Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. (Rm 12:15)
Dia 17 de agosto minha vida deu uma guinada. Meus dois
filhos, de uma vez só, partiram para os EUA, onde farão um curso ministerial na
Bethel Church, em Redding. Ficarão lá por dez meses inicialmente (digo
inicialmente porque só Deus sabe se farão só o primeiro ano ou o curso completo).
A véspera da partida foi de muito choro de ambos os lados.
Abraçadas na cama da Ju, choramos muito. Depois foi a hora de ir para o quarto
do Víctor, deitar nos braços dele e, agarradinhos, chorarmos outro tanto. Foi
muuuuiiiito difícil! Quando finalmente fui para a minha cama, fechava o olho um
pouquinho, abria e chorava; fechava o olho outro pouquinho, abria e chorava.
Foi assim, sob o protesto do Ric, que me mandava parar com isso. Graças a Deus
pelos homens, graças a Deus pelo Ric! Por causa dele, o choro teve que acabar
rapidinho.
No aeroporto, dei um show de maturidade: não chorei. Não
queria vê-los sair daqui com mais essa pressão, já que estavam viajando sem nós pela primeira vez. Foi outra coisa extremamente dolorosa.
Queria deixá-los instalados, com tudo certinho, conhecer o lugar onde ficariam,
mas, por causa da pandemia, teria de ficar 14 dias em outro país para poder entrar nos EUA.
Achamos melhor não fazer essa despesa, entregar o dinheiro a eles.
De volta à casa, e agora? Casa silenciosa e vazia, tudo
diferente. Definitivamente, nossa vida mudou. Melhor? Não! Pior? Jamais! Apenas
diferente.
No meu coração, eu me concentro no privilégio que é ter
filhos que servem a Deus. Lembro-me de que meu pai, triste com a partida, me
perguntou: “Filha, como será ficar sem esses meninos? Você não devia ter
deixado. Vai ser muito ruim ficar sem eles”. Eu respondi que decidi celebrar
cada dia, porque – graças a Deus! – não estou mandando meus filhos para um
centro de recuperação, mas para uma experiência que marcará e transformará a
vida deles para sempre. São poderosos, abençoados e cheios de Deus. E como
voltarão? Não faço ideia! Só sei que Deus fará in-fi-ni-ta-men-te mais do que
posso imaginar!!!
O que vejo na geração dos meus filhos é uma dicotomia muito
grande: alguns jovens cheios de Deus, interessados no bem da sociedade, entendendo seu propósito, posicionados em sua missão, levantando-se da letargia e empenhados em abençoar
pessoas, fazer o mundo mais parecido com o céu, expandir o reino de Deus. Por
outro lado, há os que estão sofrendo, iludidos, procurando amor onde há
descompromisso, vivendo alegrias que duram menos do que uma noite, buscando
relacionamentos que, em vez de acrescentarem, os deixam mais vazios, precisando
ser resgatados de uma vida longe de Deus e descomprometida com Seus princípios,
achando que isso é liberdade, quando, na verdade, tudo o que Ele propôs é para
o nosso bem – "Porquanto, nisto consiste o amor de Deus: em que pratiquemos os
seus mandamentos. E os seus mandamentos não são penosos" (I Jo 5:3).
Vivi intensamente cada dia nessa caminhada com os meus
filhos. Eles nunca foram um estorvo. Foi intenso levá-los para todo lugar, passar
a madrugada em ensaios na igreja enquanto eles corriam de um lado para o outro até
se cansar e dormir nas cadeiras, mandar que tomassem banho correndo porque tocaríamos
no culto de quinta-feira... Ih, são muitas experiências para contar; fica para
uma outra hora.
Durante muito tempo, eles foram os filhos da Keila e do
Ricardo. Agora é diferente: nós somos os pais do Víctor e da Ju. Desde que
chegaram a Redding, ganhei um monte de seguidores no Instagram. Por quê?
Porque a intrometida da mãe dos meninos quer conhecer todos os amigos que estão
fazendo lá. Peço para segui-los e os lindos me seguem de volta. (rsrsrs)
Parei de chorar há muito tempo. Nunca foi tão claro para mim
o versículo que abre o post: “Alegrai-vos com os que se alegram”. Tenho
agradecido muito a Deus pelo que eles têm vivido. Deus tem mimado os dois de um
jeito que eu mesma não poderia fazer. Até paçoca, o doce predileto do Víctor,
já apareceu por lá. A Juju, que assistia a pool parties (festas na
piscina) pelos filmes de sessão da tarde, já participou de uma e eu ri muito ao
ver os meninos pulando na piscina e as amigas dela dando notas para eles – bem
americano isso!
O meu consolo é vê-los felizes. Aliás, a minha alegria é a
alegria deles. Já amo cada amigo que fizeram e aguardo com expectativa a hora
em que darei um abraço em cada um deles e agradecerei por me amarem e me
tranquilizarem, mesmo sem saber, ao cuidar dos meus filhos.
Anne, Thiago, Lukas, Lívia, Yan, Eric, Victoria, Duda, Cole, Dyane,
Livi, Evelyn – e me perdoem todos os outros que não citei –, amo vocês!!!
(Sugiro a uma alma generosa dessas que depois traduza para o Cole, o único
americano por aqui, por enquanto.) Beijos, galera!!!