segunda-feira, maio 14, 2012

Por amor a você

Era muito difícil para mim entender este texto aqui: "Eu, eu mesmo, sou o que apaga as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados me não lembro" (Is 43:25). Eu não conseguia entender por que Deus disse que perdoava por amor dEle mesmo. Esse texto era um mistério. Pensava que Deus perdoava porque era bondoso e cheio de misericória, mas esse texto é enfático em dizer que, porque Se ama, Deus perdoa. Para mim parecia que não combinava.

O que serve para Deus, serve para nós, que somos Sua imagem e semelhança. Em I Jo 4.17 está escrito que assim como Cristo é nós o somos neste mundo. Cristo é a imagem exata do Pai e o Pai amava muito a Si mesmo por isso resolveu nos perdoar. E mais: resumiu todos os mandamentos em um só, afirmando categoricamente o mesmo que está escrito no texto aí de cima: assim como o Pai ama a Si mesmo, espera que nós nos amemos. Onde está escrito? "E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22:37-39).

Todos os dez mandamentos foram resumidos em apenas dois que fariam com que todos os outros fossem cumpridos: amar a Deus e ao próximo na mesma medida com que nos amamos. Por certo Deus não pretende que nos amemos pouco, senão o próximo será amado pouco. Precisamos nos amar muito para que os outros também sejam muito amados por nós.

É exatamente aí que entra aquele pedaço do texto que eu não entendia: "por amor de mim". Muitas vezes pensamos que o perdão é um ato de bondade e misericórdia para com os outros e, como os que dele precisam normalmente não merecem essa graça, não perdoamos e julgamos não estar fazendo nada de errado. Não julgo o mérito do seu ofensor, mas convido você a pensar melhor no que Deus disse. O perdão faz bem a nós mesmos e não ao ofensor.

"Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (I Jo 1:5). Se em Deus habita toda a bondade - e, de fato, habita -, não pode haver nEle sequer uma gotinha de maldade. Então o que se pode esperar dEle? Só amor. Aliás, "Deus é amor" (I Jo 4:8). Quero enfatizar: Deus é amor e não Deus tem amor. Não perdoar significa manter a pontinha de decepção viva, guardar rancor, continuar levando em consideração a ofensa e isso é inadmissível para quem é amor, pois, afinal, como consta do maravilhoso texto de I Coríntios 13: "O amor [que é Deus] tudo suporta, tudo crê, tudo espera e não se ressente do mal".

Espero que você tenha entendido que o que Deus é fomos chamados para ser. Então leia I Coríntios 13 colocando no lugar da palavra amor o seu nome. E ficará assim: eu, Keila, sou paciente, benigna, não ardo em ciúmes, não me gabo, não me ensoberbeço... não me ressinto do mal, tudo sofro, tudo creio, tudo espero, tudo suporto. Forte isso, não é?

Na verdade, perdoamos por amor de nós mesmos, para que não tenhamos que manter a pessoa e a situação na nossa mente, para não nos entristecermos, para que nossa saúde física ou emocional não fique abalada, para que não guardemos mágoa, pois isso faz mal, para termos paz. Talvez você já tenha percebido que alguns ofensores sequer ligam se os perdoamos ou não. Então não importa se merecem ou não. Importa que tenhamos paz. Não é por eles; é por nós.

Não permita que o seu ofensor ocupe seus pensamentos, seus assuntos, tirem a sua saúde ou a sua paz. Faça um ato de amor por si mesmo: perdoe. Faça isso por você e não pelos outros. Assim como Deus faz, siga o exemplo. Ele apagou as nossas transgressões por amor dEle mesmo. Nós podemos fazer o mesmo.

Vamos lá. Você vai se sentir mais leve. Prove para você mesmo que se ama .

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