quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Uma Pílula

Filho, preste atenção no que eu digo com a minha sabedoria e compreensão. Então você saberá como se comportar, e as suas palavras mostrarão que você tem conhecimento das coisas (Pv 5.1,2)


Está aí. Apresento a você uma pílula para hoje. Como assim? Hoje quero dar a você uma pílula que pode ser um fortificante, um remédio ou mesmo um alimento. Se você não está sentindo nada, não tem problema algum em sua saúde espiritual, ou se o assunto aqui simplesmente não diz respeito a você, é um fortificante, como aquelas pílulas de cálcio que tomamos só por precaução. Se de alguma forma o texto disser respeito a você, aqui vai um remédio. Meu? De forma alguma. Da Palavra. Só ela é remédio – Enviou-lhes a sua palavra e os sarou, e os livrou do que lhes era mortal (Sl 107.20). Se você precisa apenas de alimento espiritual, tome essa pílula aqui como os astronautas da Nasa, que têm todas as vitaminas reduzidas a uma simples pílula porque não podem transportar comida. Diante de toda a Bíblia, isso aqui é só um pedacinho, mas sustenta.

Já escrevi sobre textos semelhantes antes, sobre muitos textos de Provérbios. Hoje o faço sob outra perspectiva: não de quem está lendo, mas de quem está escrevendo.

Salomão disse: Filho, preste atenção no que eu digo com a minha sabedoria e compreensão. Veja que o conselho tem destinatário certo: o filho.

Salomão era rei de Israel quando escreveu o livro de Provérbios. Certamente era um homem muitíssimo ocupado. Vale lembrar que, naquela época, os reis eram também responsáveis por julgar os casos na corte. Fomos informados pela Bíblia de um julgamento muito famoso de Salomão, o caso de duas mães, cuja decisão se tornou célebre (I Re 3.16). Repito: Salomão era um rei muitíssimo ocupado. Tinha ordens a dar, casos a julgar, normas para regulamentar, obras para inspecionar, pessoas para liderar, assuntos para fiscalizar...

Como rei, tinha muitas pessoas às suas ordens que podiam fazer os trabalhos que quisesse. Ele não precisava, por exemplo, se envolver pessoalmente na educação de seus filhos. Podia tranquilamente confiá-la a outros. Nos assuntos civis, podia dispor de pessoas sábias e experientes que ensinassem aos seus filhos as questões do reino, todos os assuntos ligados à vida civil. Nas questões religiosas, tinha os sacerdotes, que poderiam instruí-los, e muito bem, nas leis de Deus. Ele tinha pessoas do mais alto gabarito à disposição para cuidar da educação de seus filhos, mas decidiu cuidar desse assunto pessoalmente. Pelo livro de Provérbios, podemos saber que ele era um homem preocupado com eles, tanto que não só os instruiu verbalmente – várias vezes ele manda seus filhos se lembrarem do que dizia –, mas escreveu seus conselhos para que os estivessem não só gravados na memória, mas escritos num papel. Assim, poderiam recorrer a eles sempre.

Fomos beneficiados com isso. Seus conselhos estão à nossa disposição hoje só porque ele quis deixá-los para seus filhos. Certamente ele não sabia que seus livros fariam parte de um compêndio sagrado. De qualquer sorte, ele não quis escrever um tratado para o mundo, mas pequeninos avisos sobre assuntos corriqueiros para seus filhotinhos. Que trabalho maravilhoso!

Porque estou dizendo tudo isso? Porque temos estado tão ocupados, especialmente nós mulheres, nesses dias, que mal temos tempo de estar com os nossos filhos. Parece que somos as pessoas mais assoberbadas do mundo em todos os tempos. Será mesmo que Salomão tinha menos coisas para fazer do que eu e você? Será que aconselhava seus filhos somente nas horas de folga? Será que escrevia nos seus momentos de descanso e mandava seus filhos lerem seus conselhos? Veja isto: Filho, aprenda o que eu lhe ensino e nunca esqueça o que mando você fazer
(Pv 2.1). Ele ensinava seu filho, dava ordens, se envolvia pessoalmente.

Contar com ajuda é muito importante, mas não podemos deixar a instrução de nossos filhos relegada a pessoas que nada têm a ver com a fé que professamos, que não partilham dos nossos valores. Precisamos ser os maiores influenciadores deles, ensiná-los a pensar, a agir, a falar, a sentir e principalmente a CRER.

