terça-feira, fevereiro 26, 2013

Nada de Covardia

Não há nada tão rico quanto estudar a Palavra de Deus. Nenhum recurso pode proporcionar maior riqueza do que comprar a própria sabedoria – Compra a verdade, e não a vendas; e também a sabedoria, a instrução e o entendimento (Pv 23:23). Invista em sabedoria este ano. Compre a verdade da Palavra de Deus. Como? Por todos os meios possíveis. Fale em línguas durante certo tempo todos os dias, ore pedindo sabedoria – E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada (Ti 1:5) –, leia a Bíblia com concentração, leia comentários bíblicos. Só por esses conselhos já fica claro que a sabedoria não é barata, mas, como diz o livro de Provérbios, nada se pode comparar a ela – Porque melhor é a sabedoria do que os rubis; e tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela (Pv 8:11); Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento; pois melhor é o lucro que ela dá do que o lucro da prata, e a sua renda do que o ouro (Pv 3:13-14).

Jesus é a sabedoria de Deus, a expressão exata do Pai. Ele não é como Deus; é o próprio Deus – O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa (Hb 1:3). Se você deseja ver a Deus, olhe para Jesus. Se deseja ver Jesus, olhe para Sua Palavra – Está vestido [Jesus] com um manto tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus (Ap 19:13).

Ler sobre o que Jesus fez me ensina o que fazer; ler o que Jesus disse me ensina o que dizer; ler a Bíblia me revela os pensamentos de Jesus, então, aprendo sobre o que pensar; ler sobre as reações de Jesus me ensina a disciplinar meus próprios sentimentos... Embora toda a Palavra de Deus seja Jesus, este ano estou me debruçando mais sobre os evangelhos. Como isso mudou a minha percepção! Como me tem feito me apaixonar ainda mais por Jesus!

Minha rasa leitura dos evangelhos dava-me a impressão de que Jesus era um pouco grosseiro, duro, inflexível. Um dia disse a Deus que precisava conhecer esse Deus Jesus que é – para mim deveria ser, porque eu não O via assim – amor. Como podia Ele responder aos fariseus como o fazia? Como poderia falar com Maria como fez por duas vezes? Então comprei comentários bíblicos dos evangelhos e entendi tanta coisa! Quantas vezes Ele foi testado, desafiado, descrido, maltratado e com quanta doçura respondeu a tudo isso! Isso vai me amaciando para a vida. Ah, como quero ser como Ele! Aliás, já o sou, mas ainda pela fé: Qual ele é, somos nós também neste mundo (I Jo 4:17).

Quero compartilhar com você algo muito simples que aprendi hoje e que talvez você o saiba faz tempo. O texto é este aqui: Os fariseus ouviram falar que Jesus estava fazendo e batizando mais discípulos do que João, embora não fosse Jesus quem batizasse, mas os seus discípulos. Quando o Senhor ficou sabendo disso, saiu da Judéia e voltou uma vez mais à Galiléia (Jo 4:1-3).

Estranho esse texto, não é? Ele quer dizer que Jesus saiu do lugar onde estava, deixou um trabalho maravilhoso que fazia, que era batizar pessoas, simplesmente porque soube que os fariseus sabiam que Ele batizava mais pessoas do que João. Precisamos entender o que há por trás desses versículos tão simples.

Jesus sempre soube o que deveria fazer, aonde deveria ir. Ninguém podia demovê-lo de seus propósitos. Certa vez, depois de fazer muitos milagres, retirou-se para orar e seus discípulos ficaram desesperados procurando por ele: E, ao encontrá-lo, disseram: "Todos estão te procurando!” Jesus respondeu: "Vamos para outro lugar, para os povoados vizinhos, para que também lá eu pregue. Foi para isso que eu vim” (Mc 1:37,38). Quem seria capaz de fazê-lo voltar? Ele já havia decidido aonde ir.

No texto em tela, Jesus parou de batizar quando soube que os fariseus tinham ouvido falar que ele batizava mais do que João. Quero lembrar que batismo é sinal externo de uma purificação interior que já se iniciou. O batismo já existia antes mesmo de João Batista. Era usado na conversão de prosélitos. E quem eram os prosélitos? Eram os gentios que decidiam viver como judeus. Antes de se tornarem praticantes da lei, aceitos na comunidade de Israel, tinham de descer às águas, evidenciando a todos que abriam mão de seus outros deuses, assumiam a responsabilidade de viver como um judeu em toda a extensão do que isso poderia significar, deixavam-se purificar de toda a “imundícia gentia”. Pouco tempo depois, João Batista começa a pregar um batismo não para a formação de prosélitos, mas para os próprios judeus. E eles precisavam ser batizados, precisavam de purificação? E como!

