domingo, setembro 30, 2012

Dia D

Estou num tempo de muita reflexão. Envelhecer tem-me feito bem em muitos aspectos. Estou mais aluna e menos professora, mais consciente do quanto não sei do que de tudo o que sei e isso me enche de expectativas - há muito mais a aprender do que já aprendi até agora; a vida é realmente fascinante! Lembro-me das inúmeras vezes em que era repreendida pela minha mãe e, antes que ela terminasse de falar, eu respondia: "Já sei, já sei". Não sabia mesmo.

Até pouco tempo, a vida se me parecia uma sucessão de acontecimentos. Se tivesse de desenhá-la, a representaria como uma agenda repleta de compromissos. Estive ocupada, muitíssimo ocupada durante muito tempo e foi perfeito. Conquistei muita coisa e isso me dá certa tranquilidade para esta fase da minha vida em que não estou disposta a conquistar "muita coisa", mas a conquistar "muitas pessoas".

Estou aprendendo a amar a vida e não apenas a vivê-la. Escrevo frequentemente num caderninho - você tem visto como gosto de escrever, não é? -, onde registro as vitórias e derrotas de cada dia e hoje estava pensando em como Deus tem sido maravilhoso comigo. Tenho inúmeras vezes mais motivos para comemorar do que coisas de que me queixar.

O texto do meu coração hoje é: "Pois, quem quiser amar a vida e ver dias felizes, guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade. Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos à sua oração, mas o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal” (I Pe 3:10-12).

Não sei como você acordou hoje: se com aquela alegria indizível de estar vivo ou com aquela tristeza só de pensar que está diante de mais um dia em que tudo parece igual. Só sei que, para viver bem, é preciso amar a vida. Não basta viver, não basta enfrentar os dias que se sucedem; é imprescindível amar a vida. E como completa o texto aí de cima: podemos ver dias felizes, quer dizer, estar sempre cheios de grandes e boas expectativas.

O apóstolo Pedro dá alguns conselhos para quem quer amar a vida e viver dias felizes. O primeiro deles é: guarde as suas palavras. Confesso que sempre relacionei esse texto, quando o lia, às minhas conversas com os outros. Pensava: para viver bem, preciso ter muito cuidado ao conversar com os outros. Mas não converso tanto assim com os outros. Na maior parte das vezes, converso é comigo mesma. Segundo a psicologia, temos cerca de seis mil pensamentos por dia. Falo comigo cerca de seis mil coisas por dia. Então preciso ter muito cuidado com o que estou contando a mim mesma durante todo o tempo, porque esses pensamentos ou estão me animando ou me deprimindo.

O segundo conselho de Pedro é: afaste-se do mal e junte-se ao bem. Se é possível, afaste-se de tudo o que o faz sofrer, se ainda não é possível concentre-se em meios de fazê-lo. Não nascemos para sofrer. A vida é um presente, mas é breve, por isso devemos sorvê-la lenta e prazerosamente. E em grande medida o sofrimento que enfrentamos tem muito mais a ver com o que causamos a nós mesmos ou permitimos que nos causem do que com as atitudes de outros em relação a nós.

Depois Pedro aconselha - lembrando: todos esses conselhos são para aqueles que querem amar a vida -: busque a paz."Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens" (Rm 12:18). Não podemos responder pelos outros, por isso a sábia Bíblia nos instrui a andar em paz tanto quanto depender de nós. Respire fundo, conte até dez, até cem, até mil... Não me arrependo das broncas que não dei nos meus filhos; arrependo-me daquelas que dei e depois percebi que eram desnecessárias ou além da medida. Mas também não paro no tempo para me lamentar. Hoje é um novo dia, com novas possibilidades, com novas oportunidades de acertar: "Ao contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama hoje” (Hb 3:13). Não dá para reviver o ontem e não adianta me lamentar. Melhor mesmo é fazer o hoje valer a pena.

Concluindo o assunto, Pedro diz: "Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos à sua oração, mas o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal” (I Pe 3:12). Trocando em miúdos: aqueles que querem amar a vida e ver dias felizes e seguirem esses conselhos terão a ajuda de Deus. Fechou com chave de ouro. O Senhor está olhando do céu. Quem deseja o bem e está disposto a agir corretamente para alcançá-lo conta com a ajuda de Deus. E se Ele nos ajuda, de que mais podemos precisar?

