quinta-feira, abril 19, 2012

Nasci para sofrer?

A falta de conhecimento é uma coisa desastrosa. A Bíblia é chamada de lei de Deus e, como toda lei, ampla, geral e irrestrita. Precisa abranger todos os casos, por isso, às vezes, não é tão específica quanto gostaríamos. Além disso, é preciso um conhecimento muito amplo, porque um texto completa o outro. Não sei se você sabe, mas, por causa dessa inespecificidade, os fariseus organizaram vários compêndios explicando a lei dada por Moisés. São os chamados Talmudes. Eles existem até hoje.

Quer ver como é preciso explicações? Nos dez mandamentos está escrito: Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra (Ex 20.8). Parece claro o texto? Então me diga o que é trabalho. Os fariseus decidiram explicar o que era trabalho: carregar qualquer coisa, colher espigas etc. Salvar um jumento pode, mas um paralítico ser curado e carregar sua cama era uma ofensa gravíssima. Foi por causa dessas interpretações humanas que ficaram tão furiosos com Jesus. Ficavam de olho para ver se Ele iria curar no sábado. A ponto de o Mestre perguntar: É lícito fazer o bem, ou o mal [no sábado]? Salvar a vida ou tirá-la (Lc 6.9)?

A questão é a seguinte: muitas vezes o que sabemos tem muito mais a ver com o que nos contam do que com o que a própria Palavra nos diz. E por que estou dizendo tudo isso? Já conto.

Aprendi que cristão deve sofrer, que o caminho do céu é dificílimo, que pouquíssimos serão salvos, que temos uma cruz pesadíssima para carregar. Assim muitos interpretam o versículo: Se alguér quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me (Lc 9:23,24). Também está escrito no livro de Provérbios: Quem teme o Senhor terá uma vida longa, feliz e tranquila (Pv 19.23). Talvez você queira me dizer: espere aí, Keila, é para ser feliz ou ir à cruz? As duas coisas.

Há uma cruz, sim, para os cristãos. E eles já foram para ela: Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado (Rm 6.6). Já estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (Gl 2.19). A marca do cristão, é por isso que recebemos esse nome, é a aceitação do sacrifício de Cristo e sua identificação com Ele. Recebemos tudo o que Ele fez e sabemos que Ele vive ainda hoje dentro de nós. Por isso não precisamos derramar sangue, pois Ele o fez; não precisamos morrer na cruz, Ele o fez; não temos mais condenação, porque Ele nos livrou dela: Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito (Rm 8:1).

Então por que Jesus nos falou da nossa cruz? Porque ainda há algo a fazer. Temos um espírito vivo, mas ainda temos uma carne [desejos, motivações, intenções] viva também. A cruz é para essa carne. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências (Gl 5.24). Apesar de nossa carne já estar crucificada, ela quer ainda nos controlar. Ela luta contra o espírito e quem decide o vencedor somos nós. A carne precisa ser mortificada, assassinada na cruz, mesmo: Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis (Rm 8.13). Precisamos lembrá-la de que ela não tem mais domínio sobre nós, crucificando ainda todas as paixões que ela desperta.

É assim: certas coisas parecem muito prazerosas, mas são altamente danosas. Já citei este exemplo, mas quero repetir. Quando bebês, meus filhos pareciam ter uma fixação por tomadas. Onde as viam queriam pôr o dedo. Tive que tapar todas as da minha casa. Poderiam parecer extremamente atrativos aqueles dois buraquinhos, mas, de tão danosos, podem matar. As paixões da carne, parecem inicialmente prazerosas, mas são mortíferas. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus (Gl 5:19-21).

Então, o que Deus está nos propondo, na realidade, como uma Pai muito amoroso, não é que percamos o prazer de viver e soframos todo dia, colocando na cruz tudo de bom que essa vida ainda pode dar. NÃO! O que Ele quer é que não nos prejudiquemos, fazendo aquilo que, no fim, vai nos matar: Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis (Rm 8:13).

O que está escrito na Bíblia é tudinho verdade. Deus quer para nós uma vida prazerosa. Promete-nos em Sua Palavra alegrias indizíveis. Repito o texto lá de cima: Quem teme o Senhor terá uma vida longa, feliz e tranquila (Pv 19.23). Quem diz que você foi feito para sofrer não entendeu nada. Se Jesus já sofreu por você, vai sofrer para quê?

Só precisamos entender que Seus mandamentos são para o nosso bem, são protetores e não restritivos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; ora, os Seus mandamentos não são penosos (I Jo 5.2,3).

Vai acreditar no que dizem por aí ou buscar entender?

Estudar a Bíblia não é tudo de bom?

Bom-dia!



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