Para encerrar, transcrevo aqui uma frase que li: “A melhor maneira de dar bom exemplo para nossos filhos é viver nossa fé diante deles. Enquanto observam, aprendem sobre o que tem verdadeira importância. Filhos podem não herdar o talento dos pais, mas absorverão seus valores” (meu livrinho de meditação – não sei quem escreveu).

Última dose do mesmo remédio: Filho, preste atenção no que eu digo com a minha sabedoria e compreensão. Então você saberá como se comportar, e as suas palavras mostrarão que você tem conhecimento das coisas (Pv 5.1,2).

Fale muito com seus filhos! De preferência, sorrindo.


quarta-feira, janeiro 22, 2014

Você sabe quem sou eu?

"Você sabe quem sou eu? Sabe com quem está falando?" Conhecemos bem essas perguntas e o que seus interlocutores querem dizer. Em suma: "Estou acima da média, faço parte de um grupo seleto, tenho credenciais".

Outro dia li um artigo interessante em que o autor dizia que antigamente o que importava para as pessoas era ser. Depois, chegou o tempo em que tornou-se mais importante o ter. E hoje, infelizmente, a tônica é parecer. Não importa se você não é, nem se você na realidade não tem, afinal, se só parecer quem vai saber?

Fico impressionada com alguns detalhes da Bíblia. Hoje, especialmente, com a forma como os escritores das cartas se apresentam. "Eu, Tiago, escravo de Deus e do Senhor Jesus, escrevo às doze tribos espalhadas que aguardam a vinda do Reino: Saudações!" (Ti 1.1). Paulo também se apresentava assim humildemente, referindo a si mesmo como servo de Deus, escravo de Jesus, alguém que alcançou misericórdia.

Quero falar do caso específico de Tiago. Esse autor das cartas não era o discípulo, irmão de João. Era nada mais nada menos do que irmão de Jesus Cristo, filho de Maria: "Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, e José, e Simão, e Judas?" (Mateus 13:55,56). Poder dizer que era irmão de Jesus era uma ótima credencial, não é mesmo? Imagine o status que poderia alcançar na igreja primitiva alguém que tivesse no seu currículo um parentesco com o Mestre?

E havia ainda mais. Tiago era o líder da igreja, o coordenador-geral, "o cara", pode-se dizer. Quando Paulo procura os discípulos para estabelecer as bases doutrinárias da pregação entre os gentios é Tiago quem o recebe e quem estende a ele a destra da comunhão, dando a Palavra final, conforme registrado no livro de Atos. Juntamente com Pedro, ele era "o maioral".

É interessante ver como apresentamos a nós mesmos, como queremos ser tratados, com que deferência, quais são as credenciais que expomos. De um modo geral, não queremos estar na média. Queremos ostentar coisas que mostrem aos demais que estamos num nível "superior". Queremos parecer. Isso vai de encontro ao que nos ensina a Palavra. Se temos algo de que nos orgulhar, certamente não é a bolsa de marca, o carro do ano, o título de phD, a beleza física, a casa chique, a conta bancária recheada, o cartão de crédito ilimitado... Se queremos nos orgulhar de algo, deve ser assim: "O Senhor disse: 'O sábio não deve se orgulhar da sua sabedoria, nem o forte, da sua força, nem o rico, da sua riqueza. Se alguém quiser se orgulhar, que se orgulhe de me conhecer e de me entender; porque eu, o Senhor, sou Deus de amor e faço o que é justo e direito no mundo. Estas são as coisas que me agradam. Eu, o Senhor, estou falando" (Jr 9:23,24).

É lindo ver uma pessoa grande se apresentando com simplicidade. Fico maravilhada ao ler Jesus dizendo aos abençoados a quem Ele curou: "Não conte nada a ninguém", como Ele fez várias vezes. Amo a história do cego a quem Ele curou fazendo lodo nos olhos, mandando que se lavasse. Quando o cego volta, onde está Jesus? Ele não sabia. Como era seu rosto? Em que sinagoga poderia ser encontrado? Depois Jesus volta e fala com ele, não para fazer propaganda de Si mesmo, mas para revelar-Se a ele, dando-lhe a esperança da salvação.

Fico pensando nos motivos por que insistimos em exibir nossas credenciais. Para quê? Por quê? Para quem? AquEle que precisa conhecê-las já sabe tudo a nosso respeito. É a Deus que prestaremos conta. Os outros não poderão fazer nada por nós quando o grande dia chegar. Aqui tudo é passageiro. 

