quinta-feira, setembro 30, 2010

Quartel General

A nossa casa é o nosso quartel general, o principal centro de treinamento que temos. Como diz Mike Murdock: “Se você sobreviver à sua família, sobreviverá a qualquer coisa”.  
O pior inimigo que se pode ter é aquele que vem da própria família, pois ele detém informações privilegiadas, sabe que tipo de arma funciona contra você, conhece como poucos os seus pontos fortes e os seus pontos fracos. Como foi treinado no mesmo lugar que nós, dispõe de “material genético, ferramentas físicas e emocionais muito semelhantes”, é muito difícil lutar contra ele. Além disso, frequentemente nem vale à pena entrar nessa guerra.
Hoje estava lendo a história de José do Egito, de quem sou fã de carteirinha, principalmente porque ele é tudo o que não sou. Não sei se suportaria a distância dos familiares, principalmente dos pais, a traição de gente tão próxima, o treinamento na casa dos outros, a prisão... Não sei se teria a grandeza de perdoar tão lindamente.
A importância dos pais para o sucesso das próximas gerações é muito grande. A Bíblia demonstra como os pais abrem e fecham portas para as próximas gerações. Abraão abençoou a Isaque, a Jacó e sua bênção chega até nós. Por causa de Davi, suas gerações receberam a promessa de, obedecendo a Deus, herdarem o trono para sempre. Mas assim como somos um grande canal de bênção, também somos propensos a repetir erros.
Jacó foi o filho predileto de sua mãe. Ele sabia muito bem quais eram os efeitos dessa predileção. Por causa das atitudes de sua mãe, foi enviado à casa do tio e jamais teve a oportunidade de revê-la. Apesar de ter vivido essa experiência, repetiu o mesmo erro e sofreu consequências bastante semelhantes. Não fosse a misericórdia de Deus, ele também jamais veria novamente seu filho José. Por causa da predileção descarada que demonstrou, provocou o ódio de seus outros filhos, o que fez com que ele se distanciasse do predileto por muitos anos. Os irmãos de José o odiaram a ponto de fazê-lo sair de casa muito cedo e ser privado da companhia de seu pai. Quanta responsabilidade está sobre nós os pais!
A guerra empreendida por seus irmãos foi uma prova muito dura. Eles conspiraram contra ele e conseguiram envenenar a todos. Apenas Rúbens defendeu seu irmão, não se sabe se pela responsabilidade de ser o mais velho ou se realmente se importava com ele. Depois retiraram dele a túnica, que espiritualmente significa a couraça da justiça e o cinturão da verdade – ele foi vítima da mentira e da injustiça. Lançaram-no num poço – como deve ter sido difícil sair dele! E ainda conseguiram se dar bem – saíram sem o irmão, que para eles era um oponente, e ainda com dinheiro no bolso.
Os irmãos de José pensaram que seriam capazes de frustrar os projetos de Deus para ele. Disseram: “Vamos ver o que vai acontecer a esse sonhador”. Em outras palavras: “Vamos ver se seus sonhos se realizarão” (Gn 37.20). Mas Deus é Deus, governa, reina absoluto, não muda Seus propósitos, transforma mal em bem, paira sobre o caos... Embora tenha perdido o seu centro de treinamento, pois não tinha mais acesso à sua casa, Deus providenciou para José outro lugar de treinamento: a casa de Potifar.
Fiquei encafifada querendo saber o que significava a casa de Potifar na vida de José. Entendi que ele deveria ter sido treinado na sua própria casa. E olha que não seria nada fácil. Disputar com onze irmãos... Se lá em casa, que são só dois, a disputa é grande, imagine com onze! Ele perdeu essa oportunidade, mas Deus providenciou para ele uma outra casa como centro de treinamento para cumprir a Sua própria Palavra que afirma que quem não governa bem a própria casa não está apto a governar nada mais. Como seria o grande governador do Egito sem ser um bom governador de uma casa?
Antes de ser o grande governador do Egito, ele foi o grande governador da casa de Potifar. A história conta que ele dominou aquele lugar a ponto deste não saber de coisa alguma a não ser do pão que comia: E aconteceu que, desde que o pusera sobre a sua casa e sobre tudo o que tinha, o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo. E deixou tudo o que tinha na mão de José, de maneira que nada sabia do que estava com ele, a não ser do pão que comia (Gn 39.5,6).
Nossa casa, nosso quartel general. E a responsável pelo treinamento dos meus filhos até que sejam enviados à guerra? Eu.
Senhor, socorre-me!!!

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