segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Deixa pra lá.

Todos nós um dia já fomos decepcionados por alguém. E não é que as pessoas sejam más. É que todos temos defeitos, traumas, dias bons, dias maus. Agimos precipitadamente, sem pensar, conhecendo as questões apenas parcialmente, com base em opiniões alheias, influenciados por forças do mal. Mesmo sem querer, erramos, erramos e erramos, mesmo tendo boas intenções.


Não quero pensar naqueles que me decepcionaram, mas naqueles a quem eu decepcionei. Também tenho quase sempre a melhor das intenções, mas, às vezes, digo o que não quero até mesmo por um descuido.


O que esperar das pessoas a quem decepcionei? Nada. Só Jesus é Deus, só Jesus é amor, só Jesus é Jesus. Sei que, em muitos casos, depende de mim a restauração do relacionamento, mas nem sempre isso dá certo. Pedidos de perdão não são a garantia de que tudo voltará a ser como antes. Pessoas criam suas próprias leis, suas próprias justificativas, suas “jurisprudências”.


Talvez muitas das nossas dores diminuam quando resolvermos minimizar os nossos melindres. Somos algozes e vítimas, feitores e escravos, o máximo e o mínimo, o melhor e o pior, o remédio e o veneno e tudo isso ao mesmo tempo. E se nós assim o somos, devemos permitir que os outros o sejam também. Se esperamos desculpas, precisamos desculpar.


Jesus é simplesmente extraordinário. Veja só o que está escrito em Jo 6.64: Jesus disse isso porque já sabia desde o começo quem eram os que não iam crer nele e sabia também quem ia traí-lo. Jesus sabia todo tempo quem não ia acreditar na sua pregação, mas gastou tempo com essas pessoas e não se estressou com elas. Quando elas se achegavam, Ele as recebia. Quando sentiam fome, multiplicava a comida e as alimentava até que estivessem plenamente satisfeitas. Quando estavam doentes, curava. Quando queriam ouvi-lO, simplesmente permitia que elas se aproximassem. Como não amar alguém assim?


Ele nos disse para amarmos os nossos inimigos e ainda perguntou: Que mérito vocês terão, se amarem aos que os amam? Até os pecadores amam aos que os amam. E que mérito terão, se fizerem o bem àqueles que são bons para com vocês? Até os pecadores agem assim (Lc 6.32,33).


O texto continua dizendo que Ele sempre soube, desde o princípio – preciso dizer de novo: desde o primeiro dia, a primeira hora –, quem iria traí-lO. Não deu uma indireta, não o segregou, deixou até mesmo que ele O beijasse. Quanta dor receber o beijo da morte! Imagino que deva ser muito pior do receber que o tapa da morte. Uma bofetada doeria muito menos. Penso que o fato de Judas beijar Jesus nos diz bem o nível de intimidade que Ele permitiu ao traidor.


Jesus conseguiu amar o mundo inteiro, amar até o fim, amar até suar sangue, amar até furar, até doer, até moer, até sangrar, até morrer. Não era amor pelos mais bonitinhos, pelos mais cheirosos, pelos mais capacitados, pelos mais santos, pelos mais prováveis de seguirem seus ensinamentos. Era amor com dor mesmo, amor sofrido (como diz uma música que amo do grupo Estilo de Vida).



É esse tipo de amor que Ele me propõe. E pode até parecer que sou incapaz de amar nessa profundidade, nessa doçura, nessa entrega, mas não é verdade. Todos os que têm o Espírito de Deus podem amar como Jesus amou, porque o Seu próprio amor foi derramado no meu e no seu coração e só precisamos deixar fluir. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5:5).



Esquecer as diferenças; lembrar que somos humanos, por isso falíveis; considerar que muitas vezes ferimos porque já estamos feridos e cada um só pode dar o que recebeu; saber que o bem que fazemos aos outros, no final, volta para nós mesmos... tudo isso pode nos ajudar a desenvolver a nossa capacidade de amar. E o principal: deixar-se ser possuído pelo Espírito Santo de Deus.