"Que diremos, pois, diante dessas coisas [oposiçōes, problemas, necessidades]? Se Deus é por nós, quem será contra nós?  Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?  Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.  Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós.  Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?" (Rm 8:31-35).

Ei, Deus está disposto a ajudá-lo a fazer do dia de hoje o Dia D.
 

terça-feira, setembro 25, 2012

Que presente!

Estou lendo as cartas de Paulo. Dentre os livros bíblicos, são os meus preferidos. Fico impressionada ao ver a atualidade dos conselhos, a universalidade das exortações, a ênfase em alguns assuntos. Um dos que estão em quase todas as cartas – não afirmo que são todas porque não fiz essa pesquisa, mas pode até ser que seja em todas mesmo – é o conselho para que cresçamos na graça, para que recebamos a graça. No início de suas cartas, várias vezes ele saúda as igrejas desejando a elas graça e paz.

Pedro também considerava muito importante esse assunto da graça. Escreveu em seu livro: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (II Pe 3.18).

Esse assunto da graça não é muito simples. Muitos a definem como um favor sobrenatural, gratuito, um presente dado a quem não merece. Tudo bem! Ótimo. Mas essa definição nunca foi capaz de tornar esse assunto claro em minha mente. O que seria crescer no favor de Deus?

Ontem meditava sobre o assunto. Então surgiu este post de hoje.

Não sei se você é daqueles que gosta de ganhar presentes ou dos que gostam de dar presentes. Minha mãe é mestre em dar presentes. A lista de natal dela é gigante. Passa tempos preparando, porque não se permite esquecer de ninguém. Tem lembrancinha para todo mundo. E só digo lembrancinha porque ela não ganha muito, porque, se fosse diferente, daria grandes presentes. Ela sabe exatamente o que quer dizer este texto aqui: “Assim, achei necessário recomendar que os irmãos os visitem antes e concluam os preparativos para a contribuição que vocês prometeram. Então ela estará pronta como oferta generosa, e não como algo dado com avareza” (II Co 9:5).

Aliás, esse texto mudou a minha vida. Eu não era uma pessoa nada generosa – não sei se já o sou, mas profetizo sobre mim mesma que sou como Cristo, então também não digo que não sou. Quando li esse texto, fui tomada de um profundo temor que carrego comigo até hoje. Os presentes que dou, as festas que faço, a forma como eu me comporto, como falo, como dou a mim mesma e também presenteio com coisas são sinal da minha generosidade ou da minha avareza? Que Deus tenha misericórdia de mim e, se você já recebeu um presente meu que seja sinal de avareza, me perdoe e se lembre de que estou em obras!

O fato é que dar e receber é uma arte. Nem sempre sabemos dar; nem sempre sabemos receber. Não sei se você já ficou constrangido com algum presente que ganhou e desejou devolver, mas eu já. Isso é próprio de quem faz contas.

Estou me treinando para pensar como Jesus, mas, durante muito tempo, não entendi como Ele foi capaz de elogiar a oferta de uma mulher extremamente pobre e não fazer absolutamente nada para resolver o problema dela. Veja só essa história aqui: “E, sentado frente ao tesouro do Templo, observava como a multidão lançava pequenas moedas no tesouro, e muitos ricos lançavam muitas moedas. Vindo uma pobre viúva, lançou duas moedinhas, isto é, um quadrante. E chamando a si os discípulos, disse-lhes: ‘Em verdade eu vos digo que esta viúva que é pobre lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro. Pois todos os outros deram do que lhes sobrava. Ela, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver” (Mc 12.41-44).

Jesus estava em frente ao gazofilácio, observando como as pessoas ofertavam. Então uma viúva – não se esqueçam de que, naquela época, as mulheres eram sustentadas pelos maridos –, uma viúva pobre lançou tudo o que tinha naquela caixinha. Quantas vezes eu não me perguntei: por que Jesus não devolveu? Por que Jesus não correu atrás dela e lhe deu algum dinheiro? Por que Jesus elogiou aquela oferta? Até que entendi que não há ninguém mais generoso do que Deus, por isso, seu Filho jamais atrapalharia a colheita de alguém. O que eu estava pedindo a Ele é que arrancasse do solo a semente que a mulher havia plantado e a devolvesse a ela. E o que Ele fez foi permitir que aquela sementinha se transformasse numa grande árvore que daria a ela tantas frutas, tantas frutas cheias de sementes que jamais faltariam novas unidades para plantar.