Jesus continua a prática da purificação através de seus discípulos. Ele também começa a purificar o povo, assim como João Batista vinha fazendo. Durante certo tempo, eles têm ministérios “concorrentes”, que não eram mesmo concorrentes porque João já havia dito que Ele era o Cordeiro de Deus, o Messias esperado. João já estava convicto de que ele diminuiria, sua influência seria menor e não estava nem um pouco preocupado com isso: Vocês mesmos são testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas sou aquele que foi enviado adiante dele. A noiva pertence ao noivo. O amigo que presta serviço ao noivo e que o atende e o ouve, enche-se de alegria quando ouve a voz do noivo. Esta é a minha alegria, que agora se completa. É necessário que ele cresça e que eu diminua (Jo 3:28-30).

Embora João tenha dito tudo isso a seus discípulos, estes não se conformaram. Queriam saber mais do que o seu mestre. Então começam a ficar entristecidos com o fato de Jesus batizar mais do que João. E os fariseus veem aí uma ótima oportunidade para começar uma confusão. Não criam no batismo de João, não criam no batismo de Jesus, mas a multidão cria. Gerar uma confusão a partir dos próprios melindres dos discípulos enfraqueceria a influência de ambos, daria início a uma disputa que não havia entre os dois, mas poderia deixar feridos. Quando sabe disso, Jesus sai de fininho.

Jesus amava a João, amava seus discípulos, amava as multidões. Então, abre mão de uma obra maravilhosa que estava fazendo. Todos saem perdendo, mas o reino sai ganhando.

Às vezes, isto é preciso na nossa vida: abrir mão de direitos, de coisas lícitas por amor a outros, para evitar confusões, para impedir a fofoca, até mesmo para nós não sofrermos. Se isso foi preciso para Jesus, quanto mais para nós! Ah, que coisa triste quando pessoas tentam nos envolver em conflitos quando esse não é nosso objetivo nem nossa vontade! E Jesus ensina aqui que, melhor do que insistir em ficar, sair de fininho pode ser uma atitude nobre.

O que para muitos pode parecer covardia para o Senhor pode ser nobreza de caráter.

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

A Vela

Existe uma escola filosófica chamada dualismo que concebe o mundo sob o prisma dos contrários. Para eles, há dois princípios, duas forças, duas realidades opostas e irreconciliáveis: luz e trevas, certo e errado, bem e mal, Deus e diabo.
Isso leva a pensar que se trata de forças iguais, de mesma intensidade, de mesmo poder, quando a realidade é muito diferente. Pensemos sobre esses opostos. Muitos cristãos ainda consideram necessário lutar contra as forças do mal. Veem Deus como numa guerra interminável contra o diabo, anjos com espadas reluzentes dispostos em fileiras prontos para o contra-ataque. Tudo isso é absurdo. O mesmo Deus que, a partir de Sua Palavra, criou tudo, sustenta todas as coisas – O qual [Jesus], sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder... (Hb 1.3) –, poderia a qualquer momento, pela mesma Palavra, fazer tudo deixar de existir. O diabo não é nem de longe páreo para o infinito poder de Deus. O Deus que tem poder para fazer tem poder para desfazer.

Somos filhos do Deus altíssimo e Ele nos concedeu Seu nome, Seu poder, Sua autoridade, uma grande herança. Veja que texto maravilhoso: E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça sobre graça (Jo 1:16). Todos recebemos da Sua plenitude. E aqui vai mais uma confirmação: Pois [Deus] não dá Deus o Espírito por medida (Jo 3:34). Não recebemos um pouquinho do Espírito Santo, uma pequena partícula do Seu poder. Recebemos da Sua plenitude, todo o Seu ser. Esse poder inimaginável habita inteiro, completo, pleno, total dentro de nós. Por acaso você tinha ideia de quão poderoso é?

Falemos um pouquinho sobre a luz. Pense numa casa que tem todas as suas luzes acesas. De repente, você resolve acender uma vela lá na cozinha. Faz diferença essa luz? Ah, faz. Aquele pequeno pontinho chama a atenção. Todos os que entram no cômodo logo olham para aquele clarão, que nem é tão útil quando há outros focos de luz, contudo não é imperceptível. Mas comece a apagar as luzes e verá que, quanto mais escuro, mais útil aquela vela. Quanto mais aumenta a escuridão, mais útil a luz se torna.

Veja o que Jesus disse a nosso respeito: Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa (Mt 5:14-15).

Aprendemos, não sei como e nem por que, que precisamos lutar contra o mal, estar armados até os dentes para, brandindo a nossa espada, conseguir vencer a guerra. Quem nunca ouviu falar de guerra espiritual? Mandam-nos conhecer o nosso inimigo, estudar sua forma de ação, prepararmo-nos para o confronto como se o adversário estivesse à nossa altura e pudesse nos vencer. De onde saiu isso? Assim como Jesus é, nós o somos neste mundo, é o que diz I Jo 4.17. A Palavra de Deus diz que as trevas não podem contra Jesus, assim como não podem nada – repito: nada – contra nós: E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela (Jo 1:5).