Eis-me aqui, Senhor! Ama através de mim!



(Segue aqui embaixo a música a que me referi. Não deixe de ouvir.)

Sacrifício - Gláucia Carvalho



Música a que me referi no post. É de chorar...

sábado, fevereiro 25, 2012

Pai é Pai

Muita coisa mudou no meu modo de me relacionar com Deus e com as pessoas com a bênção da maternidade. Nós pais somos possuídos por um amor tão grande, tão grande que não dá para explicar. Ninguém no mundo é capaz de entender esse tipo de amor, mas quando pensamos bem, conseguimos dizer por que a mãe de um bandido é capaz de passar anos visitando seu filho na prisão, vendendo tudo o que tem, empreendendo todos os esforços para tentar provar que "seu filho não fez nada".

Nós somos alvo de um amor assim: inexplicável, imensurável, inigualável, tão profundo, tão intenso que é totalmente fora da nossa compreensão. É o amor de Deus.

Outro dia li um comentário no Facebook de uma pessoa dizendo que não entende como Deus pôde chamar Davi, um adúltero, de um homem segundo o Seu coração. Dá para entender um pouquinho quando nos colocamos no lugar de Deus e vemos o outro como nosso filho. Aí tudo muda de figura.

Tudo o que Jesus é para Deus nós também o somos em potencial. O que Deus diz de Jesus quer dizer a nosso respeito também, o que tem reservado para Ele também quer nos dar, preparou para nós o mesmo lugar onde Ele está e espera ansiosamente pela nossa chegada: "Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos" (Sl 116:15).

O amor dos pais por seus filhos é inquestionável. Refiro-me às pessoas normais. Sei que a Bíblia estava absolutamente certa quando profetizou: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores,incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons" (Tm 3:1-3). Quando o texto fala de afeto natural refere-se àquele amor tão próprio da natureza paternal que até os animais têm por suas crias.

Compreender o amor de Deus pode mudar tudo na nossa vida. Isso é tão importante e tão fantástico que era assunto da oração de Paulo: "Oro para que vocês possam compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento" (Ef. 3:18).

Compreender o amor de Deus muda não só o nosso relacionamento com Ele, mas nosso relacionamento com as pessoas. Como melhorou meu relacionamento com os meus pais depois que eu me tornei mãe! Passei a entender tanta coisa!

Se você se reconhece pecador, se sua vida não está exatamente como deveria, se você não é aquele amor de pessoa que gostaria de ser, não se afaste do seu Pai por causa disso. Pode procurá-lO. Ele está sempre de braços abertos, o ama em toda a Sua plenitude e nunca se decepciona, afinal: "Não precisava que ninguém lhe desse testemunho a respeito do homem, pois ele bem sabia o que havia no homem" (Jo 2:25).

Pode se achegar a Deus com confiança. Seu Pai o ama de verdade! Tu és o meu Filho amado em quem tenho prazer (Lc 3:22).

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Parecia ouro, mas era lixo.

Algumas coisas têm me incomodado bastante nos últimos dias e uma delas é a necessidade que demonstram as pessoas de provar para as outras que são ou têm mais do que as demais. Não quero dizer com isso que estou livre desse mal. Infelizmente não estou. O que Paulo escreveu serve perfeitamente para mim – pois eu sei que aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana. Porque, mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não consigo fazê-lo. Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço (Rm 7.18,19) –, mas pelo menos acho que estou consciente e tento me policiar. Depois deste post então... Melhor vigiar bastante.