Quando o texto diz que precisamos crescer na graça, informa-nos que precisamos crescer na capacidade de receber. Muitas vezes não sabemos receber porque ou não sabemos dar ou comparamos aquilo que recebemos com a nossa própria capacidade. Damos um real de presente de aniversário a alguém. De repente, essa pessoa vem à nossa festa e nos dá de presente cem reais. Temos vontade de enfiar a cabeça num buraco, não é mesmo? Não recebemos bem a generosidade de alguém.

Assim como fazemos com as pessoas, agimos para com Deus. Somos incapazes de receber tudo o que Ele tem para nos dar. Veja só este texto aqui: “Pois nele vocês foram enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, porque o testemunho de Cristo foi confirmado entre vocês, de modo que não lhes falta nenhum dom espiritual, enquanto vocês aguardam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja revelado” (I Co 1:5-7). Fomos enriquecidos em Jesus, mas muitas vezes não queremos usufruir dessa riqueza que Ele nos deu gratuitamente. Por isso, nos esmeramos tanto no fazer. Queremos merecer as dádivas de Deus, mas isso é impossível!

Deus já nos deu tudo de que precisamos. Repito, para que você guarde: Deus já nos deu tudo, absolutamente tudo, tudinho mesmo. “E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra (II Co 9:8). Temos em tudo toda a suficiência. Aliás, temos o suficiente e mais do que o suficiente. E por que Ele nos dá mais do que o suficiente? Para que abundemos em boas obras. Para que façamos muito pelos outros, para que andemos distribuindo às pessoas muito, mas muito mais do que merecem, porque já recebemos muito, mas muito mais do que merecemos.

Não faça as contas. Dê mais do que merecem e aceite de Deus tudo o que Ele já garantiu a você. Você não merece, mas também não tem culpa de ser tão amado. Fazer o quê se Ele resolveu tratar você como predileto?

domingo, setembro 09, 2012

Esconde-esconde

O evangelho é uma escola. É necessário ir passando de grau em grau, subindo degrau a degrau para compreender as coisas de Deus. E não se pode parar. Aliás, é impossível parar. Ou estamos crescendo dia a dia, ou estamos nos enfraquecendo momento a momento.

Meu maridinho um dia citou um exemplo do qual jamais me esqueci. Ele disse que andar com Deus é como tentar subir por uma escada rolante que está descendo. Imagino que você, quando criança, já brincou disso. Se pararmos, a escada nos leva lá para baixo e dá-lhe queda.

Repito o texto de Oseias sobre o qual escrevi recentemente: "Conheçamos e prossigamos em conhecer a Deus". Não basta conhecer. É preciso prosseguir na experiência da Sua presença, na busca.

Ontem aprendi um pouco mais sobre Deus. Essa lição você já sabe há muito tempo, mas virou vida para mim só ontem.

Já falei algumas vezes aqui no blog sobre como me impressiona a história dos discípulos no caminho de Emaús. Eles andaram com Jesus por um longo caminho, mas não O reconheceram. Somente quando Jesus já estava para deixá-los, seus olhos se abriram. Acho muito triste essa passagem. Quanta coisa poderiam ter perguntado, quão melhor poderiam desfrutar da presença de Jesus se O tivessem reconhecido!

Muitas vezes orei, dizendo: "Senhor, não me permita passar por Ti sem reconhecer-Te"! Repeti incontáveis vezes nos meus momentos devocionais o texto: "Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas" (Pv 3:5, 6). Eu dizia: "Senhor, revela-Te; quero tanto reconhecer-Te"!

Parecia muito difícil reconhecer o Senhor. Cheguei a pensar muitas vezes que Ele brincava de esconde-esconde comigo. Por onde andava? Onde estava? Como poderia encontrá-lo em meio a uma vida tão tumultuada?

Ontem Ele me lembrou aquilo que você já sabe há muito tempo: Ele está em todo lugar, em tudo e em todos. Ele espera que eu olhe para todos, absolutamente todo mundo, e O veja. Devo servir a todos como se fosse a Ele, devo falar com todos como se fosse com Ele, devo amar a todos como O amo, devo vê-lO em todos. Nossa, assim é impossível não reconhecê-lO! “O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram" (Mt 25:40).