Não há correspondência entre a força das trevas e a força da luz. Na verdade, quanto mais densas as trevas, mais visível o poder da luz. Quando uma luz se acende, destrói completamente toda a escuridão. Infelizmente não é assim que pensamos, não é assim que nos sentimos. Consideramos os inimigos tão poderosos quanto nós mesmos. Quem pode contra Deus? Quem intentará contra Seus propósitos? Você acha mesmo que quando a treva aumenta ao nosso redor, quando a luta se torna mais ferrenha, quando nos sentimos mais espremidos, a nossa luz diminui? A luz da vela diminui quando a luz da casa acaba?

É bem verdade que, muitas vezes, a vela se encontra debaixo da cama. Como diz o texto: Não se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Logo, logo aqueles que estão em trevas notarão a presença da luz, mesmo que debaixo da cama. Então a tirarão de lá e a colocarão no alto do teto, não só para que possa brilhar, mas para revelar quanto de treva ainda existe, para guiar.

Esse exemplo é maravilhoso para que entendamos o poder extraordinário que temos. Qual é a luz que emanamos? A luz de Jesus. E como o fazemos? O texto elucida: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus (Mt 5.16). A luz resplandece na prática do bem. A palavra de Deus diz que as boas obras não podem ser escondidas. Muitas vezes não conseguimos ver o resultado do bem que temos praticado, mas, assim como a luz é óbvia, as boas obras também o são e serão conhecidas no momento certo.

Talvez você queira me dizer que tem feito muita coisa boa, mas as pessoas ressaltam apenas os seus deslizes. Lembre-se de que a luz é sempre mais forte e o bem sempre vence. Nem todo mal do mundo, nem toda maldade do ser humano pode apagar o valor de uma obra boa que possamos fazer. As trevas não podem prevalecer contra luz, o mal não pode se sobrepor ao bem. O bem sempre vence! A escuridão não consegue se propagar a ponto de ofuscar a luz. Seus deslizes jamais serão maiores do que as pequenas boas coisas que faz. Conforme a intensidade da luz é aumentada, maior o seu alcance. Quanto mais boas obras fizermos, mais visíveis estas serão.

Não devemos nos preocupar com o nosso adversário; não devemos nos preocupar com o aumento da escuridão. A vela só resplandece. Não fique apavorado pensando que não há solução para o mundo. Não tenha uma concepção negativa das coisas. Precisamos olhar tudo sob o prisma correto. O mal não é tão forte quanto parece. A maldade significa apenas ausência de bondade, assim como a treva é a ausência de luz. Acenda a vela e a escuridão se dissipa; pratique boas obras e o mal diminuirá. Conforme vamos aumentando a bondade no mundo, mesmo que seja através de atos bem pequenos, mesmo que pareça que ninguém está vendo, mesmo que pareça que ninguém se importa, essa bondade é tão poderosa que ninguém a poderá ocultar. Por mais que hoje aquele que pratica o bem possa se sentir por baixo, Jesus nos ensinou uma lição maravilhosa quando disse que não se pode esconder uma cidade edificada sobre os montes, que não se coloca uma candeia debaixo da cama, mas no velador, não para si mesma, mas para o benefício de todos. Hoje você pode parecer uma candeia escondida debaixo da cama, mas logo, logo verão que a sua luz está brilhando.

Tranquilize-se. Você não precisa fortalecer seus músculos para dar um golpe fatal no seu adversário. Precisa apenas ficar no seu lugar, manter-se inabalável, iluminando o ambiente. A palavra correta é “resistir” – Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós (Ti 4:7). Fique na sua posição. Ninguém vai poder tirar de você o cinturão de campeão, simplesmente porque não há páreo para você.

Um novo mandamento vos escrevo, o qual é verdadeiro nele e em vós; porque as trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz (1 Jo 2:8).

Deixe a sua luz brilhar. Não se entristeça, não se desespere se você hoje está numa situação desfavorável. Não retribua o mal com o mal, afinal cada um só pode dar o que tem e você tem o Espírito de Deus, é pleno de Seu poder, de Sua bondade. Tenha paciência, seja perseverante, porque no momento certo Deus sua luz vai ser reconhecida. Você é necessário. O mundo precisa de você. Brilhe! 

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Quer ser feliz?

Quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que o seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal (I Pe 3:10-12).

Esse é o texto da semana. São conselhos simples para um tipo específico de pessoa: quem deseja amar a vida e ver dias felizes. Será que você conhece alguém que não tenha isso como meta?

Bom, para alcançar esse alvo maravilhoso é preciso obedecer a três comandos principais. Sem isso é impossível que tal suceda. Sei que você pode estar querendo dizer: “Keila, muitas outras coisas devem ser acrescentadas aí.” Concordo plenamente. Leia a Bíblia e verá que há inúmeras outras boas coisas a serem feitas. Mas creio serem estas as principais.