Tento prestar atenção no que digo e até peço ao meu marido para me ajudar. Tento controlar o número de vezes em que a minha conversa gira em torno de mim, das minhas questões, da minha família, do meu, meu, meu. E também peço ao Espírito Santo para me lembrar sempre de que, na verdade, essa palavra é ilusória. Não existe o meu. Tudo o que tenho vem de Deus – O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for concedido (Jo 3.27) – por um ato maravilhoso de bondade e, se algo estiver me prejudicando, certamente Ele tirará das minhas mãos – ô vício! Olha o “meu” aí de novo!

Continuo estudando os evangelhos, impressionada com as histórias, impressionada com as pessoas. Estava lendo Lucas 2.19: Maria guardava todas essas coisas no seu coração e pensava muito nelas. Parafraseando: Keila guardava todas essas coisas no seu livro de memórias e contava para todo mundo. Acho que meu versículo seria assim até antes deste tempo de reflexão.

Antes de continuar, preciso dizer a você a que o versículo se refere. O nascimento de Jesus foi recheado de acontecimentos sobrenaturais. Houve aparição de anjos para Maria, para José, para Zacarias, para pastores, profecia vinda da boca de Isabel, estrela guiando reis magos e posso imaginar o que não sentiu Maria ao dar à luz ao extraordinário infante. Não duvidaria se ela me dissesse que ouviu coros celestiais, viu raios e relâmpagos, ouviu a voz do próprio Deus, não sentiu uma gota de dor...

Com conquistas tão ínfimas de coisas tão insignificantes fazemos tanta propaganda! Postamos no Facebook a foto da casa nova, divulgamos o preço do carro novo, mostramos aos outros os acessórios do nosso celular, propagamos quantos quilos emagrecemos... Nada contra tudo isso, desde que não signifique um meio de provar o nosso valor, de mostrar aos outros que somos mais ou temos mais. Tenho pavor de conversas que começam com: onde você trabalha, onde mora, quanto ganha, de que marca é a sua bolsa, quanto custou o seu sapato... Socorro!!!

Maria tinha do que se gloriar. Seria a mãe do Salvador. Que honra! Que glória! Que privilégio! Ela podia contar para todo mundo o que estavam a dizer acerca do menino, mas resolveu “guardar todas essas coisas no seu coração”. Que mulher extraordinária! Ela exerceu com muita grandeza o papel de coadjuvante, o que muito poucos aceitariam.

Faz parte da natureza humana a competição. Recentemente meu filho me perguntou: “Mamãe, o que eu faço para ser famoso”? Respondi que ele simplesmente não tem noção do quanto já é famoso. Os céus e o inferno falam muito sobre ele, seu nome está na palma da mão de Deus, anjos têm recebido ordens para guardá-lo e eu sou sua maior fã. De onde saiu essa pergunta?

Muitos se levantaram contra o apóstolo Paulo por causa da preeminência que ele havia alcançado. Então ele começa a descrever, no livro de Filipenses, como poderia se gloriar por ser mais do que todos os outros que falavam dele. Descreve sua linhagem, sua capacidade, onde estudou, mas termina de forma sublime: No passado, todas essas coisas [gloriar-se na estirpe] valiam muito para mim; mas agora, por causa de Cristo, considero que não têm nenhum valor. E não somente essas coisas, mas considero tudo uma completa perda, comparado com aquilo que tem muito mais valor, isto é, conhecer completamente Cristo Jesus, o meu Senhor. Eu joguei tudo fora como se fosse lixo, a fim de poder ganhar a Cristo e estar unido com ele (Fl 3.7,8,9). Permita-me mais uma vez parafrasear: considero minha cidadania privilegiada lixo; considero minha capacidade intelectual lixo; considero meu poder de influência lixo; considero minha supremacia lixo; considero minha seriedade, eficiência, riqueza, fama, poder, prestígio... LIXO.

Maria guardava tudo no coração. E devia ser um coração bem grande mesmo! Só não maior, infelizmente, que a boca de muita gente, inclusive a minha. Misericórdia! Preciso me arrepender e jogar no lixo muita coisa que para mim já teve muito valor.

