quarta-feira, janeiro 22, 2014

Você sabe quem sou eu?

"Você sabe quem sou eu? Sabe com quem está falando?" Conhecemos bem essas perguntas e o que seus interlocutores querem dizer. Em suma: "Estou acima da média, faço parte de um grupo seleto, tenho credenciais".

Outro dia li um artigo interessante em que o autor dizia que antigamente o que importava para as pessoas era ser. Depois, chegou o tempo em que tornou-se mais importante o ter. E hoje, infelizmente, a tônica é parecer. Não importa se você não é, nem se você na realidade não tem, afinal, se só parecer quem vai saber?

Fico impressionada com alguns detalhes da Bíblia. Hoje, especialmente, com a forma como os escritores das cartas se apresentam. "Eu, Tiago, escravo de Deus e do Senhor Jesus, escrevo às doze tribos espalhadas que aguardam a vinda do Reino: Saudações!" (Ti 1.1). Paulo também se apresentava assim humildemente, referindo a si mesmo como servo de Deus, escravo de Jesus, alguém que alcançou misericórdia.

Quero falar do caso específico de Tiago. Esse autor das cartas não era o discípulo, irmão de João. Era nada mais nada menos do que irmão de Jesus Cristo, filho de Maria: "Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, e José, e Simão, e Judas?" (Mateus 13:55,56). Poder dizer que era irmão de Jesus era uma ótima credencial, não é mesmo? Imagine o status que poderia alcançar na igreja primitiva alguém que tivesse no seu currículo um parentesco com o Mestre?

E havia ainda mais. Tiago era o líder da igreja, o coordenador-geral, "o cara", pode-se dizer. Quando Paulo procura os discípulos para estabelecer as bases doutrinárias da pregação entre os gentios é Tiago quem o recebe e quem estende a ele a destra da comunhão, dando a Palavra final, conforme registrado no livro de Atos. Juntamente com Pedro, ele era "o maioral".

É interessante ver como apresentamos a nós mesmos, como queremos ser tratados, com que deferência, quais são as credenciais que expomos. De um modo geral, não queremos estar na média. Queremos ostentar coisas que mostrem aos demais que estamos num nível "superior". Queremos parecer. Isso vai de encontro ao que nos ensina a Palavra. Se temos algo de que nos orgulhar, certamente não é a bolsa de marca, o carro do ano, o título de phD, a beleza física, a casa chique, a conta bancária recheada, o cartão de crédito ilimitado... Se queremos nos orgulhar de algo, deve ser assim: "O Senhor disse: 'O sábio não deve se orgulhar da sua sabedoria, nem o forte, da sua força, nem o rico, da sua riqueza. Se alguém quiser se orgulhar, que se orgulhe de me conhecer e de me entender; porque eu, o Senhor, sou Deus de amor e faço o que é justo e direito no mundo. Estas são as coisas que me agradam. Eu, o Senhor, estou falando" (Jr 9:23,24).

É lindo ver uma pessoa grande se apresentando com simplicidade. Fico maravilhada ao ler Jesus dizendo aos abençoados a quem Ele curou: "Não conte nada a ninguém", como Ele fez várias vezes. Amo a história do cego a quem Ele curou fazendo lodo nos olhos, mandando que se lavasse. Quando o cego volta, onde está Jesus? Ele não sabia. Como era seu rosto? Em que sinagoga poderia ser encontrado? Depois Jesus volta e fala com ele, não para fazer propaganda de Si mesmo, mas para revelar-Se a ele, dando-lhe a esperança da salvação.

Fico pensando nos motivos por que insistimos em exibir nossas credenciais. Para quê? Por quê? Para quem? AquEle que precisa conhecê-las já sabe tudo a nosso respeito. É a Deus que prestaremos conta. Os outros não poderão fazer nada por nós quando o grande dia chegar. Aqui tudo é passageiro. 