Aqui estão os conselhos:

1 – Guarde a sua língua do mal e os seus lábios não falem dolosamente.
Há muitos anos eu e a torcida do Flamengo lemos um best seller chamado “O Segredo”. De acordo com o livro, o segredo para viver bem estava nas palavras. Ele dizia que as palavras têm poder e criam atmosferas, são sementes que lançamos e certamente produzirão frutos. Assim, quem lança palavras ruins terá uma triste colheita; quem é cuidadoso nas palavras comerá do seu fruto. Quem lê a Bíblia sabe que isso não é nenhuma novidade – A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto (Pv 18:21). Quando Deus resolveu criar todas as coisas, utilizou o poder da palavra. Disse: “Haja”, e houve. Muito do que estamos experimentando é resultado das nossas próprias palavras. E ainda mais: o texto diz que os nossos lábios não devem falar dolosamente. A diferença entre o dolo e a culpa está na intenção. O livro de Tiago diz: A língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero (Ti 3:8). Sem o auxílio do Espírito Santo, ninguém é capaz de domar sua própria língua. E mesmo com o Seu auxílio, sabemos que escorregamos muitas vezes no falar. O que o texto sugere então é que evitemos o dolo, estejamos alertas para, se dissermos algo ruim, que não seja com a intenção, não sejam palavras pensadas, refletidas, amargamente arquitetadas no nosso interior. Se acontecer, que seja por um escorregão, totalmente sem intenção.

2 - Afaste-se do mal e faça o bem.
A Bíblia explica a si própria. Ela diz que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria. E o que é o temor do Senhor? O temor do Senhor é aborrecer o mal (Pv 8.13). Devemos odiar tanto o mal a ponto de isso fazer com que nos afastemos não só dele, mas de tudo o que possa parecer com ele – Fugi de toda aparência do mal (I Ts 5.22). Somos afetados por tudo o que acontece à nossa volta. Quantas vezes não nos arrependemos de ter feito alguma coisa movidos por impulso, pelas sugestões das companhias, pela massa? Evitar as más conversações, as más companhias, os maus hábitos, os maus pensamentos... é proteção para nós.

3 – Busque a paz e siga-a.
Meu pai repetiu para mim algumas vezes um ditado muito conhecido: “Melhor um mau acordo do que uma boa demanda”. A paz custa preço. É preciso abrir mão de muitas coisas para alcançá-la. É tolo aquele provérbio que diz: “Dou um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não sair dela.” Paulo disse certa vez que o fato de haver demandas entre o povo de Deus era vergonhoso, que deveríamos aprender a sofrer o dano. Precisamos aprender que manter a paz é sempre vencer a guerra. Há muitas demandas que simplesmente não valem a pena – diria que a maioria delas. Esse assunto é tão interessante que a Bíblia nos diz: Seja a paz de Cristo o árbitro em vossos corações (Cl 3.15). O que é a paz de Cristo? É a convicção que o Espírito Santo traz ao nosso coração de que, embora passemos por aflições, estamos agindo como Deus quer. Quem tem essa paz consegue se sentir bem a despeito das circunstâncias adversas, das lutas que todos temos de enfrentar. Se estamos em meio a uma guerra, mas interiormente nos sentimos em paz, podemos permanecer onde estamos. Mas se o nosso interior está incomodado, o nosso coração não está em paz e temos andado em harmonia com o Espírito Santo, certamente estamos no lugar errado.

E aqui vai o fim do texto: Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, E os seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal. Essa é a parte que me traz um alívio total, pois diz que os olhos do Senhor estão sobre nós, que aceitamos ser justificados pela Sua morte e ressuscitados com Ele. E tremo quando leio o final: O rosto do Senhor é contra os que fazem o mal. Misericórdia! Imaginem o que é ter Deus como adversário! Dizer que Deus é contra alguém deve nos deixar aterrorizados.

Embora muitos pensem que a Bíblia contém restrições, que é muito difícil obedecer-Lhe, afirmo que mais difícil é desobedecer-Lhe. A obediência aos mandamentos do Senhor não muda nada em Deus, não tem como fim Sua pessoa. Simplesmente melhora a nossa vida. Tudo o que Deus nos ordena a fazer é por nós mesmos. Somos os mais prejudicados quando falamos o que não devemos e com dolo, quando insistimos em permanecer num ambiente de disputas, quando não damos à paz o valor que ela merece.

Ame a vida e tenha dias cada vez mais felizes!!!

sábado, fevereiro 16, 2013

A Fé e a Esperança

Toda a Bíblia é extraordinária, mas para alguns capítulos nem há adjetivos. Um deles é I Coríntios 13. Seu terceiro versículo é: "Poderia dar tudo o que tenho e até mesmo entregar o meu corpo para ser queimado, mas, se eu não tivesse amor, isso não me adiantaria nada". Em outra versão o final é: "Se não tivesse amor, eu nada seria". Em outras palavras, podemos chegar ao ápice, ter tudo, mas isso seria nada se não tivéssemos amor - amor para receber e amor para doar.