Espírito Santo, socorro!!!

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Um Zé Ninguém

Gosto de ler biografias, gosto de estudar sobre pessoas extraordinárias. E o mundo está cheio delas. Por todo lado se vê uma, mas é preciso ter doçura dentro de nós para apreciar o mel que há nos outros.

Frequentemente medimos os outros por nós mesmos. Normalmente maridos que traem são mais ciumentos do que os demais justamente porque acham que suas mulheres farão com eles o mesmo. A Bíblia fala: O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más (Mt 12.35). Quem tem olhos bons, simplesmente procura o bem em cada coisas. Quem tem olhos maus, encontra amargor mesmo no favo de mel. Não se pode esperar que ninguém dê o que não tem. Quer saber se uma pessoa é boa ou não? Ouça o que ela tem a dizer a respeito dos outros.


Bom, adentremos o assunto. Hoje estava lendo sobre uma pessoa extraordinária: José, o “pai” de Jesus. A Bíblia fala muito pouco a seu respeito, mas o simples fato de ter sido ele o escolhido para criar Jesus diz muito. José não está na vida de Jesus por acaso. Deus não escolheria apenas Maria, até mesmo porque, numa sociedade patriarcal, as mulheres tinham muito pouca expressão. Jesus deveria ser criado por um homem e não poderia ser um qualquer. Quem exalta somente Maria está redondamente enganado. Quando as mulheres casam mal, toda a família sofre. Certamente Maria era extraordinária, e José não ficava aquém.

Transcrevo aqui o texto que me chamou a atenção: José, com quem Maria ia casar, era um homem que sempre fazia o que era direito. Ele não queria difamar Maria e por isso resolveu desmanchar o contrato de casamento sem ninguém saber. Enquanto José estava pensando nisso, um anjo do Senhor apareceu a ele num sonho e disse: ‘José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo’ (Lc 1.19,20).

Quando a Bíblia elogia alguém, o assunto é sério mesmo. E o versículo diz que José era um homem que sempre fazia o que era direito. Quantas pessoas você conhece que se encaixariam nessa descrição? José foi escolhido a dedo. Quando li isso, fiquei pensando: que definição a Bíblia me daria? Será que mereceria algum elogio? Que Deus tenha misericórdia de mim!

Não foi exatamente esse elogio que mais me impressionou. Foi o fato de, mesmo sabendo que o filho não era dele, mesmo tendo que esperar até saber de todos os fatos, José decidir não pôr a boca no trombone. Por muito menos, muita gente já foi crucificada; por muito menos, muita gente já foi machucada; por muito menos, já destruíram a honra dos outros. Quanta grandeza em José! Sairia “prejudicado”, “decepcionado”, “frustrado”, mas não devolveria “na mesma moeda”.

Não é por acaso que as pessoas vão parar na Bíblia. José pouparia Maria. Pergunto: você faria o mesmo ou pagaria uma matéria num jornal de grande circulação para contar para o mundo “quem era a mulher” com quem você pretendia se casar? Olhe a continuação do texto: resolveu desmanchar o contrato sem ninguém saber.

Conheço pessoas assim cheias dessa bondade. Fui criada por uma delas. Meu pai é assim, uma pessoa muitíssimo especial. Paga para não entrar numa briga, sofre o dano, sabe esperar pela justiça divina. Espero muito me parecer cada dia mais com ele. Que belo exemplo tenho em casa!

Pessoas como José são chamadas de otárias, passivas, manés... Tornar-se alguém assim custa caro, muito caro. Isso é evangelho. É preciso crer que Deus vai recompensar, é preciso calar a voz da justiça própria, é preciso chorar a dor de ter sido apedrejado por gente que não teria o direito de ter jogado a primeira pedra, que tem telhado de vidro. Os Josés, em sua grandeza, jamais furariam o telhado alheio, mesmo tendo razão para fazê-lo.

