segunda-feira, outubro 25, 2010

Sejamos humildes!

Amo ler a Bíblia, pois as coisas que aprendo são impagáveis. Tenho descoberto que a nossa responsabilidade nesta terra é muito maior do que sequer podemos supor. Deus interfere muito pouco. Na verdade, somente quando pedimos ou quando tentamos ferir frontalmente Seu propósito. Ele reina absoluto e nada nem ninguém pode mudar isso. Jó entendeu isso, por isso disse: Bem sei que tudo podes, e que nenhum dos teus planos pode ser frustrado (Jo 42.2).
Deus age na terra através dos homens. Desde o Éden, deu a nós o poder dever de dominar. A terra tem leis próprias e nós devemos conhecê-las, compreendê-las, respeitá-las.
O serviço que o Senhor deu aos homens é por demais interessante. Mesmo sem termos visto a Deus, somos Seus representantes. Falamos em Seu nome, agimos em Seu nome, recebemos o Seu nome e somos chamados povo dEle. Nós somos raça eleita, sacerdócio real, povo de propriedade exclusiva de Deus. Nós somos herdeiros de tudo o que é dEle, co-herdeiros com Cristo. Somos filhos de Deus e irmãos de Jesus e a própria Bíblia afirma que o trabalho que nós devemos executar os anjos quiseram muito realizar, mas Ele não lhes permitiu.
Para usufruir do que Cristo nos garante é necessário uma dose grande de humildade. Essa foi a minha descoberta de hoje. Queremos muito receber presentes de Deus, coisas vindas diretamente dos anjos, ser ensinados apenas pela voz do Espírito Santo, mas aprouve a Deus fazer com que homens ensinem a homens. Ele poderia muito bem ter enterrado um exemplar da Bíblia em qualquer lugar e esta ter sido escrita por Sua própria mão, mas não foi assim. Escolheu homens, entregou a eles Seu recado e fê-los repassar seus decretos, mandamentos e estatutos de forma que chegassem até nós. Cabe a nós acreditar ou não que a Escritura, apesar de ter sido escrita por muitos homens, foi divinamente inspirada.
Na nossa vida também, Ele escolheu pessoas para nos treinarem. Podemos nos rebelar contra elas e simplesmente não aceitar o treinamento ou podemos reconhecer Deus nelas e humildemente aprender. E com quem aprender? Quem são esses ministros de Deus enviados para nos treinar? Todas as autoridades que estão sobre nós, crentes ou ímpias. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem (Rm 13).
Olhe só como são as coisas. Deus escolheu Jetro como mentor de Moisés e este sabiamente se submeteu. No livro de Êxodo, está escrito que Moisés ficou por quarenta anos morando com Jetro, que se tornou seu sogro, e que foi nesse treinamento que ele adquiriu a mansidão que se tornou posteriormente sua marca característica. Um dado que achei bem interessante foi ver que Moisés se tornou pastor das ovelhas de Jetro. Na verdade, parece que essa escola de pastor de ovelhas é muitíssimo poderosa. Jacó foi pastor, Davi foi pastor, Moisés foi pastor. Interessante, não é?
Quando Moisés teve problemas com o povo, Deus poderia tê-lo ensinado pessoalmente, por meio de um anjo, poderia ter escolhido qualquer pessoa do povo, mas quem foi que Ele enviou ao deserto especialmente para ensinar Moisés a liderar? Exatamente. Enviou Jetro. Foi muito interessante ver que ele aparece no capítulo dezoito especificamente para mostrar a Moisés como liderar e rememorar algo que ele já deveria saber. Jetro diz a Moisés para levantar pessoas para ajudá-lo no trabalho, gente temente a Deus e confiável e para estar mais envolvido com Deus do que com o povo. O Senhor não usou alguém hierarquicamente inferior a Moisés, mas a lição veio por meio de alguém maior na cadeia de autoridade.
O que Jetro ensinou a Moisés eu também precisava aprender. Quem lidera precisa estar mais envolvido com Deus do que com o povo, pois é dEle que vêm as estratégias, o preparo psicológico, espiritual, emocional para lidar com o povo. Quem está muito perto do povo e longe de Deus, principalmente se tem ministério, se exerce liderança, sofre muito. Ser líder é complicado.
Sei que este post está muito grande. Agora é hora de terminar falando do que aprendi. Normalmente Deus lida conosco através das autoridades que constituiu sobre nós. Como diz a Bíblia, as autoridades são ministros de Deus para nós. As lições que Ele quer nos dar vêm normalmente delas. É preciso humildade para aprender com o pai e a mãe, com o marido, com o patrão, com o governador, o ministro, o presidente, o líder de ministério, o pastor.
Sejamos humildes!

segunda-feira, outubro 18, 2010

Grande Tesouro

Ensina-nos a contar os nossos dias, de forma que alcancemos coração sábio (Sl 90.12).