O versículo acima faz parte de um texto muito conhecido em que Jesus diz ter tido fome, sede, ter estado nu e alguns O ajudaram e outros não. E ambas as pessoas fazem a Ele uma pergunta muito simples: "Senhor, quando te vimos" (Mt 25:30 e 44)? Ambos não reconheceram. A diferença entre os aprovados e os rejeitados foi: ajudaram as pessoas, foram movidos de compaixão.

Hoje Jesus acordou cedo aqui em casa e foi à igreja, enquanto eu estou aqui escrevendo. No quarto ao lado, Jesus ainda está deitado. Fazendo os deveres de casa, Jesus espera a minha ajuda. E logo, logo estará com fome. Que prato prepararei para Ele?

Não sai da minha cabeça a repreensão que recebi do meu marido no dia em que fomos pagar uma conta. Entreguei o boleto na mão da menina que estava no caixa sem olhar nos olhos dela. Dei o meu cartão, digitei a senha, recebi o comprovante e sequer a olhei. Fiz tudo isso conversando com o meu marido. Eram assuntos tão urgentes, eu estava tão absorta no meu mundo! Quando saí, meu marido me perguntou como fui capaz de agir daquela maneira? Ignorei completamente a moça. Como pude? Que insensibiidade! Jamais me esquecerei disso. Jesus estava lá do outro lado do vidro.

Jesus dirige no carro ao lado todos os dias; Jesus me espera nos semáforos, vendendo balinhas; Jesus limpa a minha casa, disciplina o trânsito, me dá ordens no trabalho, Jesus governa o meu País.

Não quero dizer que todas as pessoas são de Jesus, mas Ele me mandou: "Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para as pessoas, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo" (Cl 3:23, 24).

Melhor parar este post por aqui. Jesus está ficando nervoso me esperando ajudá-lo no dever! (kkkk)

Porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas!

sábado, setembro 08, 2012

A Árvore

Nem todos os dias são de glória, embora devessem ser. Às vezes, acordamos entristecidos, afadigados, doídos pelos embates da vida, pelo desconhecimento do futuro, pela insegurança. São tantas coisas a fazer, tantas decisōes a tomar e nem sempre estamos convictos de que temos feito a coisa certa.

Não sei se isso tem a ver com a qualidade do nosso sono, com a quantidade de pressão a que estamos submetidos ou com o estado do nosso espírito, mas sei que não há nada melhor do que começar o dia na presença de Deus.

Hoje me dispus a ser um canal de Deus para você, transmitindo-lhe aquilo que o Senhor me disse, dando-me paz diante de tantas incertezas.

Sofremos muito, porque pensamos que estamos no controle da nossa própria vida. E parte disso é verdadeiro. Mas a verdade da Palavra de Deus supera absolutamente todas as nossas debilidades. Ela é imutável, infalível, improrrogável.

Deus fez calar o meu coração hoje - e fará calar o seu - com o seguinte texto, que soprou para mim: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda" (Jo 15:1,2).

São muitos os textos da palavra em que somos comparados a árvores. Há um bastante conhecido no Salmo 1: "Ele [o justo] é como árvore plantada à beira de águas correntes. Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera"! (Sl 1:3) Que verdade maravilhosa e libertadora!

Somos assim: como uma árvore. Não decidimos onde somos plantados, não escolhemos a família onde nasceríamos; não decidimos quando somos plantados, não decidimos o dia do nosso nascimento; não decidimos quanto tempo ficaremos no jardim ou daremos fruto. Alguém fez as mais importantes decisōes da nossa vida por nós. Pegou uma semente, plantou-nos, adubou-nos, regou-nos, podou-nos, limpou-nos para que chegássemos até aqui.

O Pai é o agricultor. Ele escolheu a terra em que deveríamos ser plantados. Alguns de nós são sementes que só cresceriam no deserto. Outros, precisavam de muita umidade, foram plantados perto de pântanos; outros, no cerrado, nos vales, nas encostas, nas montanhas. Por não sabermos das condiçōes necessárias para o nosso crescimento, nos ressentimos do agricultor. Gostaríamos de dizer a Ele que errou. Como nos plantou num lugar onde dói tanto crescer? Mas Ele tem um motivo. Jamais um agricultor plantaria uma laranjeira no deserto. Mas os cactus ficam muito bem lá. A laranjeira é linda, mas eu mesma tinha cactus no meu jardim na outra casa onde morava. Ele era lindo, enorme e impressionava os que lá chegavam.

