentos de paz e não de mal, está preparando um lugar maravilhoso onde irá nos receber, mas, enquanto isso, não nos deixou sós. Deu-nos a doce companhia do Seu Espírito. Aleluia!

Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lho pedirem? (Mt 7.11) Em outra versão está escrito: Dará o Espírito Santo aos que lho pedirem, que é o melhor presente que podemos receber.

Pense melhor. Conheça a Deus pessoalmente e não de ouvir falar, porque, o que falam dEle por aí... Fala sério!

segunda-feira, março 05, 2012

Parece difícil, mas não é.

Sou uma feliz mãe de dois filhos. Tenho por eles um amor descomunal, desesperador, louco – os adjetivos são dessa ordem mesmo. O amor de uma mãe pelos filhos é inexplicável. E se eu consigo amar tanto assim, fico imaginando o amor de Deus, que não é como o meu, imperfeito. Deus ama plenamente, intensamente, sacrificialmente e todos os bons “mentes” que você quiser acrescentar aqui.

Por amar tanto os meus filhos, eu os ensino. Parecem regras, parecem chatas, parecem de mau gosto, mas, na verdade, não o são. Os pais falam “não” mil vezes aos seus bebês quando querem pôr o dedo na tomada sem a intenção de acabar com sua deliciosa exploração do mundo. Queremos mesmo é protegê-los de perigos que podem ser fatais.

Tenho introduzido certas disciplinas na minha casa. E não é fácil. Este fim de semana, meu filho entrou no chuveiro e saiu sem nem mesmo passar sabonete (espero que ele não odeie estes posts um dia!). Ele ainda não é maduro o suficiente para se deliciar com um bom banho, um condicionador gostoso, uma água quentinha.

Nossa vida espiritual é muito semelhante. É preciso maturidade e disciplina, muita disciplina até que se possa ter como prazeroso o hábito de obedecer. Veja que não estou falando ato, mas hábito. As pessoas que criam hábitos saudáveis vivem melhor. Tenho descoberto um prazer enorme na comunhão com Deus. E não começou de um dia para o outro, mas tem se desenvolvido com muita disciplina. Comecei a praticar a oração e a leitura da Bíblia como uma obrigação diária, mais uma daquelas que todos temos. O que fazer para ajudar a tornar a obrigação menos "penosa"? Passei a andar com pessoas que faziam dessa prática a sua vida. Andei com uma parceira de oração fantástica, que me ensinou não só a orar, mas a gostar de orar. É por isso que consigo acreditar que um dia é possível conseguir gostar de malhar. Tenho uma inveja santa, se é que isso existe, de quem gosta de malhar. Uma coisa é fazer, outra é gostar de fazer. Vou na marra, mas ainda odeio. Agora admito: é possível aprender a gostar.

Muitos pensam que orar, ler a Bíblia e obedecer-lhe é um grande fardo. Veem os mandamentos como uma série de “não faça”, “não prove”, “não toque”. Não conseguem descobrir o prazer que há na obediência. Prazer? É. E enorme. A Bíblia garante: Porque este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos (I Jo 5.3). Depois que a disciplina está internalizada, é extremamente prazeroso praticá-la. Realmente não é mais penoso.

Se as nossas disciplinas do dia a dia são importantes, imaginem as disciplinas espirituais. Leia o que Paulo disse a respeito: Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir (I Tm 4:8). O exercício físico ajuda na minha saúde, mas um dia este corpo em que habito vai ficar por aqui. Por outro lado, a comunhão com Deus vai me levar ao céu, onde habitarei eternamente numa alegria indizível.

Posso garantir que começa sofrido, mas depois de internalizado ansiamos pelo que é habitual. Já esteve na rua desesperado por chegar a casa tomar um bom banho e calçar o chinelo? Pois posso garantir que, se você desenvolver o hábito, for devagar e sempre, todo dia, de pouco a pouco, desejará intensamente parar tudo e ter um tempo a sós com Deus, amará ler a Bíblia (muito mais do que ler qualquer outro livro) e obedecerá com alegria, sabendo que a vontade de Deus é sempre o melhor.

E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus (Rm 12:2). Deus tem uma vontade boa, perfeita e agradável para você. Melhor do que tomar banho e ter dentes limpos, melhor do que comer uma boa refeição, muito melhor do que se achar magrinha porque está malhando pesado e fechando a boca.

Vamos lá. Discipline-se. Parece difícil, mas não é.