quinta-feira, março 16, 2017

A Mensagem e o Fruto

Sempre damos graças a Deus por vós todos, fazendo menção de vós em nossas orações, lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do trabalho do amor, e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai, sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus; Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós. E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo. De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia. (I Ts 1:2-7)

Se estivermos atentos ao que as pessoas dizem, ouviremos mais do que suas palavras, conheceremos seu coração. Paulo revelou muito de seu coração nas cartas que escreveu. Fico impressionada ao ver o seu amor pelas igrejas, sua seriedade no ministério, seu zelo na fé.

Encontramos várias orações nas cartas de Paulo. Em todas ele inicia dando graças: “Sempre damos graças a Deus por vós todos. É interessante perceber isso, porque algumas igrejas pareciam estar em ótima fase, como a de Efésios, mas outras, como a de Coríntios, nem tanto. Mesmo assim, ele sempre se lembra delas e agradece pelas coisas boas que pôde encontrar naquele povo. Vejo aqui duas lições para mim: orar sempre por algumas pessoas, sobretudo por aqueles a quem estou diretamente relacionada, e sempre começar com ações de graça. Essa é uma arma muito poderosa. Temos que concentrar nosso olhar nas coisas boas para dar graças. Parar diante de Deus para agradecer por alguém transforma nossas exigências, nossas expectativas, nossos julgamentos, faz-nos focar no melhor, e não no pior das pessoas.

Agora passo ao que mais me chamou a atenção no texto acima: a responsabilidade de alguém que transmite a palavra e o fruto decorrente de sua mensagem. Estou convicta de que na maior parte das vezes a falta de fruto nos que ouvem a pregação não é culpa deles mesmos, mas daquele que prega. Veja só o que Paulo diz: “Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós.” A pregação de Paulo consistia em muito mais do que uma boa mensagem. Ele amava as pessoas a quem pregava e dizia aquilo que o Espírito Santo queria que fosse dito, por isso aquilo vinha acompanhado de dois ingredientes: poder e muita certeza. Sem poder a mensagem é só mais uma historinha e sem certeza não se convence ninguém. E por que algumas mensagens vêm desacompanhadas desse poder? Porque falta ao pregador convicção. Antes de dizer algo, é necessário receber revelação daquilo em nossa própria vida, experimentar, compreender a importância do que se recebeu e se pretende transmitir.

Lembro-me de um conselho de Paulo a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado.” Antes de nos apresentarmos aos homens, sempre nos apresentamos a Deus. Antes que a palavra chegue à nossa boca, Ele já a conhece, por isso confirma com Seu poder e Sua unção ou nos reprova. Paulo revela neste capítulo uma consciência tranquila quanto a estar aprovado diante de Deus, por isso, ainda que o fruto não venha porque o ouvinte não deu crédito à Palavra, ele sabe que fez o que deveria.

E aqui estão os frutos da pregação de Paulo: “Lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do trabalho do amor, e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo.” A pregação da Palavra genuína gerou fé naquele povo, por isso seu amor foi acompanhado de obras, não ficou apenas no “blá-blá-blá”, e também lhes deu firmeza. Em outra versão da Bíblia, o texto “paciência da esperança” foi traduzido como “firme esperança”, ou seja, o que ouviram se transformou em convicção, em um alicerce forte. E mais: eles não estavam vivendo um tempo tranquilo. Tessalônica estava vivendo um tempo conturbado, como quase todo o mundo naquela época, mas eles receberam a mensagem com alegria.

Só para terminar, lembro-me aqui de uma advertência de Tiago aos que pregam: “Caros irmãos, não vos torneis muitos de vós mestres, porquanto sabeis que nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor” (Ti 3:1). Paulo escreveu: “Vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor.” Precisamos de redobrado cuidado para vivermos o que pregamos, porque, além do fato de que seremos julgados por isso, não podemos nos esquecer de que pessoas estão olhando para nós e imitando nossas ações. Esse não é um lembrete somente para quem ensina em algum lugar, mas algo que, como pais, devemos lembrar. Certamente nossos filhos reproduzirão o que veem em nós muito mais do que o que dizemos a eles.

Qual foi o resultado desse trabalho de Paulo? “De maneira que fostes exemplo para todos os fieis.” Que glória! Imaginem o que é para os pais ouvirem dizer que seus filhos são um exemplo para o mundo inteiro!?! Não há alegria maior. E imaginem o que é para um pregador saber que sua mensagem rendeu tantos frutos, mudou vidas, cidades, nações!?!