O Jardineiro é o responsável pelo jardim. Se está bonito, glórias a Ele; se está descuidado, a culpa é dEle. É assim mesmo. Deus fará absolutamente tudo o que for necessário para transformar-nos em uma bela árvore. Entretanto, nós árvores jamais seremos capazes de entender completamente o processo.

O texto que citei sobre o agricultor nem nos chama de árvore, mas de ramos ligados à árvore chamada Jesus, o que nos dá uma posição infinitamente mais confortável. A seiva que flui em Jesus, o Seu próprio sangue, corre nas nossas veias. Somos cheios da plenitude de Cristo quando O aceitamos e tudo o que precisamos fazer é não nos desconectarmos da árvore. Só isso. Que maravilha, não é? Que consolo há em Jesus! Não precisamos correr atrás de coisas e pessoas, mas apenas fazer bem o que Ele colocar nas nossas mãos. Aleluia! Que libertador!

O ramo que não dá fruto Ele corta. Que ramo é esse? É aquele que não aceita receber a seiva, as instruçōes da árvore, aquele que insiste em produzir abacaxi na época errada. É aquele ramo que tudo está apontando para um lado e ele insistindo em ir a outro. Esteja certo de que a árovre mandará muitas instruçōes. Deus não nos deixa enganados. No fundo, o ramo sabe que está fazendo tudo errado.

Agora vem a parte mais interessante: o ramo que dá frutos Ele poda para que dê mais frutos ainda. Dura coisa. A vida de quem é frutífero também sofre reveses. E para que serve isso? Para que haja ainda mais frutos e não para que o galho morra. Deus não permitirá que o nosso pé vacile, diz no Salmo 121, e não dormirá aquEle que nos guarda. Não vamos morrer, não vamos ser esmagados, não vão conseguir nos queimar: "Não quebrará a cana rachada, nem apagará a torcida que fumega; com verdade fará sair o juízo" (Is 42:3).

Não se preocupe com o futuro. Faça aquilo que vier à sua mão. Viva cada minuto. Se tentar projetar o futuro, você se inquietará com as incertezas e sofrerá. O que você pode fazer hoje faça hoje. Como diz a Palavra: "Não andeis ansiosos por coisa alguma".

Termino este post com um texto que encheu o meu coração de alegria, fé e esperança. Este é especialmente para você: "Naquele dia, o Senhor dirá: 'Cantem louvores à minha bela plantação de uvas! Eu cuido dela e sempre a rego; eu a vigio de dia e de noite para que ninguém a estrague. Não estou mais irado com ela; se os espinheiros e o mato a ameaçarem, eu os atacarei e destruirei com fogo.Se os inimigos do meu povo querem a minha proteção, então que façam as pazes comigo, sim, que façam as pazes comigo'. Chegará o dia em que o povo de Israel, como uma árvore viçosa, criará raízes, brotará, e florescerá, e dará frutas que encherão o mundo inteiro" (Is 27:2-6).

O dia chegou. É hoje!

quarta-feira, setembro 05, 2012

Muito simples

Frequento a igreja desde antes de me entender por gente, amo ler a Bíblia, era assídua na escola dominical e tudo isso me fez aprender muito sobre Deus e crescer nas disciplinas espirituais. Mas algumas coisas a gente só aprende quando o Espírito Santo resolve revelar.

Ouvi pregaçōes sem conta com base no texto seguinte: "Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem" (Jo 4.23). Explicaram-me que se Deus precisa procurar adoradores é porque não são fáceis de achar, que se a Bíblia fala de verdadeiros adoradores é porque existem os falsos, que os verdadeiros adoradores têm marcas especiais, mas nunca consegui entender o que queria dizer adorar em espírito e em verdade.

Por não saber exatamente do que o texto está a tratar, cheguei a orar dizendo: "Senhor, ensina-me a adorar em espírito e em verdade", ansiando por entender o que realmente isso significava.

"As coisas ocultas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas são para nós e nossos filhos para sempre” (Dt 29.28). Existem coisas que devemos compreender e outras que devemos esquecer. Entendo que o objetivo primordial da Bíblia é nos revelar Deus, ensinar-nos a nos relacionarmos com Ele. Se assim o é, aquilo que está escrito na Palavra só consta dela porque Deus tem interesse em que saibamos. Por isso não me conformo quando não consigo entender algo.