Encerro por hoje falando de alguém que estava também na crista da onda: João Batista. Toda a cidade corria até ele para o batismo. Era respeitado, admirado. Ele promoveu uma revolução. E diante de seus discípulos, pessoas que o ajudavam muito em seu ministério, talvez até mantenedores dele próprio, ele preferiu sair de cena caladinho, mas não sem antes dizer que ele não era lá "grande coisa", mas, se assim o consideravam, não deviam mais fazê-lo: "É necessário que ele [Jesus] cresça e que eu diminua" (Jo 3:30).

Como aprendemos com os exemplos das escrituras! Opção interessante a de Tiago: entre ser conhecido como irmão de Jesus, um dos principais da igreja ou um escravo do Mestre, opta por ser "um escravo,  um ninguém, sem credenciais a exibir".

"Você sabe quem sou eu?" Estou descobrindo dia a dia.

terça-feira, janeiro 21, 2014

Depois dos Três eFes

Olá! Bom dia! Feliz ano novo! Finalmente escrevo o primeiro post do ano. Já não era sem tempo, afinal, os três "F" se foram. E como eles são necessários! Aproveitei cada um deles e espero que você também.

Os três F são essenciais para o rito de passagem. Precisam ser vividos intensamente. Vejamos quais são.

Primeiro, encaramos o F das Festas, item necessário para esse tempo de transição que é a mudança de ano. O mês de dezembro vem recheado de muitas comemorações. Graças a Deus terminamos o ano celebrando e abrimos o novo ano celebrando. Antes de virar o ano, há um tempo para renovar a aliança com Deus, examinarmos a nós mesmos para ver se realmente estamos na fé, celebrar a coisa mais importante que já nos aconteceu que foi o fato de Jesus nascer para nós e, depois, nascer em nós. É muito importante celebrar a festa do Natal, parar tudo para agradecer, especialmente em família. Amo o que o Natal representa, o nascimento de um Salvador que me deu uma nova família, uma nova oportunidade, a chance de me tornar Sua filha, uma herança, um Conselheiro, uma esperança. Reunir com os nossos parentes para celebrar essas bênçãos é maravilhoso!

Abrir o ano agradecendo, com expectativas renovadas, com festa é sublime também. Celebro a passagem de ano sempre na igreja, louvando a Deus por tudo o que já foi e dizendo que confio nEle e estou certa de que fará sempre o melhor para mim. Assim, posso descansar, sabendo que Ele já escreveu o meu 2014, já visitou cada um dos dias deste novo ano, por isso posso ter as melhores expectativas. 

O segundo F é o da Folga. Nesses tempos de festa, experimentamos alguns dias de folga, alguns feriados. Mas a folga de que estou falando não é a do dia em que não trabalhamos, mas a que damos para nós mesmos. Parece que nos livrarmos, pelo menos temporariamente, da pressão, nos dando a chance de pensar um pouco em nós. Com certeza, comemos coisas gostosas e demos um tempo da balança; compramos roupas novas, caprichamos no visual e nos lembramos de como somos lindos, cheirosos e educados quando queremos; deixamos a solitude e nos alegramos em família; compramos alguns presentes para nós e para os outros, felizes com a nossa generosidade e com a possibilidade de ver alguém sorrir; paramos para cultuar, assistindo a programações maravilhosas nas igrejas. Folga para a balança, para o bolso, para a seriedade, para as exigências da vida, para o relógio, para o mau humor. Folga para nós. Problemas? Só serão resolvidos depois de curtirmos esse F.

Por fim vem o F que eu acabei de gozar: Férias. Quem não experimenta suas próprias férias, mas é pai ou mãe, está a experimentar as férias dos filhos. Há quem reclame. Eu não: me alegro por tê-los em casa, poder estar mais perto, poder vê-los se divertindo sem as obrigações do dever de casa, dos horários. 

Agora é hora da voltar à vida normal. Aliás, hora de recomeçar, mas fazendo tudo melhor.

Gosto de pensar que temos um ano pela frente, na esperança de que Deus nos concederá ainda muita vida para viver. Não estou esperando morrer amanhã, embora tenha a mais absoluta certeza de que estar com Deus é muito melhor do que qualquer coisa que eu possa imaginar para esta vida. Mas sei que ele ainda tem planos pra mim aqui e que ainda há muito a fazer. Então, chegou a hora de renovar as expectativas, de fazer novos planos.

