quinta-feira, julho 21, 2011

Quem será?

Às vezes, passo por situações em que a sensação que tenho é que Deus está surpreso, não está ali, não está vendo, nem sabe. Tem horas que parece que estamos sós, jogados à própria sorte. Olhamos para nós mesmos e pensamos: e agora? O que fazer? Por onde começar?


É difícil entender os desígnios de Deus. Ele falou a Abraão: "O seu povo irá ao Egito e será escravizado durante quatrocentos anos". É claro que esse tempo tinha um significado. Havia algo para acontecer que demoraria quatrocentos anos para o ápice. Sei que o Espírito Santo um dia me revelará o porquê dos quatrocentos anos (se você souber, me conta).


Sei e estou cada dia mais convencida de que nada ocorre por acaso. Eu estava vivendo uma situação complicada no serviço e passei alguns anos clamando, mas parecia que Deus não estava ouvindo. Um dia Deus me mostrou este texto aqui na Palavra: "A maldade do povo amorreu ainda não atingiu a medida plena, exigindo castigo" (Gn 15.16). Sabe o que isso quer dizer? Que até a maldade tem uma medida. Enquanto não chegar àquela medida, não há punição.


A medida necessária para que os egípcios fossem punidos pela maldade de escravizar, torturar e matar os israelitas se daria em quatrocentos anos. Vencido o prazo, o libertador viria. E o mais interessante é que a gente sempre pensa que o libertador virá vestido de anjo, descerá do céu; é difícil aceitar que posso ter nascido na mesma casa que ele, que posso estar olhando para ele agora, que ele pode ser meu próprio irmão.


Como é difícil aceitar a grandeza que o Senhor planta dentro dos outros! Ele escolhe líderes e nós dizemos: por que não sou eu? A resposta é: porque aquele peso só ele consegue suportar. Ele tem a casca grossa necessária para as chicotadas que receberá, tem a "cabeça dura" necessária para não se deixar ser levado por qualquer opinião, tem o ímpeto necessário para se lançar numa guerra em prol de outros a ponto de matar ou morrer.


O libertador nasceu no meio do próprio povo de Deus. Dentro dele já estava o pacote necessário para ser o que deveria, mas não estava burilado. Ele tinha "defeitos" indispensáveis para um libertador: todo mundo podia conviver com maustratos contra o seu semelhante, mas ele, quando viu isso, matou um egípcio. Por quatrocentos anos eles podiam conviver com a escravidão, mas ele queria extirpá-la. Muitos poderiam passar a vida no palácio de faraó, aceitar serem chamados filhos dele mesmo sem o ser, assumir para si uma cidadania que não era a deles, mas não o libertador.


É claro que para ser um bom líder é preciso ser burilado pelo Senhor, mas grande parte desse processo ocorre na própria liderança. A gente aprende a ser pai quando o filho nasce, aprende a ser líder quando está com o povo. E a parte mais linda do processo é ver como Deus é fiel, o que quer dizer que Ele se envolve totalmente no processo. Dá a missão e trabalha junto para fazê-la cumprir.


Precisamos reconhecer que sempre há um libertador por perto e que muitas vezes ele parece tudo menos libertador. Seria um erro chamá-lo de gaguinho, de faraozinho mariquinha, de assassino, de agitador. Por causa dele, os hebreus não foram exterminados por Deus. Reconhecer a grandeza do outro é fundamental para eu não morrer.


Reconheça a grandeza que há no outro mesmo sem tentar entendê-lo. Um liderado jamais vai pensar com um líder, um empregado jamais pensará como patrão, um filho jamais pensará como um pai. Deus sabe quem chama para cada missão. Na sua missão de liderado, respeite, honre e colabore. E aí, na sua posição de autoridade, liberte outros.

Beijo.

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