Congratulações, José. Você tem toda a minha admiração! Muitos o chamariam de Zé Ninguém, mas, para mim, você é O Cara!!!

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Acorda, Jesus!

Recebi um e-mail com uma música do Ministério Diante do Trono hoje que era uma ordem para o coração: “Meu coração, aprenda a confiar, aprenda a descansar”. Logo que comecei a ouvir, o Espírito Santo começou a conversar comigo.

Antes de dizer a você o que pretendo, gostaria de falar da importância de preparar o ambiente para que o Espírito Santo fale. Para ouvir a Deus é preciso calar as outras vozes. E dentre todas a que fala mais alto é a voz da nossa própria mente. Ela não para, não se aquieta. Disciplinar a mente tem-se mostrado a mais difícil tarefa da minha vida.

Hoje quero refletir sobre as difíceis questões da vida. Há problemas de fácil solução. Incluiria nessa categoria aqueles que têm prazo certo para findar. É fácil quando sabemos que tudo vai-se resolver num prazo “x”, como acontece com os problemas financeiros, por exemplo. Sabemos que assim que chegar o dinheiro tudo estará resolvido. Mas existem questões na nossa vida para as quais não há prazo, que parecem se estender por um período muito superior ao que seríamos capazes de suportar.

Os discípulos enfrentaram uma situação assim. Deixe-me colar aqui o texto ao qual me refiro: E, naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes [Jesus]: Passemos para o outro lado. E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos. E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia. E ele estava na popa, dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé? E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem? (Mc 4.35-41)

Acorda, Senhor! Foi assim que os discípulos fizeram quando se encontravam no meio de uma grande tempestade. Estavam apavorados. Achavam que iriam sucumbir. Faltava pouco para que todos morressem, inclusive o Mestre. Talvez pensassem: como podemos estar numa tempestade, se foi o próprio Cristo quem nos mandou passar para outro lado? Novamente devo dizer que quem anda com Deus também passa por reveses. Não é sinal de desobediência enfrentar problemas. Faz parte do próprio mistério de viver.

Nós também muitas vezes parecemos estar navegando em meio a um mar revolto. Sentimo-nos sendo jogados de um lado para o outro. Não sabemos se o melhor lugar é o lado de lá, o lado de cá, se deveríamos acelerar o barco, tentar voltar à praia. Não há o que fazer. Já estamos tão no meio do mar que não dá para voltar, não dá para acelerar, não dá para correr, não dá para parar.

Lá da praia, as pessoas olham e dizem: “Bem que eu avisei para não entrar no mar”. Observam ao longe, esperando para ver no que vai dar. Não há bombeiros, não há botes salva-vidas, não há helicópteros sobrevoando. Não adianta gritar para os que estão na praia. É frustrante ver que não moverão uma palha para nos socorrer. Quando estamos em grande angústia, descobrimos que poucos se importam realmente. Na melhor das hipóteses, os amigos podem ajudar a amenizar a dor, mas, como diz o Salmo 60.11: Presta-nos auxílio na angústia, pois vão é o socorro do homem.

É incrível como nos esquecemos frequentemente de que Deus estava no barco todo tempo. Ele é fiel! Está conosco e não nos desampara. Embora estejamos desesperados com a força do vento, com a altura das ondas, Ele permanece tranquilo, dorme. E por que dorme? Porque sabe que temos todas as condições de resolver a questão facilmente e gostaria muito de que o fizéssemos – até espera que o façamos. Ele repousa tranquilo, porque sempre soube que essa tempestade não conseguiria nos matar, nossa hora não chegou.

Pode ser que você esteja tão desesperado quanto os discípulos. Falta pouco para o barco arrebentar. Olhe ao lado, veja o Mestre: Reconhece-O em todos os Teus caminhos e Ele endireitará as tuas veredas (Pv 3.6). A palavra é esta mesmo: reconhece-O. Ele está lá. Talvez dormindo, talvez calado, talvez esperando que você peça ajuda, talvez disfarçado de pai, mãe, conselheiro, amigo...

