sexta-feira, abril 05, 2013

O caso Pastor Marco Feliciano

O que me faz escrever o texto de hoje é saber este texto aqui: "Quem comigo não ajunta, espalha". Quer dizer, Deus espera que eu ajude a ajuntar no reino espiritual. Com aquele papo de que quem não atrapalha já ajuda não concordo. Quem ajuda ajuda. Quem não se manifesta, não age, não ajuda, por consequência, atrapalha.

Assim, tendo em vista tudo o que tenho lido nos jornais, no facebook, na mídia, resolvi me posicionar. E a questão é a permanência de um Deputado que se diz pastor na presidência de uma comissão na Câmara dos Deputados.

Lamento muito tudo o que tenho lido, principalmente no Correio Braziliense. Acho que, desde que a história começou, pelo menos umas dez vezes o assunto ocupou a capa do jornal. A notícia sempre tendenciosa: contra ele. No Facebook vejo meus amigos evangélicos se manifestando contrariamente, grande parte deles. Não concordo com grande parte do que dizem. Não pare de ler, não, agora que já tem ideia de como vou me posicionar. Leia meus argumentos e reflita sobre a questão. Espero que você não perca nada lendo este texto aqui.

A primeira discussão que vejo é acerca da representatividade do Marco Feliciano como pastor evangélico. Ele mesmo se intitula, foi assim o nome de parlamentar que escolheu na Câmara dos Deputados: Pastor Marco Feliciano. Totalmente descabida são as afirmações daqueles que postam no Facebook: "Marco Feliciano não me representa". Aceito isso da parte dos eleitores de São Paulo que não fizeram opção por ele. Mas ver pessoas de Brasília e de outros estados dizerem isso é, no mínimo, absurdo. É claro que Marco Feliciano não nos representa! Isso nem precisa ser dito. É claro que não o elegemos. Foram pouco mais de 211 mil paulistas, de acordo com o Correio Braziliense.

O deputado tem muitos patrões aos quais deve justificativas. Acreditaram nele, deram a ele um emprego, concordaram com as propostas dele, que nem fiquei sabendo quais são. Não assisti a uma só de suas apresentações no horário eleitoral. Ele tem muitos patrões, e não sou eu. Portanto nem deveria me envolver nessa questão, mas, de outro lado, digo que deveria, porque sou a patroa de todos eles no momento em que pago os meus impostos, por isso, o salário que recebem depende também de mim.

Falando de representatividade, poderia dizer que mais de 211 mil pessoas estão dispostas a pagar o salário dele. Enquanto isso, os principais articuladores de sua saída da comissão têm quase 2.000% menos votos que ele. Se não tivessem sido puxados por coligações, nem deputados seriam. Então só para começar, o voto dele nem deveria valer o mesmo que o de outros poucos que tiveram uma votação quase insignificante. Mas lei é lei.

A esse respeito assisti a uma entrevista dada pelo Tiririca ao Paulo Henrique Amorim muitíssimo interessante. Quem se interessar pode achá-la na Internet. Ele dizia que se decepcionou com Congresso Nacional porque o voto dele, que foi eleito por milhares de pessoas, tem o mesmo valor do de gente que recebeu poucos votos. Embora represente a muitos, descobriu na vida parlamentar que pode fazer muito pouco. Seu dizer tem um quê de frustração. Revelou na entrevista que conversou com parlamentares que estão em terceiro ou quarto mandato e não conseguiram ainda aprovar um só projeto.

Digo tudo isso apenas para informar que Marco Feliciano tem tanta força quanto todos os outros, ou nenhuma força como nenhum outro. Se é assim, não acham que o estardalhaço está grande demais?

Os políticos, classe que o Pastor Marco Feliciano integra, decidiram, sem que eu concorde com isso, que eu sou obrigada a votar em todas as eleições. Por ser funcionária pública, se não o faço, sofro diversas penalidades. E não só eu, funcionária pública. Os brasileiros sofrem muitas penalidades se não forem votar, inclusive monetárias. Daí vale perguntar: o que estavam fazendo esses políticos que não compareceram à votação na Comissão de Direitos Humanos, que não fizeram essa campanha toda antes que Marco Feliciano fosse eleito? Que punição receberam por não terem voltado? É claro que receberam uma punição e têm que aceitar o veredito: ele foi eleito. Eram 18 votos possíveis. Conseguiu 11, quase maioria qualificada.

