sexta-feira, setembro 24, 2010

Assuntos "Espirituais"

Estamos na reta final de um processo que determinará como seremos governados fisicamente pelos próximos quatro anos. Podemos dizer que somos apolíticos, que quem nos governa mesmo é Deus e não os homens e simplesmente enfiar a cabeça no buraco e fingir que não temos absolutamente nada a ver com isso.
Sei que muitos crentes ficam furiosos quando pastores falam sobre política, dinheiro ou outros assuntos que consideramos nada espirituais, como se realmente houvesse assuntos espirituais e assuntos seculares, como se pudéssemos separar o homem espiritual e o homem carnal que somos nós, como se viver no reino dos céus fosse possível sem estar aqui e agora, submetendo-nos ao governo do Presidente Lula e sua equipe.
É claro que também penso que nomes de políticos não devem ser levados ao púlpito, mas também sei que os princípios que regem este mundo, todos eles descritos na Palavra, devem ser pregados e reiterados todos os dias, principalmente na igreja, que é o lugar onde deveríamos nos sentar para ouvir as instruções do Espírito Santo, o que significa aceitar Seus conselhos, que têm a ver com o mundo espiritual, mas também disciplinam o mundo físico.
Podemos continuar inanimados, vendo o mal crescer e reclamando por terem os nossos filhos de assistir a pessoas do mesmo sexo se beijarem na escola. Podemos dizer que não nos interessa em nada saber se aposentados ganharão mais ou menos, se a justiça funciona ou não, se lei da homofobia vai ou não ser aprovada. Só não podemos e nem devemos dizer que isso é postura de cristão, até porque a Bíblia diz: A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo (Ti 1.27).
A verdade é o seguinte: Deus espera que a Sua igreja seja um agente transformador da sociedade e não uns alienados que deixam órfãos e viúvas serem explorados, pobres morrerem à míngua, crianças não terem futuro algum enquanto nós cuidamos da nossa “vida espiritual”.
São fartos os textos nos Evangelhos que comprovam que Jesus se comovia com as multidões, chorou pela Jerusalém que matava os profetas e apedrejava aqueles que lhes foram enviados, se envolveu com os marginalizados, pagou impostos e se submeteu à autoridade de Roma, podendo sair voando da cruz, mas decidindo morrer a morte cruel que lhe foi imposta por um governo injusto e tirano.
Ainda que queiramos ser “os espirituais”, os assuntos do mundo físico nos acompanharão até o dia da nossa morte. Teremos de nos submeter às leis e às autoridades, pagaremos impostos como todo mundo, contemplaremos o avanço ou o retrocesso da lei e da sociedade, precisaremos ter e usar documentos que comprovam que somos cidadãos.
É hora de votar como cristão, como quem se importa com quem fará as nossas leis, de se preocupar em eleger quem representará de fato a nossa opinião, quem mostrará nos órgãos públicos o que é ser cristão, para que não tenhamos o desprazer de ouvir nossos colegas de trabalho dizerem: “Caiu mais um pastor safado”.
Não incentivo ninguém a votar ou a deixar de votar em pastor. Espero que votemos, sim, em pessoa competente, preparada, consciente, honesta, de caráter ilibado, de ficha limpa e tudo isso não tem muito a ver com o fato de ser ou não “evangélico”. Espero que nestas eleições as igrejas que somos nós próprios e não os lugares onde congregamos cumpram com sua obrigação de votar com consciência e de obedecer ao que diz Deuteronômio 7:14: Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, me buscar e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.

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