No auge da crise, os discípulos sacudiram o Mestre com força para acordá-lo. E nós? O que podemos fazer? Clame em alta voz; importune o Mestre. Não o deixe permanecer dormindo. Acorde-O. A Ti, ó Senhor, clamei; eu disse: Tu és o meu refúgio, e a minha porção na terra dos viventes. Atende ao meu clamor, porque estou muito abatido. Livra-me dos meus perseguidores; porque são mais fortes do que eu (Sl 142.4-6).

Sabe o que acontecerá quando você for muito insistente? Ele se sentirá “obrigado” a se mover. Não se furtará a auxiliá-lo, fará o necessário. Jesus contou uma parábola dizendo que um juiz iníquo foi tão importunado por uma viúva que resolveu atendê-la e encerrou dizendo: Será, então, que Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? Será que ele vai demorar para ajudá-lo? (Lc 18.7). Se um juiz injusto agiu, imagine o que Deus não fará!

No caso dos discípulos, não adiantaria mudar a rota do barco. Talvez eles estivessem tão cansados que nem conseguissem remar para fora da tempestade. Será esse o seu caso? O Mestre não exigiu deles nem mesmo mais um pequeno esforço. Levantou-se, ficou frente à frente com o inimigo e deu ordens ao mar e aos ventos. E quando Deus dá ordens todos são obrigados a obedecer.

Não importa o tamanho da sua tempestade. Ele ainda acalma as ondas, Ele ainda ordena o vento, Ele jamais abandona o barco. Jesus não falha!

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Aguenta firme; vai passar!

Aflição não é privilégio de ninguém, não vem porque oramos pedindo por ela, não acontece somente aos indoutos, pobres, despreparados ou que erram muito. Faz parte da vida. Jesus avisou isto: Tenho-vos disto isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições (Jo 16.33). Leia de novo o texto e veja algo interessante: ele alerta para que tenhamos paz. Como assim? Não sei quem são as suas companhias, mas tenho provado que muitos, quando nos veem passando por alguma situação difícil, querem nos culpar de coisas que simplesmente não dissemos, não fizemos, nunca estiveram ao nosso alcance ou sob o nosso controle. Não ouça. Tenha paz mesmo na aflição.

A aflição é um fato. Certamente está acontecendo na sua vida. Nunca acontece de tudo estar cem por cento a nosso favor. Quando o problema não está nas finanças, está no emprego; quando não está no casamento, está em outro relacionamento; quando não está na escassez, está na abundância... Todos temos desafios em alguma área.

Os crentes pensam que é preciso orar, jejuar, fazer campanha para sair do problema e que Deus sempre nos livrará. Também pensava assim, mas olha só o que Jesus disse à igreja de Éfeso: Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás. Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2:9-10). Jesus diz que conhece as tribulações pelas quais estão passando, que eles serão lançados na prisão, que a tribulação tem prazo, e termina de uma forma cruel: seja fiel até a morte e não até que eu tire você da prisão, livre da situação difícil ou até que o prazo seja vencido. Repetindo: em alguns casos, a aflição vai durar até a morte. Misericórdia!!!

Tem gente que é tão grande, tão grande, tão grande que choca. Quero voltar à história de Sadraque, Mesaque e Abedenego, à qual me referi ontem. Os três foram lançados na fornalha exatamente porque decidiram obedecer a Deus. O rei, figura de satanás, deu a eles uma segunda chance de desobedecer ao dizer que deveriam tocar mais uma vez a música e eles poderiam então se curvar diante da estátua senão viria a terrível punição. E aqui está a resposta deles: Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste (Dn 3:17-18). Parafraseando: o nosso Deus pode nos livrar, mas pode não nos livrar, mas, pelo sim ou pelo não, faremos o que é certo.