Não queremos terminar o ano de 2014 como terminamos o anterior, não é mesmo? Queremos fazer mais e melhor, ir mais longe, avançar. Sei que você, como a maior parte das pessoas, fez algumas reflexões, alguns balanços do que ganhou e o que perdeu no ano passado, das metas alcançadas e das expectativas frustradas a fim de se corrigir. Muitos terminaram o ano estressados, cansados, desanimados. Por quê? Porque planejaram mais do que conseguiram alcançar, cobraram muito de si mesmos. Para este ano, não querem que isso se repita.

O que deveríamos querer para 2014? O que Deus tem para nós, afinal, Sua vontade é boa, perfeita e agradável. E o que será que Deus quer de nós? Voltemos à Palavra. Está tudo lá. Se conhecermos e obedecermos, nosso ano será um sucesso.

Em Deus o nosso futuro está garantido. Em Suas promessas estamos seguros. Na Sua Palavra temos as garantias de que precisamos. Se confiarmos nEle e Lhe obedecermos, tudo nos irá bem. Temos medo de Deus porque achamos que suas exigências são altas demais, muito além daquilo que podemos realizar. Não é nada disso. Nós nos esquecemos de que Ele enviou seu próprio Filho para morrer por nós, nos deu uma nova família, nos aceitou com seus filhos, nos deu uma herança, fez habitar dentro de nós o Seu próprio Espírito. Quer graça maravilhosa! Deus nos ama. Nada fará com que Ele nos ame mais, nem que nos ame menos, pois já nos ama na totalidade do Seu Ser. 

Conforme vamos amadurecendo, constatamos que a vida é simples, que precisamos de muito pouco para ser feliz e diminuímos nossas exigências e expectativas. Até mesmo em relação a Deus temos expectativas muito elevadas. Achamos que Ele quer tanto de nós que somos incapazes de satisfazê-las, então isso se transforma em um obstáculo no nosso relacionamento e termina por afastar-nos dEle.

Justamente para corrigir o nosso foco, para nos ajudar nas decisões de 2014, que estou certa de que será um ano maravilhoso, trago este texto: “E agora, ó Israel, que é que o Senhor, o seu Deus, pede a você, senão que tema o Senhor, o seu Deus, que ande em todos os seus caminhos, que o ame e que sirva ao Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração e de toda a sua alma, e que obedeça aos mandamentos e aos decretos do Senhor, que hoje dou a você para o seu próprio bem?" (Dt 10:12,13).

Não precisamos fazer muita coisa, não precisamos nos cansar, Deus não está fazendo grandes exigências. Aí está tudo que Ele nos pede, Seus bons conselhos para este ano: que tenhamos por Ele, por Seus conselhos, por Sua Palavra um respeito reverente; que andemos em Seus caminhos - deixe-me fazer uma pausa aqui. Veja que Ele quer que nós andemos no caminho dEle e não que O convidemos para andar no nosso. Como diz o livro de Provérbios, há caminhos que ao homem parecem direitos, mas, ao final, são caminhos de morte. Esses são os caminhos do homem. Os de Deus são caminhos de vida.

Mais um conselho: que O amemos e O sirvamos de todo o coração. Por fim, que obedeçamos aos Seus preeceitos para o nosso bem. Só isso. Antes de me despedir, preciso relembrar este texto: "Pois amar a Deus é obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são difíceis de obedecer" (I Jo 5:3 NTLH). Em outra tradução: "Porque nisto consiste o amor a Deus: em obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados" (I Jo 5:3 NVI).

Bom, o que Deus quer de nós é isso aí, simples assim.

Feliz 2014 para nós, sem fadiga, sem estresse, sem dor, sem frustrações, agradando a Deus, vivendo nEle e para Ele. É isso que desejo para nós! Andar com Deus a cada dia deste ano é sucesso garantido.

sexta-feira, dezembro 27, 2013

Oração e Dívidas

Se algum de vocês está sofrendo, ore. Se alguém está contente, cante hinos de agradecimento. Se algum de vocês estiver doente, que chame os presbíteros da igreja, para que façam oração e ponham azeite na cabeça dessa pessoa em nome do Senhor. Essa oração, feita com fé, salvará a pessoa doente. O Senhor lhe dará saúde e perdoará os pecados que tiver cometido (Ti 5:13-15).

