quinta-feira, setembro 16, 2010

O Bilhete Premiado

Recentemente o prêmio para quem acertasse na Mega-Sena era de mais de R$80 milhões. Eu me peguei planejando com o Ricardo o que faríamos se ganhássemos, o que era impossível porque não jogamos. Nos nossos planos distribuímos dinheiro, construímos um templo, investimos um pouco, viajamos, gastamos e fizemos muita coisa. Sonhar não faz mal e não paga imposto, não é mesmo?

De acordo com alguns livros que tenho lido recentemente, tudo de que precisamos para ter uma vida confortável e feliz está ao nosso alcance. Só precisamos reconhecer. E é aí que mora o problema. Nem sempre conseguimos ver aquilo que está diante dos nossos olhos. Muitas vezes só vemos o que queremos. Um exemplo crasso disso que estou falando está no verso 19 do capítulo 21 de Gênesis: Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço de água. Agar estava no deserto, esperando morrer de sede com um poço bem à sua frente. Enquanto Deus não abriu os seus olhos, ela não conseguiu enxergá-lo.

Agora volto ao título deste post. Agar recebeu um bilhete premiado quando Sara a convidou para deitar-se com seu marido e dar a ambos um filho. Não era nada estranha essa proposta para a época, aliás, nem sei se o é hoje, já que ouço falar das barrigas de aluguel. Mas pense comigo: Agar era uma escrava egípcia, sem futuro algum, sem qualquer chance de deixar herança para os filhos que viesse a ter. De repente, recebe a proposta de sua patroa de dar-lhe um filho que garantiria a ela uma pensão vitalícia, já que Abraão era um homem riquíssimo. E o que aconteceu? Sara ganhou na loteria. Deitou-se com Abraão e concebeu. Seus problemas e os da sua descendência poderiam estar resolvidos para sempre. Fácil, não é? Nem tanto.

Semana passada o Ric assistiu a um programa na TV que mostrava um homem que havia sido premiado na loteria com algo em torno R$30 milhões. Em cinco anos, ele conseguiu acabar com tudo. Não comprou uma casa para si próprio nem para sua mãe, não guardou nada, nem sabe como conseguiu gastar tudo. Ele simplesmente não discerniu a oportunidade que tinha em mãos.

Com Agar aconteceu o mesmo. Ela cometeu um erro infame que talvez seja um dos mais graves que podemos cometer: desonrou a autoridade. A desonra à autoridade é algo fatal. A Bíblia diz que a autoridade existe para o louvor daqueles que fazem o bem e correção daqueles que fazem o mal (I Pe 2.14). Deus não quer que estejamos arrolados na turma dos que fazem o mal, pois diz que fomos preparados de antemão por Ele para boas obras. Não devemos ser contados entre os ímpios e malfeitores. Mas ainda que sejamos boazinhas, façamos tudo certo, lei é lei. Plantou vai colher. E a semente da desonra tem resultados catastróficos.

Veja só o que fez Agar: Antes mesmo que o bebê nascesse, vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada (Gn 16.4). Manda quem pode, obedece quem tem juízo. O que foi que Sara fez? Foi cruel com ela e, sem discernir que o erro estava nela própria, Agar resolveu fugir. Mas Deus foi bom. Disse a Agar exatamente onde estava errando e o que deveria fazer para acertar: Então, lhe disse o Anjo do Senhor: Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos (Gn 16.9), mas ela não aprendeu a lição. Posteriormente Ismael comete o mesmo erro, desprezando Isaque e a história dele e de sua mãe termina com a expulsão de ambos da presença de Abraão e de Sara sem receber o valor do bilhete premiado que era a herança advinda de sua filiação. Foram mandados embora com uma mão na frente e outra atrás.

Só para que você entenda bem isso que estou a dizer, Zilá e Bila, escravas de Lia e Raquel, receberam a mesma proposta por parte de suas senhoras: deram a elas filhos dos seus maridos, ou seja, emprestaram suas barrigas para que suas patroas fossem mães. E como terminou essa história? Os filhos delas foram contados entre as doze tribos de Israel. Terminaram suas vidas ricos e honrados. Quanta diferença de Ismael, não é?

Espero que aprendamos essa dura lição sobre a honra às autoridades. Não importa quem sejam elas. A desonra à pessoa certa pode ser mais fatal do que a honra à pessoa errada. Repito o que já disse aqui no blog: a autoridade não é o obstáculo a ser transposto, mas a ponte para a próxima etapa.

Pense nisso!


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