Nada aconteceu como se poderia prever – e normalmente não acontece mesmo. Foram lançados na fornalha aquecida sete vezes mais. E o golpe final do inimigo foi amarrá-los. Qual é o golpe final contra você: uma acusação infundada, uma palavra maldita, a bancarrota, a separação, a perda de algo, o abandono dos amigos?

E aqui vem o desfecho sobrenatural: a fornalha que deveria torrar os homens só conseguiu torrar o golpe final: a corda. A fornalha em que você está vai queimar somente aquilo que o prendia. E durante quanto tempo a aflição vai durar? O suficiente para queimar a corda. Então espere só mais um pouquinho. Está acabando.

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

A experiência da fornalha

Há quem diga que quem crê em Deus deve estar levando uma vida cada vez melhor, com rendimentos crescentes, ascensão social, cada dia mais alegres e realizados. Além dos que pregam tais palavras, facilmente desmentidas pela Bíblia, há os que, em sua santa ignorância, acreditam nisso e as disseminam sem refletir a respeito e totalmente sem embasamento. Como diz a palavra: "O meu povo perece porque lhe falta conhecimento" (Os 4.6).

É claro que ninguém é obrigado a saber tudo - e isso nem é possível. Mas Jesus alertou: "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna" (Jo 5:39). Não há mais motivos para sermos levados por toda sorte de doutrinas. A Bíblia está disponivel nos celulares, em livros, em bibliotecas... Recentemente comprei um exemplar por dez reais. Como pode ser tão barato?

Lembro-me agora de um elogio feito por Paulo aos crentes de Bereia: "Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo" (At 17:11). Eles ouviam e comparavam, ouviam e questionavam, ouviam e comprovavam.

Olha só o texto que estudei hoje: "Nela (a esperança) exultais, ainda que, agora, por um pouco de tempo, sendo necessário, haveis sido entristecidos por várias provações, para que a prova da vossa fé, mais preciosa que o ouro que perece, mesmo quando provado pelo fogo, seja achada para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo" (1 Pe 1:6,7). Paulo fala aqui que a provação não é um acidente de percurso que aconteceu porque Deus se afastou por um tempo. Na verdade - pasmem! -, é uma necessidade para que a fé seja fortalecida.

Quando Jó se encontrou no pior momento da sua vida, seus amigos foram "consolá-lo" com as velhas teorias ainda em voga hoje de: você pecou, você fez por merecer, por isso está sofrendo. Quase ninguém pensa que a aflição pode ser a "recompensa" necessária, repito: necessária, para quem está certo.

Na Babilônia, três homens resolveram obedecer a Deus em tudo. Deveriam então ser honrados, não é mesmo? Ao contrário. Porque decidiram não se curvar diante de um ídolo, foram enviados à fornalha de fogo ardente. Quem diria que alguém poderia ser enviado à fornalha porque estava para lá de certo? Quando você ouviu alguém olhar para uma pessoa que está sendo afligida e dizer: se ela está passando por tudo isso, pode apostar que estava certa todo tempo? Isso não é paradoxal nos nossos dias diante de tudo o que temos ouvido?

Devo encerrar antes que você perca a paciência e não queira ler o fim. Quem está muito certo pode ser enviado à cova dos leões, à fornalha, à guerra, ao banco da igreja, ao esquecimento, ao cárcere, à cruz. E embora isso possa parecer uma punição não é. Pedro disse que é uma necessidade para fortalecer a fé. Duro isso. Mas eu sempre soube, e nunca me cansarei de dizer, que isso é por amor. Porque me ama, Deus permite que coisas dolorosas aconteçam na minha vida. Porque amo os meus filhos, permito que aprendam da maneira mais difícil às vezes. Dói neles, dói em mim, mas sei que é o melhor.

A última: mesmo na aflição nunca estamos sós! "Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20).

Aguenta firme! A aflição vai passar, você vai ser aprovado e seus inimigos "vão ter que engolir isso".