Nessa minha busca por entender esse texto, pedi ao Espírito Santo que me explicasse e ouvi a resposta na boca de um professor durante uma aula.

O que é adorar em espírito? É a adoração daqueles que nasceram de novo. Antes disso, estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Mas desde que aceitamos a Jesus, fomos vivificados em nosso espírito, o que quer dizer que o nosso espírito reviveu e mais: passamos a ser espírito - "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3:6). Entendeu agora? É muito simples: Deus estava esperando pela adoração que seria promovida por todos os que nasceram de novo, que aceitaram a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, que têm o Espírito Santo morando dentro deles. E por quê? Porque esses se tornaram um com Ele: "Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele" (I Co 6:17). Quem é espírito não pode adorar sem ser no espírito.

É muito bom ser amigo de muita gente, ter comunhão com o povo de Deus, mas não há nada melhor do que um relacionamento em que há intimidade, em que você pode estar de alma desnuda, sem reservas, sem formalidades, totalmente à vontade. Deus ansiava por um relacionamento assim, o que era impossível aos homens da velha aliança, pois apenas pouquíssimos - reis e sacerdotes - tinham acesso a Ele e nem era um relacionamento tranquilo; tinha muitos requisitos, muitas formalidades.

Hoje podemos ter intimidade. Temos o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo, morando dentro de nós. Quer mais intimidade? Não precisamos orar para adorarmos em espírito; somos o próprio espírito vivificado em quem Deus tem prazer. Tão simples, não é?

Agora vem a segunda parte. Não basta apenas adorar em espírito; é preciso fazê-lo em verdade. É aí que mora o problema.

Tenho observado como somos falsos, descuidados, vazios na hora de adorar a Deus. Quantas oraçōes desprovidas de vida, assuntos repetidos, fala acelerada, parecendo apenas o cumprimento de um ritual que precisa acabar rapidamente, afinal, o prato está esfriando, a cama convidando ao sono, os participantes do momento impacientes?

Não são poucas as vezes em que cantamos coisas absurdas, totalmente sem base. Parecemos macacos de auditório: levante as mãos, e levantamos; dê um grito, e damos; pule, e pulamos; dê uma forte salva de palmas, e aplaudimos. Sequer pensamos no que estamos fazendo, sequer desejamos fazê-lo, mas estamos na massa: ou acompanhamos o todo ou somos devorados pelos fofoqueiros de plantão, que dizem: "Nossa, como você é frio"! Eu já cantei: "Quer vitória? Vá chorando, geme e chora". Por que precisamos gemer e chorar? Onde foi mesmo que Deus me mandou fazer isso para conseguir alguma coisa?

E a nossa leitura bíblica? Quantas vezes já pensamos: tomara o capítulo de hoje seja pequeno!

Adorar em espírito é fácil; está no sangue - graças a Deus fomos lavados pelo sangue de Jesus! Adorar em verdade também é fácil: basta querer e deixar-se envolver.

É isto o que o Senhor espera: a adoração de quem O ama mais do que a tudo, mais do que a todos, um relacionamento com alguém que seja verdadeiro. Pode escancarar. Ele tudo sabe, tudo conhece, tudo vê. E nos deixou um versículo chocante: "Eis que amas a verdade no íntimo" (Sl 51:6). Ele ama a verdade, mesmo que esta não seja lá tão agradável.

Adorar em espírito é um estado - quem é espírito não pode deixar de sê-lo, portanto não pode adorar de outra forma. Agora, adorar em verdade é uma decisão. Decida-se!

segunda-feira, setembro 03, 2012

Crédito

"Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobre multidão de pecados (I Pe 4.8).

Não sei como você entende esse texto, mas sei que ontem me chamou muito a atenção. Pensei nele sob uma perspectiva que nunca tinha observado. Conversemos sobre isso então.

O chamado para o amor é o assunto principal da Bíblia. Gosto de repetir uma frase: Deus não TEM amor, Ele É amor (I Jo 4.8). São duas coisas completamente diferentes. Eu tenho paciência, mas me chamar de Sra. Paciência infelizmente é um pouco demais. Dizer que alguém é alguma coisa é muito forte; é falar da sua essência, da sua marca distintiva, daquilo de mais peculiar que alguém tem.