Encerro por hoje falando de alguém que estava também na crista da onda: João Batista. Toda a cidade corria até ele para o batismo. Era respeitado, admirado. Ele promoveu uma revolução. E diante de seus discípulos, pessoas que o ajudavam muito em seu ministério, talvez até mantenedores dele próprio, ele preferiu sair de cena caladinho, mas não sem antes dizer que ele não era lá "grande coisa", mas, se assim o consideravam, não deviam mais fazê-lo: "É necessário que ele [Jesus] cresça e que eu diminua" (Jo 3:30).

Como aprendemos com os exemplos das escrituras! Opção interessante a de Tiago: entre ser conhecido como irmão de Jesus, um dos principais da igreja ou um escravo do Mestre, opta por ser "um escravo,  um ninguém, sem credenciais a exibir".

"Você sabe quem sou eu?" Estou descobrindo dia a dia.

terça-feira, janeiro 21, 2014

Depois dos Três eFes

Olá! Bom dia! Feliz ano novo! Finalmente escrevo o primeiro post do ano. Já não era sem tempo, afinal, os três "F" se foram. E como eles são necessários! Aproveitei cada um deles e espero que você também.

Os três F são essenciais para o rito de passagem. Precisam ser vividos intensamente. Vejamos quais são.

Primeiro, encaramos o F das Festas, item necessário para esse tempo de transição que é a mudança de ano. O mês de dezembro vem recheado de muitas comemorações. Graças a Deus terminamos o ano celebrando e abrimos o novo ano celebrando. Antes de virar o ano, há um tempo para renovar a aliança com Deus, examinarmos a nós mesmos para ver se realmente estamos na fé, celebrar a coisa mais importante que já nos aconteceu que foi o fato de Jesus nascer para nós e, depois, nascer em nós. É muito importante celebrar a festa do Natal, parar tudo para agradecer, especialmente em família. Amo o que o Natal representa, o nascimento de um Salvador que me deu uma nova família, uma nova oportunidade, a chance de me tornar Sua filha, uma herança, um Conselheiro, uma esperança. Reunir com os nossos parentes para celebrar essas bênçãos é maravilhoso!

Abrir o ano agradecendo, com expectativas renovadas, com festa é sublime também. Celebro a passagem de ano sempre na igreja, louvando a Deus por tudo o que já foi e dizendo que confio nEle e estou certa de que fará sempre o melhor para mim. Assim, posso descansar, sabendo que Ele já escreveu o meu 2014, já visitou cada um dos dias deste novo ano, por isso posso ter as melhores expectativas. 

O segundo F é o da Folga. Nesses tempos de festa, experimentamos alguns dias de folga, alguns feriados. Mas a folga de que estou falando não é a do dia em que não trabalhamos, mas a que damos para nós mesmos. Parece que nos livrarmos, pelo menos temporariamente, da pressão, nos dando a chance de pensar um pouco em nós. Com certeza, comemos coisas gostosas e demos um tempo da balança; compramos roupas novas, caprichamos no visual e nos lembramos de como somos lindos, cheirosos e educados quando queremos; deixamos a solitude e nos alegramos em família; compramos alguns presentes para nós e para os outros, felizes com a nossa generosidade e com a possibilidade de ver alguém sorrir; paramos para cultuar, assistindo a programações maravilhosas nas igrejas. Folga para a balança, para o bolso, para a seriedade, para as exigências da vida, para o relógio, para o mau humor. Folga para nós. Problemas? Só serão resolvidos depois de curtirmos esse F.

Por fim vem o F que eu acabei de gozar: Férias. Quem não experimenta suas próprias férias, mas é pai ou mãe, está a experimentar as férias dos filhos. Há quem reclame. Eu não: me alegro por tê-los em casa, poder estar mais perto, poder vê-los se divertindo sem as obrigações do dever de casa, dos horários. 

Agora é hora da voltar à vida normal. Aliás, hora de recomeçar, mas fazendo tudo melhor.

Gosto de pensar que temos um ano pela frente, na esperança de que Deus nos concederá ainda muita vida para viver. Não estou esperando morrer amanhã, embora tenha a mais absoluta certeza de que estar com Deus é muito melhor do que qualquer coisa que eu possa imaginar para esta vida. Mas sei que ele ainda tem planos pra mim aqui e que ainda há muito a fazer. Então, chegou a hora de renovar as expectativas, de fazer novos planos.

