terça-feira, fevereiro 26, 2013

Nada de Covardia

Não há nada tão rico quanto estudar a Palavra de Deus. Nenhum recurso pode proporcionar maior riqueza do que comprar a própria sabedoria – Compra a verdade, e não a vendas; e também a sabedoria, a instrução e o entendimento (Pv 23:23). Invista em sabedoria este ano. Compre a verdade da Palavra de Deus. Como? Por todos os meios possíveis. Fale em línguas durante certo tempo todos os dias, ore pedindo sabedoria – E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada (Ti 1:5) –, leia a Bíblia com concentração, leia comentários bíblicos. Só por esses conselhos já fica claro que a sabedoria não é barata, mas, como diz o livro de Provérbios, nada se pode comparar a ela – Porque melhor é a sabedoria do que os rubis; e tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela (Pv 8:11); Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento; pois melhor é o lucro que ela dá do que o lucro da prata, e a sua renda do que o ouro (Pv 3:13-14).

Jesus é a sabedoria de Deus, a expressão exata do Pai. Ele não é como Deus; é o próprio Deus – O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa (Hb 1:3). Se você deseja ver a Deus, olhe para Jesus. Se deseja ver Jesus, olhe para Sua Palavra – Está vestido [Jesus] com um manto tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus (Ap 19:13).

Ler sobre o que Jesus fez me ensina o que fazer; ler o que Jesus disse me ensina o que dizer; ler a Bíblia me revela os pensamentos de Jesus, então, aprendo sobre o que pensar; ler sobre as reações de Jesus me ensina a disciplinar meus próprios sentimentos... Embora toda a Palavra de Deus seja Jesus, este ano estou me debruçando mais sobre os evangelhos. Como isso mudou a minha percepção! Como me tem feito me apaixonar ainda mais por Jesus!

Minha rasa leitura dos evangelhos dava-me a impressão de que Jesus era um pouco grosseiro, duro, inflexível. Um dia disse a Deus que precisava conhecer esse Deus Jesus que é – para mim deveria ser, porque eu não O via assim – amor. Como podia Ele responder aos fariseus como o fazia? Como poderia falar com Maria como fez por duas vezes? Então comprei comentários bíblicos dos evangelhos e entendi tanta coisa! Quantas vezes Ele foi testado, desafiado, descrido, maltratado e com quanta doçura respondeu a tudo isso! Isso vai me amaciando para a vida. Ah, como quero ser como Ele! Aliás, já o sou, mas ainda pela fé: Qual ele é, somos nós também neste mundo (I Jo 4:17).

Quero compartilhar com você algo muito simples que aprendi hoje e que talvez você o saiba faz tempo. O texto é este aqui: Os fariseus ouviram falar que Jesus estava fazendo e batizando mais discípulos do que João, embora não fosse Jesus quem batizasse, mas os seus discípulos. Quando o Senhor ficou sabendo disso, saiu da Judéia e voltou uma vez mais à Galiléia (Jo 4:1-3).

Estranho esse texto, não é? Ele quer dizer que Jesus saiu do lugar onde estava, deixou um trabalho maravilhoso que fazia, que era batizar pessoas, simplesmente porque soube que os fariseus sabiam que Ele batizava mais pessoas do que João. Precisamos entender o que há por trás desses versículos tão simples.

Jesus sempre soube o que deveria fazer, aonde deveria ir. Ninguém podia demovê-lo de seus propósitos. Certa vez, depois de fazer muitos milagres, retirou-se para orar e seus discípulos ficaram desesperados procurando por ele: E, ao encontrá-lo, disseram: "Todos estão te procurando!” Jesus respondeu: "Vamos para outro lugar, para os povoados vizinhos, para que também lá eu pregue. Foi para isso que eu vim” (Mc 1:37,38). Quem seria capaz de fazê-lo voltar? Ele já havia decidido aonde ir.

No texto em tela, Jesus parou de batizar quando soube que os fariseus tinham ouvido falar que ele batizava mais do que João. Quero lembrar que batismo é sinal externo de uma purificação interior que já se iniciou. O batismo já existia antes mesmo de João Batista. Era usado na conversão de prosélitos. E quem eram os prosélitos? Eram os gentios que decidiam viver como judeus. Antes de se tornarem praticantes da lei, aceitos na comunidade de Israel, tinham de descer às águas, evidenciando a todos que abriam mão de seus outros deuses, assumiam a responsabilidade de viver como um judeu em toda a extensão do que isso poderia significar, deixavam-se purificar de toda a “imundícia gentia”. Pouco tempo depois, João Batista começa a pregar um batismo não para a formação de prosélitos, mas para os próprios judeus. E eles precisavam ser batizados, precisavam de purificação? E como!

Jesus continua a prática da purificação através de seus discípulos. Ele também começa a purificar o povo, assim como João Batista vinha fazendo. Durante certo tempo, eles têm ministérios “concorrentes”, que não eram mesmo concorrentes porque João já havia dito que Ele era o Cordeiro de Deus, o Messias esperado. João já estava convicto de que ele diminuiria, sua influência seria menor e não estava nem um pouco preocupado com isso: Vocês mesmos são testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas sou aquele que foi enviado adiante dele. A noiva pertence ao noivo. O amigo que presta serviço ao noivo e que o atende e o ouve, enche-se de alegria quando ouve a voz do noivo. Esta é a minha alegria, que agora se completa. É necessário que ele cresça e que eu diminua (Jo 3:28-30).

Embora João tenha dito tudo isso a seus discípulos, estes não se conformaram. Queriam saber mais do que o seu mestre. Então começam a ficar entristecidos com o fato de Jesus batizar mais do que João. E os fariseus veem aí uma ótima oportunidade para começar uma confusão. Não criam no batismo de João, não criam no batismo de Jesus, mas a multidão cria. Gerar uma confusão a partir dos próprios melindres dos discípulos enfraqueceria a influência de ambos, daria início a uma disputa que não havia entre os dois, mas poderia deixar feridos. Quando sabe disso, Jesus sai de fininho.

Jesus amava a João, amava seus discípulos, amava as multidões. Então, abre mão de uma obra maravilhosa que estava fazendo. Todos saem perdendo, mas o reino sai ganhando.

Às vezes, isto é preciso na nossa vida: abrir mão de direitos, de coisas lícitas por amor a outros, para evitar confusões, para impedir a fofoca, até mesmo para nós não sofrermos. Se isso foi preciso para Jesus, quanto mais para nós! Ah, que coisa triste quando pessoas tentam nos envolver em conflitos quando esse não é nosso objetivo nem nossa vontade! E Jesus ensina aqui que, melhor do que insistir em ficar, sair de fininho pode ser uma atitude nobre.

O que para muitos pode parecer covardia para o Senhor pode ser nobreza de caráter.

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