Lembro-me de ler nos escritos de Moisés sua afirmação acerca dele próprio dizendo ser o homem mais manso da terra. E seus relatos demonstraram que isso era verdade. Várias vezes ele foi posto à prova pelo povo, por alguns que se consideravam melhores do que ele, pelos seus próprios irmãos. Sua irmã Miriam e seu irmão Arão um dia o desafiaram diante de todo o povo. Disseram: "Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu". O que eles queriam era liderar junto com Moisés, confrontar sua liderança e reparti-la entre os três. O Senhor viu isso, não gostou e puniu a ambos, de sorte que Miriam ficou leprosa. Moisés, com toda a sua mansidão, pediu a Deus pela saúde dela e o Senhor o atendeu. Em uma segunda oportunidade, o povo irritou a Deus e este propôs a Moisés fazer dele uma nova nação depois de destruir todo o povo, mas sua resposta foi magistral: ou eu vou com todo mundo ou risque o meu nome do livro da vida. Espetacular isso, não é mesmo?

Eu não ousaria dizer que sou a mais mansa da terra e nem mesmo que eu sou amor. Estou ciente de que falta um bocado, mas também estou ciente de que o amor de Deus já foi derramado no meu coração e eu posso amar as pessoas como Ele as ama. Tenho isso como meta. Estou em treinamento.

O verso acima nos dá uma ordem clara: ame aos outros, mas não de qualquer forma: ame ardentemente. Para amar ardentemente é preciso praticar um bocado, porque é a prática que nos especializa. Não sei se você sabe cozinhar, mas, mesmo que não saiba, quando começamos a praticar, vamos ficando cada vez melhores. À medida que provamos nossa comida, vamos aperfeiçoando o tempero, melhorando o preparo, escolhendo melhor os ingredientes e até mesmo nos animando a cozinhar mais, porque a prática nos leva a gostar.

Eu já falei aqui no blog sobre a importância do hábito. Quanto mais lemos, mais gostamos de ler; quanto mais comemos, mais gostamos de comer. Não sei se você sabe que muitos bebês que são amamentados por suas mães rejeitam comida no princípio. Lembro-me do Ricardo obrigando a Júlia a pôr na boca uma colherada de sorvete. Ela nem queria provar. Até hoje meus filhos não querem provar um monte de coisas gostosas.

O amor também precisa ser praticado até passar a ter sabor na nossa vida. Quanto mais damos, mais gostamos. E como se pratica o amor? Com exercícios diários das atividades descritas em I Coríntios 13: o amor é paciente, não sente ciúme, não torna o mal por mal, não é inconveniente, é bondoso...

O texto aí de cima diz que o amor cobre uma multidão de pecados. Sempre li isso pensando na capacidade de perdoar. Se amo alguém, devo me esquecer de todos os seus erros, perdoar setenta vezes sete num único dia. Ontem, porém, compreendi esse texto por outro prisma. Quando amo alguém, o fato de amar faz com que uma multidão de pecados meus sejam perdoados. É um antídoto poderoso contra o pecado. A Bíblia pergunta: "Quem há que possa discernir as próprias falhas"? Erramos em muitas coisas. Pecamos muito, mas, se amamos ardentemente, podemos ficar tranquilos, porque temos um lastro.

O amor é como um crédito que temos na nossa conta. Fazemos dívidas, gastamos, gastamos, gastamos, e o amor é o recurso que nos permite saldar essas dívidas. Veja que uma moedinha de amor vale muito, mas muito mesmo: cobre multidão de pecados. Uma multidão de pecados são muitos pecados, não é mesmo?

É fácil entender porque essa moedinha vale tanto, como um dia já valeu o dólar, o ien ou o euro: na verdade, quem ama peca menos, porque tolera mais, não sente inveja, ciúme, não se ira com facilidade. O amor é um anticorpo muito poderoso contra a bactéria do mal, o vírus do pecado.

Acho engraçado ver como dinheiro atrai dinheiro. Quem ganha muito tem privilégios de não pagar administração de conta corrente, anuidade de cartão de crédito, tem bônus, prêmios, descontos. Não deveria quem tem menos receber esses benefícios? Mas sabemos que não é assim.

Com o amor ocorre o mesmo. Quanto mais se ama, mais se é amado; quanto mais se ama, menos se tem pecado - até rimou; quanto mais se ama, mais crédito se tem. O amor não é um benefício para os outros, mas um salvo-conduto para nós mesmos.

Ame muito, ardentemente, de todo coração! É bom ter crédito na conta.