      Como todos podem perceber, gosto muito de escrever. Esse não é um hobby que desenvolvo desde o advento dos blogs, mas é coisa antiga, feita por puro prazer.
Hoje precisei encontrar alguns documentos que guardo na minha gaveta do serviço e aproveitei para fazer aquela faxina. Em meio a muitos papeis inúteis como solicitações de férias que já gozei, formulários de auxílio-creche que nem tenho mais e uma papelada sem fim de manuais de instrução para disciplinar meu serviço, encontrei muitas páginas de um diário que escrevo desde 2005 ou um pouco antes.
Não resisti e dei uma olhadinha em alguns cujo cabeçalho me interessava muito. Eram memórias do primeiro dia de aula de bateria dos meninos, do dia em que o Ricardo deixou seu serviço na Câmara dos Deputados, onde trabalhamos juntos por muitos anos, reflexões sobre minha vida ministerial, lembranças do dia do aniversário dos meninos. São os meus maiores tesouros.
Tenho poucas joias e algumas coisinhas de valor, mas nada se compara ao tesouro que está na minha gaveta e pretendo arrumar um jeito de guardar.
Eu também tinha um arquivo no meu computador onde escrevia as gracinhas dos meninos, coisas como a perguntinha básica da Juju quando ela era bem pequena e ficou doente e resolvi administrar um remédio. Em meio à revolta por ter de beber, perguntou: “Mamãe, por que eu não gosto se eu vou beber”? Nesse computador estavam as coisas mais engraçadas que eles me diziam. Infelizmente perdi toda a memória do aparelho e ficou por aí, no esquecimento. Que pena!
A Bíblia nos diz para contarmos os nossos dias. E essa contagem não diz respeito a dizer: “Já vivi 20.334 dias”. Absolutamente. Diz respeito a ter histórias, ter memórias, fazer de cada dia um tempo significativo. Acho até que já escrevi sobre isso no outro blog que eu tinha e desfiz. Qualquer hora organizo todos os textos neste blog aqui, de que gosto mais.
A vida passa muito rápido. Nossa memória nos engana e muitas vezes nos esquecemos de que os dias não se repetem. Como é importante ter momentos que fiquem para sempre registrados!
Gostaria de incentivá-la a escrever suas memórias. Você não tem ideia de como é bom ler coisas antigas. Imagino que será igualmente bom para a Juju e para o Victor ler suas histórias. Essas memórias são um grande tesouro. Espero ser muito, muito rica.

sábado, outubro 16, 2010

Antes que Eles Cresçam

Recebi este texto há quase quatro anos e guardei numa folhinha. Hoje o encontrei e resolvi compartilhar com vocês aqui. Espero que gostem.

Antes que eles cresçam

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença.
Mas não crescem todos os dias de igual maneira; crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde é que andou crescendo aquela danadinha, que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?
A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica, desobediência civil. E agora você está ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Entre hambúrgueres e refrigerantes lá estão nossos filhos, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros nus, ou, então, com a blusa amarrada. Está quente, achamos que vão estragar a blusa, mas não tem jeito, é o emblema da geração.
Pois ali estamos, com os cabelos já embranquecidos. Esses são só filhos que conseguimos gerar apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e das ditaduras das horas.
E eles crescem meio amestrados, observando nossos muitos erros.
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.
Não mais os colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, do inglês, da natação, do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante das próprias vidas.
Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer, para ouvirmos sua alma respirando conversas e confidências entre os lençois da infância e o adolescente cobertor, naquele quarto cheio de adesivos, posters, agendas coloridas e discos ensurdecedores.
Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.
O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.
Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais antes que eles cresçam.
Autor: Affonso Romano.

sexta-feira, outubro 15, 2010

Eu, uma Rainha?

