quinta-feira, agosto 19, 2010

A Luta Continua!

Já disse aqui que a vida é feita de batalhas constantes e intermináveis. Até morrermos, não poderemos dizer: estou tranquilo, não tenho problemas, não tenho desafios, está tudo bem. Também não há como passar incólume, sem arranhões, com tudo no lugar. Ouvi o Pastor Davi, do Ministério Ipiranga, dizer numa de suas últimas ministrações lá na igreja: “Deus espera que você chegue ao céu, mas não exige que esteja inteiro”. Ele mesmo disse na Palavra que alguns chegarão mancos, outros sem olho – Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno (Mt 18:8). Importa que cheguemos.

Existe muito pouca coisa indolor no mundo. Haja força pra nascer, haja força pra crescer, haja força pra se manter de pé e, como diz a própria Bíblia, aquele que pensa estar de pé, cuide para que não caia (I Cor 10:12). Isso quer dizer: cuidado, pois você pode estar redondamente enganado. Há caminho que parece direito ao homem, mas ao final são caminhos de morte (Pv 16:25).

Com algumas batalhas nos acostumamos. Quando malhamos por muito tempo com o mesmo peso, temos a falsa impressão de que ficou um pouco mais leve. O que aconteceu é que nós ficamos mais preparadas para mover aquele peso. Nosso corpo se fortalece ao carregar os cinco quilos. Eles são necessários, indispensáveis mesmo. Pena que muitas vezes só nos damos conta disso na velhice, quando o nosso corpo cobra o despreparo e o desleixo dos anos passados. Essa luta corporal a gente escolhe se quer eu não encarar no presente e, embora não a enfrentemos, a flacidez, a fraqueza, o estresse, o desânimo, a falta de fôlego são perceptíveis todos os dias, mas dá para conviver e até mesmo se medicar.

Embora as batalhas físicas causem um cansaço enorme, não se comparam às batalhas espirituais. Como elas são dolorosas, principalmente porque nos atingem sem dó nem piedade e causam grandes estragos! E a dor maior nos é causada pelos mais próximos, mas, repito, é extremamente necessária. Como ferro ao ferro se afia, assim, o amigo, ao seu companheiro (Pv 27:17).

Quando os nossos opositores são os de fora da nossa casa, sentimos dor, sim, mas é incomparavelmente menor, talvez porque não levemos tão a sério a opinião daqueles que não são assim tão próximos, não consideramos tanto, nos justificamos e pensamos sempre: eles podem estar errados ou, na verdade, não me conhecem. Quando a guerra é em família, as cicatrizes são sempre maiores e demoram para sarar. Ah como incomoda, como doi!

Lembro-me de ter ouvido o Mike Murdock falar: “Se você sobreviver à sua família, sobreviverá a qualquer coisa”. É a família quem nos prepara para os embates da vida, para o convívio com os outros que, na verdade, têm muito menos consideração, muito menos amor. Demorou para eu descobrir o que queria dizer este versículo de Provérbios 27.6: Leais são as feridas feitas pelo que ama. O que isso quer dizer? Quem ama fere, sim, mas para sarar, para nos preparar, para nos tornar melhores. Quem ama fere porque ama. Os outros ferem por outros motivos: porque querem nos inferiorizar, nos atrapalhar, tirar de nós algo, diminuir nosso campo de influência ou, às vezes, por nada mesmo, simples descuido.

O difícil quando se enfrenta uma batalha em família é manter o foco, não colocar as questões secundárias como principais ou não incluir questões que nunca fizeram parte daquela batalha específica. Não sei se vocês são como eu, mas luto muito para não trazer à memória fatos passados e incluí-los na lista de pendências. É por isso que tenho tanto temor quando oro o Pai Nosso. Quando chega a parte: “Perdoa as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores” eu sempre incluo: Senhor, me ensina a perdoar! Sempre tive um longo arquivo de pendências em minha memória, mas – graças a Deus! – ao longo dos anos parece que os arquivos têm sido apagados.

Juntamente com a questão principal, várias questões periféricas tentarão tomar seu lugar. É preciso lembrar sempre que só se perde uma batalha porque o foco foi quebrado, porque o inimigo principal foi negligenciado e a atenção dividida.

Talvez você me pergunte: como sobreviver a tanta batalha, Keila, se você disse que elas só acabarão quando morrer? A resposta que tenho dado a mim mesma é: tempo para pequenas celebrações sempre, todo dia, toda hora, com o máximo de pessoas. Sempre, sempre, sempre, hoje. Se unirmos uma guerra à outra, enlouqueceremos. É necessário pequenos intervalos, tempo para saborear as pequeninas vitórias, mesmo que elas pareçam insignificantes. De que vitória estou falando? Da vitória de estar viva, de ter família, de ter amigos, de ter comida em casa (nada como um bom arroz com feijão, bife, batata frita e tomate para uma ótima celebração), de ter força para continuar...

Como é bom poder dizer: a vida continua, a luta continua!!!


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