Aqui estou novamente para conversar sobre oração. Talvez você pense: "Que assunto repetitivo. Não dá pra falar de outra coisa?". Acontece que a vida cristã se ergue sobre algumas bases. Três delas precisam fazer parte do nosso dia a dia: oração, leitura da Bíblia e adoração. Dentre elas, a mais "fácil" de praticar é a adoração (não posso me aprofundar nesse assunto hoje, por isso falo em termos gerais). Uma das formas de adorar é através da música e isso facilita bastante o processo. Em relação à leitura bíblica, o segredo é a constância, disciplina. Quanto à oração, estou caminhando no assunto e convido você a percorrer comigo esse caminho.

Passemos aos comentários acerca dos versículos acima. "Está alguém sofrendo faça oração; está alguém doente peça oração aos presbíteros e unção com o óleo. É isso o que está escrito lá. Veja que são soluções diferentes para problemas diferentes. 

Em relação a problemas físicos, questões de enfermidades, precisamos pedir ajuda, solicitar a homens cheios de fé e autoridade para orarem por nós e nos ungirem e, então, "a oração da fé" salvará o enfermo. É bom esclarecer que há outras maneira de receber cura, mas vou me ater a essa. Normalmente a doença nos abate, tira até mesmo a força que teríamos para orar. Em certos casos, o doente não tem força nem para se alimentar. É o caso. Seja física ou espiritualmente o doente precisa de ajuda. É exatamente por isso que os doentes precisam se manifestar, dizer como estão, ir ao médico. Ninguém o fará por ele. Poderá até levá-lo, mas não conseguirá a cura sem que seja ele próprio examinado.

No caso de sofrimento, porém, a situação é diferente. "Está alguém sofrendo? Faça oração". É interessantíssimo o verbo da resposta: FAÇA. Não está escrito: peça oração, mas, repito, faça oração. Não desconsidero a importância de orarmos uns pelos outros, mas quero desmitificar alguns de nossos conceitos errados, principalmente aquele do: "ore por mim".

Por que é tão importante que aquele que está com um problema na família, nas finanças, na vida sentimental, nos relacionamentos, na vida espiritual, no trabalho faça oração? Vamos pensar um pouquinho a respeito.

Problemas fazem parte da vida. São inevitáveis. Em certos casos, ou na maior parte deles, são causados por nossa falta de sabedoria em relação a muitas coisas. "O meu povo perece [sofre, tem problemas, passa por muitas dificuldades] porque lhe falta conhecimento" (Os 4.6). Quem deve buscar a solução? Em primeiro lugar aquele que tem o problema. Quem deve buscar a resposta? Em primeiro lugar aquele que fez a pergunta. Então, quem deve orar? Em primeiro lugar aquele que tem um problema.

Vou tentar tornar tudo mais claro para você falando um pouquinho sobre dinheiro. Se estamos afogados em dívidas certamente foi porque demos causa de alguma maneira ou acabamos envolvidos em compromissos maiores do que nossa capacidade de saudá-los, mesmo que seja por conta de um fato extraordinário como é o caso de uma despesa por problemas de saúde. Quando temos problemas financeiros o que devemos fazer? Correr atrás da solução. 

Pois o que vale para os problemas financeiros vale para os demais problemas. Não gostamos de dizer aos outros quão mergulhados em dívidas estamos. Aliás, antes de compartilhar nosso problema fazemos de tudo para resolvê-lo. E tem mais: se formos compartilhar nossos problemas financeiros não o fazemos com quem não possa nos ajudar a resolver. Não dizemos a uma pessoa que está numa situação pior do que a nossa: "Sabia que estou devendo dez mil e não tenho a menor ideia de como pagar?". Não. Não fazemos isso. Se compartilharmos um problemão desses o faremos com alguém em quem confiamos muito ou com alguém que pode nos oferecer algum auxílio, mas primeiro já tentamos resolver o problema, já fizemos a nossa parte.

Está alguém entre vós sofrendo? Ore. Está alguém entre vós devendo? Pague. 