Estava assistindo a um concurso recentemente cujo escopo era transformar meninas bem pobres em top models. Logo que eram escolhidas, começava a preparação, uma grande transformação: pele, cabelo, maquiagem, depilações, roupas, postura, quanta coisa precisava ser mudada! Quando terminavam tudo, nem pareciam a mesma pessoa. Confesso que amo isso. Como gosto de ver esses programas que fazem transformação. Como me divirto em ver o antes e o depois!
Esse programa que eu vi teve algo de muito emocionante. Quando as duas últimas classificadas concorriam pela última vaga, a apresentadora falou para uma das meninas: “Como você teve coragem de dizer ao maquiador que ele “até que” era bom? Isso é um insulto. É claro que ele é bom”. Com essa, é claro que a menina perdeu. Consideraram uma ofensa o que ela disse e, embora ela fosse lindíssima, não houve jeito. Acho que ela jamais se esquecerá disso. O que mais me dá pena é pensar que ela deve estar achando que perdeu por causa do que disse.
Penso que um dos sinais de que estamos crescendo espiritualmente é o desenvolvimento da habilidade de bem falar. Embora eu lute contra o meu desejo de falar mais do que devo, frequentemente vejo que não venço. A língua é um inimigo difícil de ser vencido apenas com o nosso esforço. Faz parte do Evangelho a mudança no falar.
Depois que li o livro de Tiago, comecei a entender melhor esse assunto. Lá diz que a língua é indomável a qualquer homem: A língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero (Ti 3.8). Depois que li isso, entendi que algumas lutas são simplesmente impossíveis de serem vencidas na nossa força. Não adianta treinamento, aparato de guerra; é necessário contar com a ajuda sobrenatural do Espírito Santo. Então comecei a orar, pedindo ao Senhor que a domine por mim.
Deus está preparando uma noiva para se casar com Seu Filho e essa noiva sou eu. E para comparecer ao palácio ou, melhor, para reinar nele é preciso aprender o protocolo. Quanto mais chique, quanto mais poderoso o palácio, mais difícil o protocolo. Se você tivesse que comparecer hoje diante da Rainha da Inglaterra, acha que saberia como se comportar? Saberia andar, comer, beber, falar, ouvir? De que assuntos trataria? O que faria primeiro?
Talvez você esteja se perguntando o que tudo isso tem a ver com o assunto da top model. Explico já. Na verdade, muitas delas poderiam dizer: “Essa aí não sou mais eu. Estão exigindo mudanças demais em mim”! É verdade. Querem pegar alguém que num dia é ninguém e transformar na top model. O mesmo acontece comigo. Deus quer pegar uma mulher que vive em um mundo que nem de longe pode se parecer com o reino de Deus e transformá-la na rainha desse Seu reino. Não serei uma serva do palácio, mas a própria rainha. Você já pensou nisso?
Não sei de quanta mudança você precisa, mas sei que alguém que estava acostumada com o império porque vivia em volta dele precisou de doze meses de aulas apenas para comparecer diante do rei. Ester precisou mudar de roupas, de comportamento, perder o sotaque de judia, mudar até mesmo o seu próprio cheiro. Foram doze meses tomando banho em sais aromáticos para a garantia de apenas uma noite com o rei.
Se eu considerar a grandeza do Rei de quem serei esposa, deverei admitir que as mudanças de que preciso são muitas. Confesso que não sei pensar, me comportar, ouvir, andar como uma rainha. Quanta coisa precisa mudar! Sobre que assuntos as rainhas conversam? Quais são seus interesses? Que tipo de pensamentos permeiam sua mente? Que tipo de roupas vestem?
Depois de refletir sobre o comportamento de Ester, fico um pouco mais tranquila. Na verdade, nada diz respeito a ela mesma; tudo diz respeito ao rei. Quando ofereceram a ela a joia que quisesse, a roupa que quisesse para comparecer diante do soberano tudo o que ela fez foi acreditar no bom gosto do camareiro. Eu também tenho um Camareiro que está me preparando. Às vezes luto com Ele, insisto para fazer diferente ou simplesmente ajo do meu jeito, mas Ele tem sido extremamente delicado e paciente. Ah, Espírito Santo, obrigada por ser o meu Orientador!
Quando entendermos que tudo na nossa vida não diz respeito a nós próprias, mas a Deus, tudo mudará. Não se trata de escolher a roupa de que mais gostamos, o perfume mais delicado, o assunto mais agradável, mas de desejar e fazer aquilo que agrada o Rei. Para passar mais do que uma noite no palácio, Ester tinha que agradar muito o rei e ninguém melhor do que o Espírito Santo, nosso Camareiro, que O conhece perfeitamente porque é um com Ele, para nos ensinar todas as coisas. Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas (Jo 14:26).
Espírito Santo, eu quero ser transformada numa rainha!

