sábado, setembro 04, 2021

Quando a Vida Muda de Repente - (Como é ficar sem os filhos em casa)

Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. (Rm 12:15)

Dia 17 de agosto minha vida deu uma guinada. Meus dois filhos, de uma vez só, partiram para os EUA, onde farão um curso ministerial na Bethel Church, em Redding. Ficarão lá por dez meses inicialmente (digo inicialmente porque só Deus sabe se farão só o primeiro ano ou o curso completo).

A véspera da partida foi de muito choro de ambos os lados. Abraçadas na cama da Ju, choramos muito. Depois foi a hora de ir para o quarto do Víctor, deitar nos braços dele e, agarradinhos, chorarmos outro tanto. Foi muuuuiiiito difícil! Quando finalmente fui para a minha cama, fechava o olho um pouquinho, abria e chorava; fechava o olho outro pouquinho, abria e chorava. Foi assim, sob o protesto do Ric, que me mandava parar com isso. Graças a Deus pelos homens, graças a Deus pelo Ric! Por causa dele, o choro teve que acabar rapidinho.

No aeroporto, dei um show de maturidade: não chorei. Não queria vê-los sair daqui com mais essa pressão, já que estavam viajando sem nós pela primeira vez. Foi outra coisa extremamente dolorosa. Queria deixá-los instalados, com tudo certinho, conhecer o lugar onde ficariam, mas, por causa da pandemia, teria de ficar 14 dias em outro país para poder entrar nos EUA. Achamos melhor não fazer essa despesa, entregar o dinheiro a eles.

De volta à casa, e agora? Casa silenciosa e vazia, tudo diferente. Definitivamente, nossa vida mudou. Melhor? Não! Pior? Jamais! Apenas diferente.

No meu coração, eu me concentro no privilégio que é ter filhos que servem a Deus. Lembro-me de que meu pai, triste com a partida, me perguntou: “Filha, como será ficar sem esses meninos? Você não devia ter deixado. Vai ser muito ruim ficar sem eles”. Eu respondi que decidi celebrar cada dia, porque – graças a Deus! – não estou mandando meus filhos para um centro de recuperação, mas para uma experiência que marcará e transformará a vida deles para sempre. São poderosos, abençoados e cheios de Deus. E como voltarão? Não faço ideia! Só sei que Deus fará in-fi-ni-ta-men-te mais do que posso imaginar!!!

O que vejo na geração dos meus filhos é uma dicotomia muito grande: alguns jovens cheios de Deus, interessados no bem da sociedade, entendendo seu propósito, posicionados em sua missão, levantando-se da letargia e empenhados em abençoar pessoas, fazer o mundo mais parecido com o céu, expandir o reino de Deus. Por outro lado, há os que estão sofrendo, iludidos, procurando amor onde há descompromisso, vivendo alegrias que duram menos do que uma noite, buscando relacionamentos que, em vez de acrescentarem, os deixam mais vazios, precisando ser resgatados de uma vida longe de Deus e descomprometida com Seus princípios, achando que isso é liberdade, quando, na verdade, tudo o que Ele propôs é para o nosso bem – "Porquanto, nisto consiste o amor de Deus: em que pratiquemos os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são penosos" (I Jo 5:3).

Vivi intensamente cada dia nessa caminhada com os meus filhos. Eles nunca foram um estorvo. Foi intenso levá-los para todo lugar, passar a madrugada em ensaios na igreja enquanto eles corriam de um lado para o outro até se cansar e dormir nas cadeiras, mandar que tomassem banho correndo porque tocaríamos no culto de quinta-feira... Ih, são muitas experiências para contar; fica para uma outra hora.

Durante muito tempo, eles foram os filhos da Keila e do Ricardo. Agora é diferente: nós somos os pais do Víctor e da Ju. Desde que chegaram a Redding, ganhei um monte de seguidores no Instagram. Por quê? Porque a intrometida da mãe dos meninos quer conhecer todos os amigos que estão fazendo lá. Peço para segui-los e os lindos me seguem de volta. (rsrsrs)

Parei de chorar há muito tempo. Nunca foi tão claro para mim o versículo que abre o post: “Alegrai-vos com os que se alegram”. Tenho agradecido muito a Deus pelo que eles têm vivido. Deus tem mimado os dois de um jeito que eu mesma não poderia fazer. Até paçoca, o doce predileto do Víctor, já apareceu por lá. A Juju, que assistia a pool parties (festas na piscina) pelos filmes de sessão da tarde, já participou de uma e eu ri muito ao ver os meninos pulando na piscina e as amigas dela dando notas para eles – bem americano isso!

O meu consolo é vê-los felizes. Aliás, a minha alegria é a alegria deles. Já amo cada amigo que fizeram e aguardo com expectativa a hora em que darei um abraço em cada um deles e agradecerei por me amarem e me tranquilizarem, mesmo sem saber, ao cuidar dos meus filhos.

Anne, Thiago, Lukas, Lívia, Yan, Eric, Victoria, Duda, Cole, Dyane, Livi, Evelyn – e me perdoem todos os outros que não citei –, amo vocês!!! (Sugiro a uma alma generosa dessas que depois traduza para o Cole, o único americano por aqui, por enquanto.) Beijos, galera!!!