terça-feira, outubro 16, 2012

Pessoa agradável

Posso afirmar que amo minha família hoje muito mais do que em qualquer outra época da minha vida. Jamais pensei que fosse possível o amor crescer tanto. Como quero facilitar a vida dos meus filhos, ver meu marido feliz e realizado, meus pais, meus irmãos, toda a minha parentela bem, com saúde! Se eu, uma pessoinha tão limitada, consigo amar tanto, como não será o amor de Deus?

Certamente no final dos bons anos que o Senhor me permitirá viver, estarei amando ainda muito mais. Não sei se o amor cresce ou amadurece, sei que ele se torna mais forte e perceptível a cada dia. E sei também que ele jamais será pleno e completo como o amor de Deus enquanto eu estiver neste corpo mortal, porque ele não suporta. Este corpo é limitado, temporal, frágil. Mas um dia serei totalmente preenchida da plenitude de Deus e eu O verei e serei como Ele é – esta é a promessa que tenho na Escritura: “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido” (I Co 13:12).

Deus é pleno, por isso ama em toda a totalidade. Não é possível que ame mais, não é possível que ame menos, porque Ele não muda: “Em quem [Deus] não há mudança nem sombra de variação” (Ti 1:17). Deus não tem filhos prediletos, não faz acepção de pessoas – “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas” (At 10:34). A Bíblia diz, em seu texto magistral: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Ela poderia dizer que Deus amou de tal maneira os judeus, reconhecidamente Seu povo, detentores da lei e dos profetas. Mas não é assim. Deus amou o mundo, onde estão incluídos você, eu, meus filhos, os que já vieram, os que virão.

Digo tudo isso para compartilhar um pouquinho do que veio ao meu coração hoje. Estava lendo o Salmo 6, um salmo triste. Davi estava perdendo a guerra, esmagado pelos inimigos, numa tristeza profunda. Por isso chegou a dizer: “Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas, já os meus olhos estão consumidos pela mágoa, e têm-se envelhecido por causa de todos os meus inimigos” (Sl 6:6-7). É um salmo de lamento. Ele estava na iminência de ser morto – “Volta-te, Senhor, livra a minha alma; salva-me por tua benignidade. Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará”? (Sl 6:4-5). Esses versículos dão a extensão da dor de Davi.

Não vivemos uma época de guerras, mas isso não quer dizer que o mundo está mais agradável. As batalhas hoje são diferentes, diárias, duras. As doenças do século são emocionais. O nosso interior tem sido esmagado diante de uma realidade ilusória. Precisamos ter para sentir o nosso valor. Competimos todo tempo, almejamos suplantar uns aos outros. Estamos rodeados de pessoas, mas sós; cheios de amigos no Facebook, mas sem ninguém para conversar face a face. Quando se poderia imaginar que alguém exporia 24 horas da sua vida para milhões de pessoas muitas vezes a troco apenas da fama? Muitos competem, mas só um leva o prêmio. As pessoas estão cada vez mais solitárias.

Quando enfrentamos batalhas como as de Davi, frequentemente nossa fé é abalada. Costumamos perguntar: onde estás, Senhor? Não estás vendo? Não te importas? E Davi fazia as mesmas perguntas. No Salmo ele diz: “Até a minha alma está perturbada; mas tu, Senhor, até quando?” (Sl 6:3). Essa declaração nos dá a impressão de que a fé dele está titubeando, até que lemos os seguintes versos: “Apartai-vos de mim todos os que praticais a iniquidade; porque o Senhor já ouviu a voz do meu pranto. O Senhor já ouviu a minha súplica; o Senhor aceitará a minha oração” (Sl 6:8-9). Veja que ele diz duas vezes: o Senhor já ouviu.

Tais declarações, enquanto eu lia, me fizeram lembrar o texto lá de Hebreus: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6). Sabe por que Davi era uma pessoa segundo o coração de Deus, alguém agradável a Ele? Porque independente do que estivesse passando, de quão profunda fosse a crise, do tamanho do risco a que estivesse submetido, Ele confiava. Ele tinha uma fé firme, profunda. Por mais que “reclamasse” nos salmos, sempre encontramos um versículo em que ele reafirma a sua fé. Na verdade, o “reclamar” de Davi significava clamar de novo e de novo.

Outro dia estava conversando com uma mulher que me dizia quão injusto Deus é. E sabe por que ela chegou a essa conclusão? Porque está passando por problemas financeiros. Gostaria muito de aconselhá-la, mas ela sempre me deixou claro que quer apenas desabafar; quer falar, mas não ouvir. Nos meus pensamentos, eu falava com Deus: “Pai, revela-Te a ela. Ela ainda não sabe quem és”.

Deus é bom. As circunstâncias não são, o mundo não é, mas faz parte da essência de Deus ser bom, ser amoroso. É a justiça de Deus que não permite que Suas leis sejam invalidadas, por isso, o que plantarmos colheremos. Mas podemos, em todos os momentos, bons ou maus, clamar por Sua ajuda com a plena certeza de que Ele já nos ouviu, como disse Davi. Deus nos ouve. Deus nos ouve. Aleluia!!!

Amo este versículo aqui: “E será que antes que clamem eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei” (Is 65:24). Esse texto diz da salvação que o Senhor providenciaria quando o Seu povo voltasse do cativeiro. E olha o que nos revela acerca dos nossos filhos: “Não trabalharão inutilmente, nem gerarão filhos para a infelicidade; pois serão um povo abençoado pelo Senhor, eles e os seus descendentes” (Is 65:23). Essa promessa é minha e sua. Todas as promessas da Palavra são para nós, os que as quisermos. Somos herdeiros de Deus.

Deus é digno de toda confiança. Apoie-se nele sempre. Confie no Senhor de todo o seu coração. Filhos de Deus podem passar pela sombra da morte, mas Ele está sempre junto e nos protege: “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem (Sl 23:4). Nunca o deixarei, nunca o abandonarei (Hb 13:5). Querendo mostrar de forma bem clara a natureza imutável do seu propósito para com os herdeiros da promessa, Deus o confirmou com juramento, para que, por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados, nós, que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta” (Hb 6:17-18).

Confie no Senhor. O que Ele diz que faz faz mesmo; quando promete, cumpre; não volta atrás jamais; é impossível que minta. Não pense que Deus é como os homens. “Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Nm 23:19).

Creia sempre. Mergulhe na Palavra de Deus e descubra quanta riqueza há ali para nós todos. E relembre o Senhor de suas promessas. “Ó vós, os que fazeis lembrar ao Senhor, não haja descanso em vós, nem deis a ele descanso, até que confirme [Sua Palavra], e até que ponha a Jerusalém [a nós, Seu povo] por louvor na terra (Is 62:6-7).

Deus é digno de toda confiança. Aleluia!

Sem fé, é impossível agradar a Deus; com fé, nos tornamos agradáveis. Que tal se tornar uma pessoa mais agradável?

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