quinta-feira, outubro 14, 2010

A História de Lia

Devo cumprir a promessa que fiz aqui no blog de falar sobre Lia. Encontrei com a Débora e ela me cobrou, então vamos lá.
Quem lê Bíblia sabe que Raquel foi chamada de linda, viveu uma história emocionante com Jacó, um homem que trabalhou por ela durante sete anos. Não houve momento em sua vida que Jacó não reafirmasse seu amor. O livro de Gênesis fala sobre como ela era preferida por ele todo tempo.
Para Lia, irmã mais velha de Raquel, sobrou apenas o adjetivo de uma mulher de “olhos baços”. Não é uma característica que eu gostaria de ter na minha biografia. Ela não foi amada hora alguma. Foi tão vítima quanto Raquel de uma história muito triste. Em um só golpe, seu pai feriu suas duas filhas: prendeu Lia em um casamento que nunca foi de verdade e frustrou os sonhos alimentados por Raquel durante sete anos. Ambas foram vítimas, ambas sofreram.
Já falei aqui sobre a postura de Raquel, sobre como essa história fez dela uma mulher amarga apesar de ser muito amada por seu marido. Agora é hora de falar sobre Lia. Quanta grandeza habitava nela! Não é à-toa que ela foi mãe dos filhos mais admiráveis de Jacó: o antecessor de Jesus, Judá; o pai dos sacerdotes e levitas, Levi.
A história dessa grande mulher foi complicada. Sabemos que sempre há uma certa competição entre irmãos. Tenho dois filhos que se comportam muitas vezes como gato e rato. Isso faz bem, faz parte do treinamento da vida, afinal o mundo é extremamente competitivo. A convivência com uma irmã magoada não deve ter sido nada fácil.
A Bíblia conta que Lia foi preterida por seu marido e tentou tanto quanto pôde fazer com que este a amasse dando-lhe tantos filhos quanto possível. Pense em como deve ter sido saber que não se é amada e ver os olhos de paixão estampados na face do seu marido e de sua irmã. Como deve ter sido duro ser uma pedra no caminho do casal apaixonado. Como deve ter doído implorar por uma noite com seu marido ou até mesmo ter de pagar por ela.
Ao que tudo indica, ter muitos filhos não funcionou, pois até o fim Lia esperou que Jacó se unisse a ela, mas ela tinha uma semente maravilhosa dentro de si, a semente da gratidão. Apesar dessa história tão complicada, Lia nos dá um grande exemplo. No nascimento de seu quarto filho, ela lhe deu o nome de Judá, que quer dizer louvor. Ela apenas louvou ao Senhor. Tentou, tentou, tentou ser amada, mas venceu a sua própria dor: esqueceu de si mesma e louvou ao Senhor. O nome de todos os filhos anteriores significava “meu marido vai se unir a mim”, "agora meu marido vai me amar”... No final, ela desiste disso e resolve apenas louvar.
Muitas vezes, para louvar é preciso esquecer a nossa própria dor. É exatamente isso o que Jesus disse aos seus discípulos: “Quem quiser vir após mim deve negar a si mesmo, tomar a sua cruz e me seguir”. Não acho que a cruz de Lia tenha sido menor do que a cruz de Raquel. Cada uma carregava a sua própria dor, mas Lia conseguiu ir além e ser feliz apesar de. Realmente ela era uma mulher formidável.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Grupo Estilo De Vida - É Noite




Aqui está um vídeo de alguns anos atrás. Para quem não sabe, o baterista é o meu maridinho e este é o grupo no qual ele tocava. É um clipe bastante antigo, mas a música é maravilhosa e vale a pena assistir. Tenham um bom dia! 