Os últimos versos desse capítulo falam do nosso futuro, que um dia conheceremos como somos conhecidos, que veremos a Deus face a face, mas encerra dizendo que aqui devem permanecer três coisas: fé, esperança e amor. Sempre quis entender o que significa o último versículo que, para mim, parecia não combinar: "Portanto, agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor (I Coríntios 13:13). 

Você saberia diferenciar fé de esperança? Sempre achei as duas coisas muito parecidas. Pensava: fé é a certeza daquilo que estou esperando, portanto, a própria essência da esperança. Se é assim, são dissociáveis. Então a Bíblia não precisa falar de esperança, porque quando fala de uma está falando da outra. Sempre quis saber sobre esse assunto. 

Como entender, então, este texto: "E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência;  e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança" (Rm 5:3, 4)? Sempre soube que havia algo que eu não sabia que precisava ser esclarecido. A tribulação é necessária porque produzirá, no final, esperança. Para que a esperança? Só fé não seria suficiente? Por que a tribulação tem como objetivo gerar a esperança e não fortalecer a fé?Hoje o Espírito Santo me explicou e eu repasso.

A definição clara e precisa de fé é esta: "A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver" (Hb 11:1). A fé em Deus é a certeza de que Ele existe. A fé na cura é a certeza de que ela vai acontecer. A fé na Bíblia é a certeza de que ela é a Palavra de Deus (e não que contém a palavra de Deus). A fé cristã é a convicção de que Deus existe, nos ama e por isso enviou o Seu Filho, Jesus Cristo, ao mundo para morrer por nossos pecados para que, através dEle, recebêssemos toda a plenitude do que está envolvido na palavra "salvação". 

Convém realçar, porém, que, no próprio conceito de fé está dito: "certeza de que vamos receber as coisas que esperamos" - as coisas que esperamos: esperança. Vamos incluir a esperança nesse contexto.

O texto de Romanos que citei acima diz que o propósito da tribulação é produzir paciência. Quando somos atribulados, cresce a nossa paciência mesmo que não queiramos, porque simplesmente aprendemos que algumas coisas só serão resolvidas com o tempo. Essa paciência aprendida na marra nos leva à experiência. Quanto mais experientes, mais aptos a prever resultados, ações e reações, atitudes e consequências. E tudo isso deve culminar na esperança. A experiência traz esperança e devem permanecer a fé, a esperança e o amor.

O que é a esperança? Diria que é a disposição de aguardar aquilo que vai acontecer. Não basta saber que a Bíblia é a Palavra de Deus. É preciso considerar que ela é para mim hoje. Tentando ser um pouco mais clara: muitas pessoas creem que Deus ainda cura, mas não têm esperança de que isso aconteça com elas. Muitos creem que Deus pode mudar corações, mas não que isso se aplique aos seus próprios casamentos. Muitos creem que Deus ama, mas não a elas próprias porque se consideram indignas. Têm fé, mas não têm mais esperança. 

A esperança é necessária para andar com Deus. Não basta crer que o que Deus diz é a verdade. É preciso crer que o que Ele diz é para nós, para hoje, para agora, vai acontecer, está quase, vale a pena esperar.

A fé é muito importante. Deus existe e tudo o que Ele fala na Sua Palavra é a verdade. Mas a fé só nos permite receber aquilo que esperamos. Novamente: "A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos" (Hb 11:1). Se nada esperamos, nada receberemos. Se Deus pode fazer, mas não conosco, Ele fará, mas não receberemos. Só recebe quem tem esperança.

"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor".

Creia que Deus pode todas as coisas e tenha esperança: Ele agirá em seu favor. Ah, se fará!!!

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Simples assim

Tenho que admitir: acreditar na Bíblia não é nada fácil. O Espírito Santo já havia avisado isso por intermédio de Paulo: Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido (I Co 2:14-15). O que é esse discernimento espiritual? Será uma habilidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo? Não. É simplesmente uma atitude de fé perante a Palavra. É crer que ela faz o que diz que faz, pode o que diz que pode, é o que diz ser. E ponto final.

Esse assunto me veio à mente porque tenho adotado algumas práticas de gente louca – para o homem natural é loucura mesmo e eu, Keila “natural”, às vezes, ajo apenas pela obediência.

Se resolvermos crer no que a Bíblia diz, a vida com Deus ficará fácil, fácil; simples, simples, embora não gostemos nada disso. Queremos coisas complicadas. Ainda somos muito parecidos com os fariseus que pediam sinais. Queremos seguir os “super-heróis” do mundo gospel. Achamos que tem gente que tem tanto de Deus que, se ficarmos perto delas, nós cresceremos por osmose. Nada disso! Creio nos benefícios da associação com gente cheia de Deus, mas, para eu ser cheia de Deus, o método principal é a aplicação da Bíblia à minha rotina diária.