Voltando ao exemplo, não dizemos a ninguém: "Ei, estou cheio de dívidas; será que você pode pagar para mim?". Se pedimos ajuda, dizemos: "Estou devendo dez mil reais e gostaria de saber se você pode me ajudar com alguma quantia". Não sei por que agimos diferentemente em relação aos demais problemas. Está alguém sofrendo? Antes de chorar, reclamar amaldiçoar o dia em que nasceu ou até mesmo buscar oração devemos nós mesmos orar. O dono da dívida deve ser o primeiro a apertar os cintos e tentar pagar; o dono do problema deve ser o primeiro a se ajoelhar, parar tudo e orar. Simples assim.

Por que um post tão grande e tão repetitivo? Porque esse assunto é importantíssimo. Precisamos crescer na nossa vida de oração. Quem ora antes de tudo se envolve em menos problemas. Quem ora antes de tudo tem direção. Quem ora antes de tudo está sensível para deixar Deus dirigi-lo. Quem vence suas batalhas em oração está preparado para novos desafios semelhantes, assim como quem paga as próprias contas sabe até quanto pode gastar.

Não quero desmerecer aqui a importância de buscar ajuda, de ter amigos, cultivar bons relacionamentos, ter parceiros de oração. Mas quero encorajá-lo a tomar as rédeas da própria vida, sobretudo no que diz respeito aos assuntos espirituais. 

Para encerrar o post, mais um lembrete. Como disse, não contamos a qualquer um os nossos problemas financeiros e àqueles a quem contamos dizemos exatamente como podem nos ajudar. Em miúdos, não devemos dizer a qualquer um: "ore por mim". Errado. Devemos dizer apenas a quem pode nos ajudar a resolver o nosso problema, a alguém que reconhecemos como sendo uma pessoa de oração: ore por isto, isto e aquilo, estou com esse e aquele problema e preciso de ajuda. O que isto quer dizer? Deve ser uma pessoa confiável o suficiente para nos aconselhar e levar o problema para Deus - realçando: para Deus e mais ninguém.

"Falando a verdade com espírito de amor, cresçamos em tudo até alcançarmos a altura espiritual de Cristo, que é a cabeça" (Ef 4:15).

Crescer em oração - meta atual.

segunda-feira, dezembro 23, 2013

Em família

Então Jesus disse aos seus discípulos: Imaginem que um de vocês vá à casa de um amigo, à meia-noite, e lhe diga: 'Amigo, me empreste três pães. É que um amigo meu acaba de chegar de viagem, e eu não tenho nada para lhe oferecer.' E imaginem que o amigo responda lá de dentro: 'Não me amole! A porta já está trancada, e eu e os meus filhos estamos deitados. Não posso me levantar para lhe dar os pães.' Jesus disse: Eu afirmo a vocês que pode ser que ele não se levante porque é amigo dele, mas certamente se levantará por causa da insistência dele e lhe dará tudo o que ele precisar. Por isso eu digo: peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês (Lc 11:5-9).

Há alguns meses o assunto do meu coração é oração. Não é uma disciplina fácil. E mais: nem é pra ser só uma disciplina; é para ser um prazer. Eu sei que o prazer vem depois que o ato se tornou uma disciplina. É assim com a leitura. Primeiro você se acostuma a ler. Depois que virou um hábito, ama. Não é diferente com a oração. É preciso trabalho para transformá-la num prazer.

Estava ouvindo um pastor chamado Lucinho Barreto falar sobre o assunto. Ele disse algumas coisas interessantes: não é fácil conversar com uma pessoa que não estamos vendo; orar parece loucura às vezes; temos que orar para aprender a orar. Experimentei o que ele ensinou. Orei pedindo para aprender a orar e gostar de fazê-lo - não que eu não goste, mas estou ciente de que o faço menos do que deveria. Atualmente tenho buscado crescer nessa prática, estudado o assunto, lido a respeito. Vou ser uma mulher de oração. Ah, vou!

Como já disse outras vezes, quando você decide entender uma coisa, o Espírito Santo tem prazer em ensinar. Hoje estava lendo esse texto aí de cima e percebi algo novo.

O texto que vem antes do que colei aí em cima é a oração do Pai Nosso. Os discípulos acompanhavam a vida de oração de Jesus e resolveram pedir a Ele que os ensinasse a orar. Jesus separou esse capítulo para tratar do tema. Mostrou um modelo básico de oração que nada tem a ver com uma repetição que se deva fazer diariamente, mas com princípios e assuntos de que não deveríamos nos esquecer quando fôssemos orar.

