terça-feira, outubro 05, 2010

Conto de Fadas ao Contrário

Todas as mulheres sonham viver seu conto de fadas: entrar na igreja em seu lindo vestido que de tão branco reluz, numa festa glamourosa, rodeada de amigos no dia mais feliz de sua vida. Então, em meio a lindas canções, se unirá ao príncipe encantado com quem viverá feliz para sempre. Imagine como deve ser viver isso depois de sete longos anos de espera!
Pensar nisso me levou a admirar imensamente uma personagem bíblica e mais ainda o próprio livro que conta essa história. A Bíblia contém realmente relatos impressionantes. Por que será que Deus deixou contar coisas tão dramáticas?
Na verdade, a história a que faço referência é a antítese disso aí. Como eu disse no post anterior, parece que as famílias do gênesis eram por demais complicadas. Voltei do trabalho hoje pensando na história de Lia e Raquel, em que partido eu tomaria: se seria a favor de Raquel, a pobre estéril, ou de Lia, a esposa mal amada. Difícil.
Raquel viveu o oposto da narrativa aí de cima. Conheceu seu príncipe Jacó e se apaixonaram. Ele pediu sua mão e ficou combinado que esta só seria dada depois de sete anos. Que longa espera para um casal que se ama! Então chega o grande dia, na verdade, aquele que marcaria para sempre a sua vida, mas não para o bem; para o mal.
Não consigo nem pensar em Raquel trancada em algum lugar, sabendo que sua irmã estava sendo preparada para se casar com o amor da sua vida por causa de uma trama ardilosa de seu pai. Eu a imagino tentando gritar, orando para que Deus avisasse a Jacó para prestar atenção, pois teria havido um engano que poderia mudar para sempre a sua vida. Ao mesmo tempo, seu pai sorria por “ser um cara tão esperto”.
Penso no quanto Raquel torceu para que Jacó estivesse suficientemente atento para reconhecer que estava com Lia e não com ela e repudiá-la ou exageradamente bêbado para não conseguir fazer absolutamente nada na sua noite de núpcias. Expectativa frustrada. Quanta dor, quanta decepção, que traição! Quanta lágrima deve ter vertido Raquel!
Depois dessa experiência acho que ela nunca mais foi a mesma. As festas de casamento naquela época duravam sete dias. Labão, seu pai, resolveu dá-la em casamento a Jacó depois desses dias e não se sabe se Raquel teve uma outra festa ou se simplesmente foi entregue ao marido de sua irmã.
Os próximos relatos a respeito de Raquel e Lia são recheados de decepções e intrigas. Como eu já disse, o livro de Gênesis relata grandes tragédias familiares.
O que estou aprendendo com isso? Acho que tenho crescido em compaixão. Lendo de novo essa história esta tarde, tive vontade de chorar pensando no que sentiu Raquel. No próximo post falarei um pouco de Lia também, para quem a vida não foi nada fácil, mas este aqui é sobre Raquel.
Já ouvi muitas mensagens falando sobre a maldade de Raquel e também sobre Lia. Hoje confesso que não gostaria de ouvir falar mal de qualquer das duas. É muito sofrimento na família! O fato é que Raquel ficou um pouco amarga com essa experiência, mas ela tinha uma compensação: seu marido a amava e muito. Só não sei dizer se esse amor foi suficiente para fazê-la superar essa dor. Para completar, tinha que seguir a saga das grandes mulheres do Gênesis: era estéril, assim como Rebeca e Sara, suas antecessoras.
Mesmo tendo tido uma história um pouco triste e aparentemente não superado completamente seu passado, Deus a cita no Novo Testamento. É lindo ver como Deus pega pessoas tão imperfeitas, tão maltratadas pela vida e as inclui na Sua grande história. Isso nos faz ver que ninguém para ele é desprezível, que história alguma é descartável ou capaz de frustrar Seus propósitos ou alterar Seus planos. Qualquer pessoa cabe em Seus desígnios. Aliás, Ele nos escolheu, nos amou e nos resgatou sendo nós ainda pecadores. Deus é realmente extraordinário.
Raquel, você tem toda a minha admiração!

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