Parece que estou rodeando, mas não estou, não. Vou ser mais clara. Veja só este versículo: E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração (Ef 5:18-19). Para sermos como Jesus, precisamos ser cheios do Espírito Santo. E o que fazer para ser cheio do Espírito Santo? Muitos pensam que é preciso ir atrás de um “grande homem de Deus”, pedir a ele que coloque a mão na sua cabeça e transmita a unção. Quem foi que disse isso? Quando você recebe o Espírito Santo, junto com Ele vem o Seu poder e a Sua unção. Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo (At 1.8). Quero me fazer entender. Creio, sim, na imposição de mãos. É uma doutrina bíblica e decidi crer em absolutamente tudo o que a Bíblia diz. Mas se já recebemos o Espírito Santo, já temos o pacote completo. Assim, para ser cheio dele, basta fazer o que o texto está mandando: falar salmos, hinos e entoar cânticos espirituais. Simples assim.

Vamos continuar. Para edificar a mim mesma, preciso obedecer a este texto aqui: O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo (I Co 14:4). Como assim? Não preciso ir às reuniões de busca de poder? Não preciso fazer campanhas? Bem, essas coisas não são ruins. De forma alguma. Mas se obedecermos ao texto acima seremos edificados, se cada dia separarmos um tempinho para orarmos em línguas. Simples assim.

Para crescer em fé, o texto é este aqui: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10:17). Conforme cresço na Palavra, minha fé cresce. Simples assim.

Como posso provar para Deus que O amo? Que atitudes deveria ter para confirmar o meu amor por Ele? Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama (Jo 14:21). Qualquer coisa fora disso é simples blá-blá-blá. Sentar-me para ler Sua Palavra, escrevê-la nos meus papeizinhos para que possa me lembrar, decorar e aplicar durante o dia é para Deus uma prova de meu amor por Ele. Simples assim. Cantar que O amo, que O adoro sem obedecer a esse texto é palavra vazia.

Poderia escrever uma série de outras coisas aqui, mas vou deixar você mesmo chegar às suas conclusões. Vou terminar com mais uma atitude simples, mas poderosa, que tenho procurado aplicar: Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração. E acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e do homem (Pv 3:3-4). Quero muito ter um bom relacionamento com as pessoas. Essa é uma questão espiritual? Totalmente. Tudo é espiritual. E como conseguir isso? O texto já contou. Devo agir com benignidade. E o que é benignidade? Esperar dos outros sempre o melhor. Ter uma atitude positiva com relação às pessoas. E também ser fiel, fazer o que digo, cumprir promessas, agir como devo e não como quero.

Tenho descoberto que viver com Deus é muito simples. A Palavra é muito prática. Esses muitos sinais que queremos ver, os atos proféticos que queremos fazer, os jejuns, as consagrações, as campanhas não precisariam ser feitas se simplesmente conhecêssemos a Bíblia e obedecêssemos à Palavra. E isso pode ser feito agora mesmo, no nosso carro, na nossa casa, no comércio, em qualquer lugar.

Ainda bem que Deus é claro e o que exige de nós é simples, muito simples.

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

O "quanto" e o "como"

Esta semana, enquanto orava, veio ao meu coração de uma maneira muito forte o seguinte texto: As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão (Jo 10:27-29). É muito bom quando ouvimos o Senhor falar. Não esquecemos quando ouvirmos a Sua voz, quando fica claro para nós que é Ele quem está falando, quando conseguimos reconhecê-lO. Todo tempo Ele está tentando chamar a nossa atenção. Só precisamos parar, estar atentos. Neste mesmo instante Ele vai usar este post para falar com você.

Somos Suas ovelhas, estamos nas Suas mãos e quem seria capaz de nos arrebatar do colo do nosso Pastor? Ninguém. Mas devemos nos lembrar de que nós mesmos podemos tomar a decisão de descer do Seu colo, de ficar longe, de nos afastar. Ele prometeu que não nos deixaria, nunca nos abandonaria, mas nós podemos decidir abandoná-lo a qualquer momento.

A ovelha é um animal muito dócil, dependente, indefeso. Ovelhas não são predadores; são herbívoros. O Salmo 23 fala sobre quão bem o nosso Senhor cuida de nós, Suas ovelhas. Ele não deixa nada nos faltar, guia-nos mansamente - não na gritaria, não na pancada -, está preocupado com a nossa alma, por isso a refrigera, leva-nos a um lugar onde podemos descansar. Ser ovelha do Senhor Jesus garante uma tranquilidade muito grande. Quem é melhor do que o nosso Deus? Não há outra Rocha em que possamos confiar! Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto (Sl 100:3).

Uma palavra que ouvi esta semana me incentivou a cumprir a meta espiritual que tenho para este novo ano. O texto que foi usado este é aqui: Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (I Tm 2:3-4). Como uma boa ovelha, quero atender ao desejo do amoroso Pastor.

Observe que a salvação é sô o começo; não é o fim. Para andar com Deus precisamos reconhecer que somos pecadores, que carecemos da Sua graça, dizer a Ele que O aceitamos como sendo o nosso Salvador. A Bíblia afirma: A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo (Rm 10:9). Então tudo começa em confessar com a boca. Quando confessamos a Jesus como nosso Salvador, imediatamente estamos salvos. Esse é o começo da caminhada, o primeiro passo que temos de dar.