quarta-feira, outubro 06, 2010

Pegadinha

Sou uma grande privilegiada por ter nascido num lar cristão. Reconheço que isso me poupou de muita desilusão. Conhecer a Deus, estar cercada de pessoas que desejam amá-lO de todo o coração e desenvolver disciplinas espirituais cedo são experiências fantásticas. Não sei se estou correta ou se você concordará comigo, mas, graças a Deus!, penso que o nível de revelação no meio evangélico cresceu muito.
Aprendi a temer e a ter medo de Deus na mesma medida, sobretudo de Sua vontade. Era difícil crer que a vontade de Deus era boa, perfeita e agradável. Na minha adolescência, pensava que tudo o que parecia ser bom era proibido. Graças a Deus fui uma garota obediente! Acreditava que a minha mãe sabia o que era melhor, e, mesmo quando não concordava, frequentemente obedecia. Hoje sei que ela tinha razão.
Assim é a Bíblia. Não mente, mas é necessário maturidade, experiência e revelação para entendê-la. Se diz que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável é porque assim o é.
Lembro-me de ouvir pessoas dizerem que, se você não quiser uma coisa, é exatamente isso que Deus quererá para você. Assim traduziam o desafio de morrer para si mesmo e fazer o que o Senhor quer. Hoje entendo como essa visão estava errada.
Deus tem um propósito para cada pessoa e não uma pegadinha. Ele colocou dentro de nós tudo o que é necessário para que cumpramos esse propósito, mesmo que, aparentemente, não estejamos compreendendo absolutamente nada. Na verdade, estamos cumprindo o propósito a cada dia que vivemos em obediência. Estamos sendo conduzidos exatamente àquilo que Ele quer ternamente, com carinho, com brandura. Como diz o Salmo 23, Ele nos guia mansamente a águas tranquilas e, nesse caminho, refrigera a nossa alma.
Não estamos vivendo uma grande pegadinha, estamos cumprindo o propósito se não estivermos nos rebelando contra o Senhor. Mesmo que não pareça, mesmo que seja difícil entender, a obediência leva a uma vida com significado.
José é prova do que digo. O relato de sua biografia começa com seus dezessete anos, um menino que falava demais e que tinha sonhos espetaculares. Era uma pessoa grandiosa desde adolescente. E a Bíblia vai relatando como essa grandeza culmina na entrega a ele de todo o antigo Egito para que se tornasse o maioral, ele que não era egípcio nem filho de Faraó. Aparentemente era tudo muito estranho: lutar com seus irmãos, ser enviado para a casa de um oficial de Faraó, acusado de sedução, lançado na prisão até chegar ao palácio que era, desde o princípio, o seu destino. Confesso que achava essa história muito estranha. Para que sofrer tanto? Mas quanto mais leio, mais aprendo.
Ninguém pode governar uma nação sem ter governado uma casa. Por isso foi enviado à casa de Potifar. Lá ele convivia com pessoas boas, vivia no bem bom, trabalhava bastante, mas era recompensado. Fazia parte do treinamento obedecer às ordens de Potifar e dar ordens a seus empregados, cuidar das coisas do patrão e fazê-lo prosperar, enfrentar o que lhe era proibido – sua mulher – e ser honesto no que lhe era permitido – todos os seus bens.
Também fazia parte do treinamento lidar com a escória, com quem não havia uma relação de autoridade. Na casa de Potifar, ele era o administrador. Na prisão, era um igual a todos. Teria de se elevar, de impor sua autoridade em outras bases. Não adiantava tentar mandar, teria de se fazer respeitar.
É aí que se vê que a grandeza que está dentro de nós ninguém mata. Embora fosse funcionário de Potifar, não cabia nele o mesmo destino dos escravos; tornou-se o administrador. Da mesma forma, embora fosse prisioneiro, não cabia nele esse destino – era o chefe dos prisioneiros e encarregado da prisão. E tudo fazia parte do treinamento. Aprendeu a lidar com o melhor e com o pior da sociedade.
Posso viver mais tranquila, sabendo que estou cumprindo o meu propósito a cada dia, sendo encaminhada por Deus para onde Ele quer me levar. Se eu simplesmente obedecer às suas ordens, seja na prisão, seja no palácio, seja em casa, seja na igreja, tudo contribuirá para o meu bem. Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28).