Logo depois, Ele fala sobre o desejo de Deus de nos atender por meio de uma comparação. Exemplifica com um homem que é importunado à noite para socorrer outro em sua necessidade. Infelizmente, alguns pensam que a lição que Ele está a ensinar aqui é que, se formos insistentes com Deus, mesmo que seja inoportuno o nosso pedido, Ele nos atenderá. Não é nada disso.

Analisando o que vem antes e o que vem depois, podemos compreender o que Jesus está querendo nos ensinar: podemos ter a certeza de que seremos atendidos. Nos versículos anteriores, Ele nos ensinar a orar para o nosso Pai que está no céu. Veja, Ele diz que Deus é nada mais nada menos do que nosso Pai: Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai, que está no céu, dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem! (Lc 11:11-13).

Essa afirmação de que Deus é nosso Pai e deseja nos atender parece não casar muito bem com o primeiro texto, do amigo importunado para atender o pedido de um outro desprevenido e inoportuno. O que quer, então, Jesus nos ensinar com o exemplo? Vamos lá.

Primeiro, há pessoas que não se importam conosco, não têm nenhuma vontade de nos ajudar. Não fazemos parte de sua família, não somos do seu círculo de parentes. Elas não têm obrigação nenhuma de nos socorrer. Quando recorremos a elas, se sentem importunadas. Para elas, somos um incômodo, uma visita inoportuna, inconveniente, inadequada. Se fizermos a elas alguma pedido, nos atenderão, mas apenas para se verem livres de nós. O que a parábola quer ensinar não é que Deus é comparável a alguém que se sente importunado por um outro que tem necessidades. Deus não é um amigo, é nosso Pai; nós não somos Seus amigos, somos Seus filhos. No exemplo de cima, quem vai em busca de ajuda não tem vínculo com aquele que o ajudará. É só um amigo. Não é o nosso caso.

O nosso caso com Deus. Não somos visitas indesejadas, não somos inoportunos, jamais seremos inadequados. Somos filhos, e filhos amados. Portanto, ir ao nosso Pai pedindo ajuda não é invadir um terreno ao qual não pertencemos. De fato, nosso lugar é onde Deus está. Na casa do Pai não há hora para chegar, assunto sobre o qual falar, geladeira que não se possa abrir, coisas que não se possa pegar. A casa do pai é um lugar ao qual o filho tem livre acesso. E filho é sempre bem-vindo na casa do Pai. E mais: se um filho está em dificuldades, se precisa procurar alguém a quem pedir ajudar, pode saber que não há pessoa melhor do que o pai para nos ajudar.

O homem do exemplo era alguém que não queria atender, mas atendeu. Mesmo importunado, socorreu. Imaginem como não age o nosso Pai, que está desejoso de nos abençoar! Se um homem mau atende, muito mais Deus.

Segunda comparação: olhemos para nós mesmos - "Por acaso algum de vocês será capaz de dar uma cobra ao seu filho, quando ele pede um peixe? Ou, se o filho pedir um ovo, vai lhe dar um escorpião? Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai, que está no céu". Nós, que nem somos um exemplo de virtude, temos prazer em presentear nossos filhos, não é mesmo? O Natal está chegando. Com certeza, nós pais já escolhemos os presentes que daremos a eles. Gostaríamos de que não passassem por dificuldades, não sofressem, que pudéssemos facilitar a vida deles ao máximo. Se nós, que somos maus, sabemos dar boas dádivas aos nossos filhos, queremos vê-los sorrir, alegrá-los, imaginem Deus!

Orar não é só pedir, mas Deus sabe que as coisas aqui embaixo não são fáceis. Quantos desafios! Foi Ele mesmo que disse: No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo (Jo 16:33). Em outras palavras: "Não se sinta só, não fique constrangido por precisar de ajuda, não pense que, ao Me buscar, vou dar um grande sermão e dizer a você que precisa aprender e mudar de vida! Se você errar, não vou jogar na sua cara: 'Eu te avisei!' Não pense que não sei o que você sente, suas dificuldades, suas dores, seus problemas!"

Se nós nos esforçamos tanto para sermos bons pais, pensem na bondade de Deus, no amor que tem por nós!

Deus quer que oremos. Para tornar um pouco menos difícil isso, nos ensina que, mesmo que nos acheguemos a Ele só para pedir, podemos estar certos de que nos atenderá.

Pode encher a boca e começar dizendo: "PAI NOSSO"...