Mas o texto continua: Deus quer que todos sejam salvos e não só isso. Ele deseja que todos cheguemos ao pleno conhecimento da verdade. Preste atenção na palavra: não apenas ao conhecimento da verdade, mas ao conhecimento pleno. O que é um conhecimento pleno? Um conhecimento profundo, por experiência, embasado. Lembra do texto que diz: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (Jo 8.32)?" Qual é a verdade que liberta? A verdade que conhecemos.

Quero fazer uma comparação que pode ajudá-lo a entender muita coisa. Quando um advogado chega ao tribunal, ele deve apresentar as razões pelas quais seu direito é justo e realizável. Não basta solicitar que seja feita esta ou aquela coisa, tomada esta ou aquela medida. Ele deve informar que artigos embasam sua petição. Deve estar previsto na lei que o seu direito tem amparo e é exequível. Ninguém pode pedir uma coisa absurda, nem exigir algo que não tenha base legal. O Direito Penal é muitíssimo rigoroso. O Código Penal assim dispõe: “Não há crime sem lei anterior sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal” (art. 1º). Por isso ninguém pode ser preso por um crime que não estava previsto na lei.

O mesmo acontece em relação à nossa vida espiritual. Temos direitos, temos deveres, temos garantias. Devemos saber quais são os direitos para podermos usufruir dos benefícios, em outras palavras: devemos conhecer a verdade, a Palavra que descreve esses direitos, deveres, garantias.

Jesus nos deu não só uma nova filiação, mas uma herança. Só pode usufruir da herança quem sabe quais são esses direitos, quem sabe o teor do testamento. O testador deixa tudo escrito em documento, informa de quem é cada bem, quais são os bens a serem partilhados. Foi assim que Jesus fez. O livro de Hebreus diz que um testamento não tem validade enquanto não houver a morte do testador. Jesus morreu e nos deixou um testamento, um novo Testamento, fez conosco uma nova aliança para nós podemos nos apropriar da herança desde já.

Quero lembrar que muitas vezes pensamos que da maior parte daquilo que Deus tem para nós tomaremos posse quando chegarmos ao céu. Reflita comigo a esse respeito: para que esperarmos para usufruir de bênçãos, de cura, de prosperidade, de salvação, de libertação, de muitos dos nossos direitos apenas no céu? Para que precisaremos de cura no céu, se no céu não há doenças? Para que precisaremos de prosperidade no céu, se lá seremos donos de tudo, não contrairemos dívidas, não compraremos nem venderemos? Para que precisaremos de ajuda nos relacionamentos se no céu não haverá inveja, discórdia, confusão? A herança que Jesus nos legou é pra ser usufruída aqui, agora.

Volto à questão que comecei neste post. Deus quer que todos sejamos salvos. Aleluia porque já o somos! Foi Sua abundante graça que nos concedeu isso. Agora precisamos trabalhar pela outra parte: chegar ao pleno conhecimento da verdade para podermos usufruir de tudo o que nos foi legado.

Hoje quero sugerir a você que se aprofunde na Palavra. Quando falo em aprofundar na Palavra não estou dizendo pra você ler três capítulos por dia, nem para fazer planos de leitura bíblica. Não é o quanto que importa, mas o como e a constância. Quero parafrasear com um exemplo bíblico: E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito (Mc 12.41). Observe que Jesus estava preocupado com o “como” e não com o “quanto”. Pode ter certeza de que o mesmo se aplica à Palavra. Não importa “o quanto” você lê, mas “como” você lê.

Pelo menos um pouquinho da Palavra leia todos os dias e peça ao Senhor para ensiná-lo a aplicá-la no seu coração. Faça como o salmista Davi que diz: Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti (Sl 119.11). Não fazer o que Deus deseja é pecar contra Ele. E o que Ele deseja? Que cheguemos ao pleno conhecimento da verdade. Escolha colocar cada dia um pedacinho da Palavra no seu coração.

Que este ano seja de grande crescimento para nós todos, de chegarmos muito perto do pleno conhecimento da verdade!

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

O Segredo da Semente

Confesso que não era das mais apaixonadas por ler as parábolas de Jesus. Prefiro o discurso direto, a mensagem clara e óbvia, sem rodeios. E as parábolas não são isso. Elas dizem sem dizer. Como Jesus afirmou, para aqueles que não estavam disponíveis para aquele tipo de ensino o efeito delas era este: Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados (Mc 4:12). Talvez você queira entender o que Jesus realmente quer dizer. Como podia Ele não querer ser entendido? Por que não queria que os pecados de alguns fossem perdoados? Há outro texto que explica melhor: Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure (Mt 13:15). Quer dizer, aquele que fecha o coração para Deus terá o seu coração ainda mais endurecido por Ele.