terça-feira, outubro 05, 2010

Conto de Fadas ao Contrário

Todas as mulheres sonham viver seu conto de fadas: entrar na igreja em seu lindo vestido que de tão branco reluz, numa festa glamourosa, rodeada de amigos no dia mais feliz de sua vida. Então, em meio a lindas canções, se unirá ao príncipe encantado com quem viverá feliz para sempre. Imagine como deve ser viver isso depois de sete longos anos de espera!
Pensar nisso me levou a admirar imensamente uma personagem bíblica e mais ainda o próprio livro que conta essa história. A Bíblia contém realmente relatos impressionantes. Por que será que Deus deixou contar coisas tão dramáticas?
Na verdade, a história a que faço referência é a antítese disso aí. Como eu disse no post anterior, parece que as famílias do gênesis eram por demais complicadas. Voltei do trabalho hoje pensando na história de Lia e Raquel, em que partido eu tomaria: se seria a favor de Raquel, a pobre estéril, ou de Lia, a esposa mal amada. Difícil.
Raquel viveu o oposto da narrativa aí de cima. Conheceu seu príncipe Jacó e se apaixonaram. Ele pediu sua mão e ficou combinado que esta só seria dada depois de sete anos. Que longa espera para um casal que se ama! Então chega o grande dia, na verdade, aquele que marcaria para sempre a sua vida, mas não para o bem; para o mal.
Não consigo nem pensar em Raquel trancada em algum lugar, sabendo que sua irmã estava sendo preparada para se casar com o amor da sua vida por causa de uma trama ardilosa de seu pai. Eu a imagino tentando gritar, orando para que Deus avisasse a Jacó para prestar atenção, pois teria havido um engano que poderia mudar para sempre a sua vida. Ao mesmo tempo, seu pai sorria por “ser um cara tão esperto”.
Penso no quanto Raquel torceu para que Jacó estivesse suficientemente atento para reconhecer que estava com Lia e não com ela e repudiá-la ou exageradamente bêbado para não conseguir fazer absolutamente nada na sua noite de núpcias. Expectativa frustrada. Quanta dor, quanta decepção, que traição! Quanta lágrima deve ter vertido Raquel!
Depois dessa experiência acho que ela nunca mais foi a mesma. As festas de casamento naquela época duravam sete dias. Labão, seu pai, resolveu dá-la em casamento a Jacó depois desses dias e não se sabe se Raquel teve uma outra festa ou se simplesmente foi entregue ao marido de sua irmã.
Os próximos relatos a respeito de Raquel e Lia são recheados de decepções e intrigas. Como eu já disse, o livro de Gênesis relata grandes tragédias familiares.
O que estou aprendendo com isso? Acho que tenho crescido em compaixão. Lendo de novo essa história esta tarde, tive vontade de chorar pensando no que sentiu Raquel. No próximo post falarei um pouco de Lia também, para quem a vida não foi nada fácil, mas este aqui é sobre Raquel.
Já ouvi muitas mensagens falando sobre a maldade de Raquel e também sobre Lia. Hoje confesso que não gostaria de ouvir falar mal de qualquer das duas. É muito sofrimento na família! O fato é que Raquel ficou um pouco amarga com essa experiência, mas ela tinha uma compensação: seu marido a amava e muito. Só não sei dizer se esse amor foi suficiente para fazê-la superar essa dor. Para completar, tinha que seguir a saga das grandes mulheres do Gênesis: era estéril, assim como Rebeca e Sara, suas antecessoras.
Mesmo tendo tido uma história um pouco triste e aparentemente não superado completamente seu passado, Deus a cita no Novo Testamento. É lindo ver como Deus pega pessoas tão imperfeitas, tão maltratadas pela vida e as inclui na Sua grande história. Isso nos faz ver que ninguém para ele é desprezível, que história alguma é descartável ou capaz de frustrar Seus propósitos ou alterar Seus planos. Qualquer pessoa cabe em Seus desígnios. Aliás, Ele nos escolheu, nos amou e nos resgatou sendo nós ainda pecadores. Deus é realmente extraordinário.
Raquel, você tem toda a minha admiração!

