quinta-feira, maio 31, 2012

Vire o disco

Sou da época em que os discos eram feitos de vinil. Eram uma bolacha grandona, preta, tinham um ruído enorme e precisávamos virar do outro lado para ouvir todas as músicas. Como ouvi discos na radiola do papai que existe até hoje!


O convite que faço a você hoje é: cante. Cante alto, cante muito, cante sempre. Cante com voz, cante sem voz. Cante para dentro, cante para fora. Cante no carro, cante na cozinha, cante no chuveiro. Cante com a boca, cante com o coração, mas cante.


Semana passada, meu maridinho foi ministrar louvor no culto dos homens e, dizem, começou falando assim: “Quem canta seus males espanta”. Pura verdade, aliás, acrescento: somente se cantarmos a música correta. A música tem um poder fabuloso de amaciar a terra do coração, de fazer aflorar sentimentos. Hoje assistia no carro ao DVD de comemoração dos dez anos do Diante do Trono e me esvaía em lágrimas. A Ana Paula realmente tem o dom de dizer o que eu gostaria de falar, de me levar para mais perto do trono. O grupo merece o nome: diante do trono.


A Bíblia diz que Deus habita entre os louvores do Seu povo (Sl 22:3). A música mexe com a emoção e ficou comumente e visceralmente relacionada à adoração. Alguns até chamam o período de cânticos da igreja de momento de adoração, período de louvor. É claro que adoração não é só música e nem depende dela, mas tenho certeza de que uma boa música que exalte a Deus pode mover Seu coração.


Por que devemos adorar? Não sei se você já fez essa pergunta. Deus precisa ser adorado? Deus tem prazer em ser adorado? Deus depende da adoração? Deus nos criou para adorar?


Como a Bíblia é uma colcha de retalhos que vai se completando parte a parte, vou expor aqui o que penso a respeito no meu modesto conhecimento. Tenho certeza de que não estou nem perto de esgotar o assunto música e adoração, mas gosto de pensar a respeito.


Deus não precisa da nossa adoração. Na verdade, a nossa adoração não faz absolutamente nada por Ele. Deus não muda – Porque eu, o Senhor, não mudo (Ml 3:6). Deus não fica mais feliz, melhor, mais bonzinho porque O adoramos.


Se a adoração não muda a Deus, por que tanta ênfase nesse assunto na Bíblia? Por que Deus procura adoradores – Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem (Jo 4.23)? Repito: por que ele procura os adoradores? Vamos lá.


A adoração não muda a Deus, mas muda completamente quem adora. Vou expor isso a você de uma maneira muito óbvia. Todos os homens têm uma necessidade muito grande de ter ídolos. Buscamos alguém para adorar. É exatamente por causa disso que algumas pessoas são tão ricas. Basta um dom, um talento que o outro tenha e eu cobice para começar a olhar, olhar e olhar para essa pessoa. Não sei se você já observou, mas algumas pessoas são totalmente fascinadas por artistas. Começam a vê-los na mídia e se encantam. Então passam a acompanhar a carreira, comprar todo o material em que eles aparecem. Logo estão a andar como eles, vestir-se como eles, falar como eles, dançar como eles, imitá-los. Comece a ver como os grandes admiradores dos artistas se transformam em covers. De tanto olhar, de tanto admirar, de tanto acompanhar, começam a se tornar semelhantes a eles. Este é o poder da adoração: nós nos tornamos semelhantes ao que adoramos – Semelhantes a eles [aos ídolos] se tornem os que os fazem, e todos os que confiam neles (Sl 135.18).


Adorar é observar, é fixar sua atenção nas qualidades do outro e, repito, isso muda completamente quem assim o faz. Quanto mais olhamos a Deus pela fé, quanto mais exaltamos Sua Pessoa e Sua obra, mais começamos a nos parecer com ele.


Fomos criados para o louvor da Sua glória – E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado (Ef 1:5-6). O que quer dizer isso? Que a obra chama a atenção, revela o artista que a fez. Não sei se você aprecia obras de arte, mas eu gosto. Quando as vejo, pergunto de quem são. Se você olhar cuidadosamente, verá que, de alguma maneira, o artista sempre se põe na obra.


O Salmo 19, Romanos 1 e inúmeros outros capítulos da Bíblia falam sobre como a criação revela a glória do Criador. Tudo o que existe no mundo mostra a grandeza de Deus: o céu, a lua, as estrelas, o mar – ah, como amo o mar, como ele me impressiona! –, a imensidão do universo... E a principal das criações, o homem, infelizmente não tem sido para a glória de Deus. A miséria, a dor, o sofrimento do homem não dão glória ao Criador.


O que fazer, então, para voltar a ser para a glória de Deus? Se Ele me fez para a Sua glória, se esse é o Seu projeto original, o que fazer para estar em conformidade? Deixar-me transformar ou transformar a mim mesma, voltar ao projeto original abandonado no Éden, mas retomado no Gólgota. Como? Adorando.


A adoração é o meio mais rápido de me tornar semelhante ao Pai. Quanto mais admiro Sua bondade, mais bondosa me torno; quando mais falo da sua benignidade, da sua fidelidade, quanto mais olho para ele, mais iluminada me torno. Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficaram confundidos (Sl 34.5).


É totalmente compreensível, é louvável que Alguém perfeito queira filhos perfeitos. Deus quer olhar para nós e ver-Se em nós. Quer que voltemos a nos parecer com Ele, quer poder dizer de nós o que disse de Jesus: Este é o meu filho amado em quem tenho prazer (Mt 17.6).


Este é o meu maior desejo: parecer-me cada dia mais com o meu Pai. Por isso preciso parar de escrever e voltar a adorar. Faça isso também. Vire o disco da sua vida. Adore!

Um comentário:

  1. Harmoniosa composição!
    Meu anseio tem sido busca-lo cada dia mais, ao ponto de não mais precisar virar o vinil e me tornar um CD, onde em apenas um lado, só exista Deus em mim, eu e Cristo e o Espírito Santo somando todos, um.
    O outro lado? Não existe, é apenas referencia do conteúdo intrínseco.
    Congratulations!
    Amei cada nota.

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