Não queremos terminar o ano de 2014 como terminamos o anterior, não é mesmo? Queremos fazer mais e melhor, ir mais longe, avançar. Sei que você, como a maior parte das pessoas, fez algumas reflexões, alguns balanços do que ganhou e o que perdeu no ano passado, das metas alcançadas e das expectativas frustradas a fim de se corrigir. Muitos terminaram o ano estressados, cansados, desanimados. Por quê? Porque planejaram mais do que conseguiram alcançar, cobraram muito de si mesmos. Para este ano, não querem que isso se repita.

O que deveríamos querer para 2014? O que Deus tem para nós, afinal, Sua vontade é boa, perfeita e agradável. E o que será que Deus quer de nós? Voltemos à Palavra. Está tudo lá. Se conhecermos e obedecermos, nosso ano será um sucesso.

Em Deus o nosso futuro está garantido. Em Suas promessas estamos seguros. Na Sua Palavra temos as garantias de que precisamos. Se confiarmos nEle e Lhe obedecermos, tudo nos irá bem. Temos medo de Deus porque achamos que suas exigências são altas demais, muito além daquilo que podemos realizar. Não é nada disso. Nós nos esquecemos de que Ele enviou seu próprio Filho para morrer por nós, nos deu uma nova família, nos aceitou com seus filhos, nos deu uma herança, fez habitar dentro de nós o Seu próprio Espírito. Quer graça maravilhosa! Deus nos ama. Nada fará com que Ele nos ame mais, nem que nos ame menos, pois já nos ama na totalidade do Seu Ser. 

Conforme vamos amadurecendo, constatamos que a vida é simples, que precisamos de muito pouco para ser feliz e diminuímos nossas exigências e expectativas. Até mesmo em relação a Deus temos expectativas muito elevadas. Achamos que Ele quer tanto de nós que somos incapazes de satisfazê-las, então isso se transforma em um obstáculo no nosso relacionamento e termina por afastar-nos dEle.

Justamente para corrigir o nosso foco, para nos ajudar nas decisões de 2014, que estou certa de que será um ano maravilhoso, trago este texto: “E agora, ó Israel, que é que o Senhor, o seu Deus, pede a você, senão que tema o Senhor, o seu Deus, que ande em todos os seus caminhos, que o ame e que sirva ao Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração e de toda a sua alma, e que obedeça aos mandamentos e aos decretos do Senhor, que hoje dou a você para o seu próprio bem?" (Dt 10:12,13).

Não precisamos fazer muita coisa, não precisamos nos cansar, Deus não está fazendo grandes exigências. Aí está tudo que Ele nos pede, Seus bons conselhos para este ano: que tenhamos por Ele, por Seus conselhos, por Sua Palavra um respeito reverente; que andemos em Seus caminhos - deixe-me fazer uma pausa aqui. Veja que Ele quer que nós andemos no caminho dEle e não que O convidemos para andar no nosso. Como diz o livro de Provérbios, há caminhos que ao homem parecem direitos, mas, ao final, são caminhos de morte. Esses são os caminhos do homem. Os de Deus são caminhos de vida.

Mais um conselho: que O amemos e O sirvamos de todo o coração. Por fim, que obedeçamos aos Seus preeceitos para o nosso bem. Só isso. Antes de me despedir, preciso relembrar este texto: "Pois amar a Deus é obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são difíceis de obedecer" (I Jo 5:3 NTLH). Em outra tradução: "Porque nisto consiste o amor a Deus: em obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados" (I Jo 5:3 NVI).

Bom, o que Deus quer de nós é isso aí, simples assim.

Feliz 2014 para nós, sem fadiga, sem estresse, sem dor, sem frustrações, agradando a Deus, vivendo nEle e para Ele. É isso que desejo para nós! Andar com Deus a cada dia deste ano é sucesso garantido.