segunda-feira, outubro 04, 2010

Reparadora de Brechas


Às vezes, sei que sou repetitiva, mas não gosto de inventar assunto, prefiro falar sobre o que Deus tem me dito, sobre aquilo que está fresquinho na minha mente, nas minhas meditações diárias. Concluí hoje a leitura do livro de Gênesis, mas já determinada a reler. É um livro muito profundo e desta vez tive uma visão totalmente nova do seu conteúdo.
       Eu resumiria o assunto do livro hoje em "a história de famílias fracassadas e de um Deus amoroso que, apesar de tudo, não muda Seus planos". É claro que minha visão sobre isso pode e deve mudar, mas estou muito interessada nos assuntos de família.
      Há tempos venho orando para que Deus restaure em mim o “projeto original”. Quero ser a pessoa que o Senhor projetou, ter a família com a qual Ele sonhou, cumprir Seu propósito na íntegra.
Lembro-me da virada que tive na minha vida espiritual. Foi no dia em que um texto da palavra saltou aos meus olhos e ficou grudado na minha mente e no meu coração. Hoje ouso dizer que este é o texto da minha vida: Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamada reparadora de brechas e restauradora de veredas para que o país se torne habitável (Is 58:12). Quando uma palavra salta aos olhos e vira vida em você, tudo muda. Sua vida muda, sua perspectiva muda, sua visão muda, seus sonhos mudam...
Deus planejou uma família feliz num lugar perfeito. Depois da queda, vemos uma sucessão de desastres: assassinato, esterilidade, traições, sodomia, rivalidade e tudo isso em família. Como eu já disse, as batalhas mais acirradas, as disputas mais dolorosas, as acusações mais devastadoras se dão no seio da família. Mas se sobrevivemos a ela, tudo fica mais fácil.
Herdei muitas coisas: características físicas e psicológicas, mas também muitas coisas espirituais. A forma como lido com meus limites, com a minha família e com o mundo tem muito a ver com o que aprendi com os meus pais, com o que vi, com o que deixei internalizar, com o que venho permitindo que se perpetue. Sei que não posso mudar nada do que eu não esteja disposta a confrontar. É por isso que muita gente vai à igreja, mas não muda. Para haver mudança é preciso cumprir o texto de Tiago 1.21: Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. Se a palavra não entra, não é bem recebida, não pode frutificar. É preciso receber a palavra com mansidão e deixá-la frutificar. 
O livro de Gênesis, mais do que nunca, me chamou a atenção para o fato de que a minha responsabilidade vai muito além de mim mesma, atinge gerações. Uma coisa me intrigou muito no livro: as experiências repetidas. Se lermos a vida de Isaque e de Abraão, veremos como as experiências se repetiram, como lutaram contra os mesmos inimigos, enfrentaram os mesmos problemas. Abraão passou pelo Egito e mentiu a respeito de sua mulher; Isaque passou pelo Egito e cometeu o mesmo pecado Jacó foi rotulado como “o mentiroso, o enganador” e seus filhos mentiram para ele próprio quando venderam seu irmão José mas disseram ao pai que este havia morrido.
De outro lado, vê-se também a parte boa: Abraão era um pacificador. Fez de tudo para não ter confusão com Ló e com Abimeleque. Isaque fez o mesmo com o Abimeleque: abriu mão de poços que eram legitimamente seus para não criar confusão. Seu filho Jacó também evitou conflito com Labão o quanto pôde e foi muito simpático quando se reencontrou com seu irmão Esaú, fazendo o possível para se redimir e evitar novo conflito e José foi um homem de uma grandeza sem precedentes.
Tudo isso me faz refletir sobre propósito e sobre responsabilidade. Gosto de pensar na história da minha família e da família do Ric. Quero mesmo ser uma reparadora de brechas, alguém que deixou um legado de bênção. Outro dia vi a Juju fazendo uma birrinha lá em casa e me reconheci nela. Cheguei a dizer: “Sai de mim, Keilinha”. Ela não entendeu nada, mas eu entendi tudo.
O propósito de Deus é geracional. Seus planos não mudam. A promessa que estava sobre Abraão, estava sobre Isaque, sobre Jacó, sobre Boaz, sobre Davi, sobre Jesus, sobre Synésio, sobre mim. O desejo de Deus de que eu cresça, multiplique, prospere, seja abençoada e abençoe não mudou.
Eis-me aqui, Senhor, cumpra-se em mim a Tua vontade, que é boa, perfeita e agradável!