quinta-feira, janeiro 19, 2012

Predileção

O tema de hoje é predileção, coisa terrível. Conheço muitas coisas destrutivas na família, mas talvez a mais devastadora seja a predileção. A Bíblia mostra que ter preferência em relação aos filhos é tão devastador para os pais quanto para os filhos. A primeira história que declara isso é a de Jacó, filho predileto de Rebeca. Seu irmão Esaú era o predileto do seu pai. As razões da predileção desculpem-me a expressão, são idiotas: um era caseiro como sua mãe gostava e o outro caçador como seu pai admirava.

Pior do que preferir filho é deixá-los saber disso. E parece que é impossível esconder. Por isso todo pai e mãe precisam crescer interiormente, melhorar, estar sempre na ascendente, porque os filhos reproduzem tudo o que veem. Passei algum tempo, no final do ano passado, lendo a última oração de Jesus em João 17. Fiquei simplesmente impressionada com a sintonia entre Pai e Filho. Olhe só o que Ele disse: Disse-lhes, pois, Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quando Ele faz, o Filho o faz igualmente (Jo 5.19). Nós pais temos que tremer diante de uma palavra dessas. Grande parte do que Juju e Victor fazem é apenas uma repetição do que eu e o Ric fazemos. Misericórdia! Dá para entender por aí o texto de João 17:19: E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. Quer dizer, por amor aos meus filhos, eu preciso melhorar muito mesmo. Socorro, Senhor!

É claro que essa história de predileção não poderia terminar em boa coisa. Jacó fez o mesmo que seus pais: preferiu seu filho José. Os motivos eram um pouquinho mais nobres do que os de seus pais – Jacó era velho quando José nasceu e por isso ele o amava mais do que a todos os seus outros filhos (Gn 37.3) –, mas a história é igualmente trágica. A predileção de Rebeca fez com que ela morresse sem rever seu filho Jacó, que teve que morar com o tio depois de ter brigado feio com o seu irmão. No caso de Jacó, o mesmo aconteceu. Ele ficou anos sem ver José, que foi vendido como escravo e nunca mais voltou à casa.

Não é fácil ser pais. Tenho uma duplinha lá em casa que se diverte muito, mas, ao mesmo tempo, brigam feito cão e gato. Sei que faz parte do treinamento. Não enfrentaremos na vida nada que já não tenhamos vivenciado em casa. Ninguém é capaz de falar verdades mais duras do que nossos próprios irmãos, mas também ninguém nos defende como eles. Na hora do aperto, pode ter certeza que o sangue fala mais forte. Quem tem um irmão como amigo tem um tesouro e quem o tem como inimigo sofre muito.

O exemplo perfeito de paternidade vem de Deus. Ele não faz acepção de pessoas, não tem filhos prediletos, não despreza quem O procura, não nega ajuda a quem quer que seja. Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é aceitável aquele que, em qualquer nação, o teme e pratica o que é justo (At 10.34,35). O Pai é simplesmente perfeito: faz o bem para os bons e para os maus – Para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos (MT 5.45).

Quer fazer o bem a seus filhos? Trate-os com “igualdade”, se é que é possível tratar igualmente os desiguais. E mais do que isso: melhore a você mesmo. Inevitavelmente eles repetirão muito do que fazemos. E um último lembrete: leia a Bíblia. Não existe manual melhor de criação de filhos.

Beijos.

2 comentários:

  1. Realmente, minha amiga, criar filhos não é tarefa fácil, embora seja um privilégio. Na minha experiência, às vezes fico em dúvida se estou ensinando ou aprendendo. Mas, desconfio que o execício da criação de filhos é um aprendizado de ambos, pais e filhos. Ainda bem que podemos contar com o exemplo do Pai da eternidade que, desde que é, sempre foi, é e será Pai!
    Bjinhos!

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  2. Realmente, minha amiga, criar filhos não é tarefa fácil, embora seja um privilégio. Na minha experiência, às vezes fico em dúvida se estou ensinando ou aprendendo. Mas, desconfio que o execício da criação de filhos é um aprendizado de ambos, pais e filhos. Ainda bem que podemos contar com o exemplo do Pai da eternidade que, desde que é, sempre foi, é e será Pai!
    Bjinhos!

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