Ontem, no meu estudo do Comentário Bíblico do livro de Marcos, cheguei ao capítulo das parábolas. Desanimei. Mas sou daquelas que quando começa um livro não pula uma página. Resolvi encarar e me apaixonei por esta parábola que quero comentar agora.

E dizia: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra. E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa (Mc 4:26-29).

Todo cristão sabe que: Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus é tomado à força, e os que usam de força se apoderam dele (Mt 11:12). Quando pensamos nesse texto, muitas vezes nossa concepção é de um domínio político que precisa de guerra para se estender. É como se o reino de Deus fosse um governo que, para ampliar suas fronteiras, precisa de que seus cidadãos empreendam um luta ferrenha. Mas quando Jesus está a falar do reino de Deus não se refere a um lugar, a um governo. Os fariseus não compreenderam isso, mas, graças a Deus, tiveram a coragem de perguntar o que Jesus queria dizer e a resposta foi esta: Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus respondeu: "O Reino de Deus não vem de modo visível, nem se dirá: ‘Aqui está ele’, ou ‘Lá está’; porque o Reino de Deus está dentro de vós" (Lc 17:20-21).

O crescimento do reino de Deus começa no interior de cada homem e se expande entre todos porque ao mesmo tempo em que somos únicos, se estamos ligados ao cabeça que é Cristo, somos apenas um, uma parte do Seu corpo. Assim, o reino cresce dentro, no interior de cada homem, e fora, entre todos nós.

A parábola fala que o crescimento do reino de Deus é comparável a um homem que lança a semente à terra. No mesmo capítulo, um pouco antes, Jesus já havia explicado aos discípulos o que significava essa semente: O semeador semeia a palavra (Mc 4:14). Então para que o reino de Deus cresça dentro de nós, é necessário que nós semeemos em nós mesmos a Palavra.

Muitos pensam que a salvação é o ponto de chegada de todo homem. Recebemos a Jesus e, no final, seremos salvos para ir ao céu. Isso é um engano. A salvação é simplesmente o ponto de partida. Quando recebemos a Jesus, somos salvos. E o que quer dizer isso? Somos libertos do jugo da escravidão, da força do pecado, recebemos de Deus provisão, proteção, promoção, plenitude e cura. A salvação é só o começo e traz conjuntamente uma obrigação: Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor (Fl 2:12). A salvação precisa ser desenvolvida, o reino precisa crescer dentro de nós, a Palavra precisa crescer em nós.

Aqui vem a parte de que mais gostei da parábola. O semeador, que Jesus disse ser o homem, eu e você, tem a obrigação de semear a Palavra. Pegamos a nossa Bíblia, lemos, meditamos, aplicamos e pronto. Está feita a nossa parte. Aparentemente nada mudou. Não conseguimos ver a Palavra crescendo dentro de nós. Muitas vezes parece que nem está lá, quando somos pegos de surpresa em situações que nos fazem titubear na nossa fé. Então, aparentemente, nada aconteceu. Não é assim que nos sentimos muitas vezes? Não parece que a leitura bíblica não está valendo de nada, não passa de mais uma obrigação?

Quando o semeador lança a semente ao solo, a impressão é a mesma. Foi feito um buraco, aplicada a semente, jogou-se terra em cima e quem pode ver o que está acontecendo naquele solo? Quem pode dizer se aquela semente morreu ou está brotando? Quando isso vai ser revelado? Resposta: o tempo e a fé. Isto mesmo: o tempo e a fé.

O que a fé tem a ver com isso? A fé que o semeador tem de que aquela semente está brotando o faz tomar todos os cuidados necessários. Ele rega a semente uma, duas, três vezes por dia, seis ou sete vezes por semana, limpa o terreno, não abre a terra novamente. Ele acredita que aquela semente tem dentro dela a força que carregam todas as sementes, o segredo da semente: a produção de acordo com a sua espécie.

Amigo, se a semente tem um poder bombástico de fazer brotar um fruto que não parece em nada com seu estado inicial – Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga (Mc 4:28) –, poder ainda maior tem a Palavra de Deus: Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei (Is 55:11).

Na parábola Jesus explica claramente que o responsável pelo crescimento dessa semente não somos nós; é Deus. Paulo também disse isso: Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento (I Co 3:6). Ou seja, uma pessoa pode, e deve, plantar, regar. E deve aguardar, pois Deus dará o crescimento. Ah, se dará!

Não se preocupe com os resultados exteriores, com o que é visível. Plante a Palavra no seu coração todo dia, dia após dia, com sol, com chuva, andando pelo caminho, assentado, ao levantar – Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares (Js 1:8-9). Nossa obrigação é apenas plantar a semente. Como diz o versículo: "Esforça-te e tem bom ânimo”. E não se preocupe, porque Deus está dando o crescimento. Pode ser que a semente esteja tão enterrada no solo do seu coração e seja ainda tão nova que não dê para ver nada. Pode ser que você já consiga ver uma erva, uma espiga, grãos maduros na espiga. Não pare.

E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará (II Co 9:6).

Colheita farta para você!!!