É um absurdo terem se eximido da responsabilidade votar. O que aconteceria comigo se eu também assim fizesse, se não comparecesse às urnas por não gostar dos candidatos? Para começar, não receberia meu salário. Aí aproveito para perguntar a vocês leitores se têm ou não gostado dos candidatos no interesse de quem somos todos obrigados a ir às urnas? Repito: nós somos obrigados e eles não foram por que mesmo?

O fato é que Feliciano foi eleito democraticamente, se é que isso se pode dizer. De qualquer forma, ele está legalmente imbuído da responsabilidade de presidir uma comissão. E é lá que deve permanecer, gostem ou não os que não concordam com ele. Nós brasileiros não concordamos com muita coisa que acontece no Congresso, não queríamos ser obrigados a votar porque muitas vezes nem temos candidatos, mas eles estão lá e nós temos por eles todo o respeito que merecem.

Outro dia fui passear num shopping em Curitiba, quando comecei uma conversa com uma senhora muito distinta no elevador. Ela me perguntou de onde eu sou. Disse que sou de Brasília. E fez uma brincadeira com os habitantes de Brasília que achei muito desagradável, dizendo que esta cidade está muito mal ocupada. Eu disse a ela que se ela se referia aos políticos que aqui estão, nós brasilienses colocamos muito poucos. A maior parte foi enviada por todo o resto do país. Então, se Brasília está mal habitada, é melhor eles mandarem pessoas melhores para a nossa cidade. Claro que disse isso sorrindo e tentando ser "elegante".

O que é legal, é legal. Devemos defender a democracia, devemos defender a legalidade, devemos ver respeitado o que eles próprios, os políticos, acordam. Esse que está instigando essa confusão toda no Congresso deveria ter ido à comissão votar e, se não foi, tem a obrigação de suportar a escolha da maioria.

Não quero discutir se Marco Feliciano está certo ou errado, se representa bem os evangélicos, se é assim ou assado. Ninguém vota porque é evangélico. Vota porque é cidadão brasileiro e preenche os requisitos. Então essa questão religiosa nem deveria estar em pauta. Marco Feliciano não está presidente de uma comissão porque é pastor. Se chegou ao cargo por isso, parabéns. É sinal de que conseguiu influenciar pessoas, e muitas. Parabéns para o Tiririca também, que teve uma votação ainda maior. Mas, ao que sei, na Câmara, o palhaço Tiririca é o Deputado Tiririca e o Pastor Marco Feliciano é o Deputado Marco Feliciano. Trabalha lá como todos os outros, faz o que fazem todos os outros, tem mesmos direitos que todos os outros, inclusive o de presidir uma comissão.

Repito: defendo a legalidade. Ele deve lá permanecer porque para isso foi eleito. Os patrões dele, os 200 e tantos mil que nele votaram, têm direito a isso. Ele não deu golpe na comissão para estar lá, simplesmente foi eleito. E não deve ser deposto por golpe. Querem tirar? Esperem seu mandato acabar ou descubram um motivo que se enquadre em lei.

Todo cidadão sabe que, quando em campanha, prometem mil coisas, quando eleitos, muitos não cumprem o que prometeram. E o que fazem seus eleitores? Ainda que contrariados, esperam a eleição seguinte.  

E tem mais. Melhor do que continuar discutindo isso, principalmente no Facebook, com argumentos vazios, seria todo mundo pegar o Regimento Interno da Câmara dos Deputados e ler o que faz um presidente de comissão. Essa comissão nem é grande coisa, nem tem poder terminativo. Estão superestimando um cargo que nem tem tanto poder. Está a parecer que ele é o novo presidente da República, ora bolas.  O que pode fazer naquela comissão é muito pouco diante da necessidade do Brasil de realmente ver direitos humanos sendo respeitados. 

Por essas e outras razões que nem vale a pena tomar tempo para continuar escrevendo, penso que Marco Feliciano deve permanecer presidente da Comissão de Direitos Humanos. E também que Jean Willys, Érika Kokai e os outros devem voltar a frequentá-la e discordar honesta e legalmente, sem tentar ganhar no grito ou na confusão. Que respeitem as leis que eles próprios ajudam a fazer! Simplesmente isso.

Deputado Marco Feliciano, melhor, Deputado Pastor Marco Feliciano, como queira, espero que cumpra seu mandato até o final. Quem sabe não me surpreende fazendo mais do que todos os outros que por aquela comissão passaram? Desejo-lhe sucesso e oro para que dê um bom exemplo.

Sobre esse assunto, é só. Página virada.


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2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Keila, seus comentários são pertinentes e ditos com a imparcialidade que o assunto merece. Concordo com você.

    Abç Rafael Lima

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