quinta-feira, agosto 30, 2012

Vício

Quando algo decide ocupar meus pensamentos não consigo me livrar. Desde ontem que o assunto de hoje não me deixa em paz. Agora mesmo estou sentada para ler a minha Bíblia e, no final de um texto que li nas últimas semanas inúmeras vezes, encontro um versículo que se encaixa perfeitamente no que vou expor: "Ora o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz" (Ti 3.18).

Nem faço ideia de quão bom e quão solícito é você, mas posso afirmar sem medo de errar que, independente do bem que você faça, certamente é alvo de muitas críticas. Mesmo que façamos o nosso máximo, ofertemos sempre o nosso melhor, jamais conseguiremos agradar a todos.

A Bíblia conta uma história muito interessante. Permita-me registrá-la aqui para que você entenda melhor o que quero dizer: "Ora, em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, há um tanque, que em hebraico se chama Betesda, o qual tem cinco alpendres. Nestes jazia um grande número de enfermos, cegos, coxos, paralíticos, esperando que se movesse a água. Pois descia um anjo em certo tempo ao tanque e agitava a água; e o primeiro que entrava no tanque, depois de se mover a água, ficava curado de qualquer doença que tivesse. Achava-se ali um homem que havia trinta e oito anos estava enfermo. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim desde muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar são? Respondeu-lhe o enfermo: 'Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água for movida; mas, enquanto eu vou, outro desce antes de mim'. Disse-lhe Jesus: 'Levanta-te, toma o teu leito e anda'. Imediatamente, o homem ficou são, tomou o seu leito e começou a andar" (Jo 5:2-9).

Jesus vai a um lugar onde, como consta do texto, há um grande número de enfermos e, conforme relatado, escolhe apenas uma pessoa para curar. Como pôde o Mestre, tendo o poder de curar a todos, escolher apenas um? Por que não socorreu cada um daqueles doentes? Eu me alio a esse pensamento. Também gostaria de saber por que não curou a todos.

O que Jesus fez foi digno de aplausos: curou um homem. Aquele número foi o suficiente para o Mestre, mas não para as pessoas. Incluo-me na lista dos que questionam esse milagre. Havia duas situações ali: uma comemoração pelo que foi realizado e uma reclamação pelo que ficou sem fazer. Infelizmente há muito mais pessoas para reclamar do que para celebrar - não reclamo, mas ainda questiono, apesar de saber que Jesus tem Seus motivos.

O mesmo acontece conosco. Por mais que façamos, sempre nos depararemos com os críticos, com aqueles que acham que nunca fazemos o suficiente. Por isso precimos nos desligar da opinião dos outros, dos fardos que querem nos impor. Se ficarmos reféns do que pensam a nosso respeito, não suportaremos. As cobranças são muito superiores à nossa capacidade de satisfazê-las.

Nem Jesus conseguiu agradar a todos. Eram divergentes as opiniōes do povo a seu respeito: "Veio o Filho do Homem comendo e bebendo, e dizem: 'Eis um homem glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores"! (Mt 11:19). "Mas vós, continuou ele, quem dizeis que sou eu? Respondeu Simão Pedro: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo' (Mt 16:15, 16). Houve até quem dissesse que Jesus tinha demônio.

Joyce Meyer, uma pregadora que admiro, escreveu um livro cujo título é O Vício de Agradar a Todos. Precisamos nos desvencilhar das opiniōes se quisermos ter uma vida saudável. Se tentarmos agradar a todos, fracassaremos, adoeceremos, não suportaremos.

Porque Jesus não curou a todos é uma pergunta que não posso responder, mas essa história me levou a mudar minha postura.

A Bíblia diz: "Tudo o que fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor e não aos homens" (Cl 3:23). Tudo o que eu fizer devo fazer para Deus, mas em nenhum lugar encontro a ordem de que devo fazer tudo por todo mundo. Jesus poderia ter curado todos, mas curou um. Se Ele não resolveu o problema de todos, como poderia eu fazê-lo?

Tudo o que fazemos são sementes. Sorriso é uma semente, uma boa ação é uma semente, dinheiro é uma semente, tempo é uma semente. E não devemos depositar sementes em qualquer terreno. Não plantaria uma semente de jabuticaba no deserto do Saara, por quê? Porque não teria produtividade. Devemos plantar as sementes onde elas produzirão. Não devemos ser tolos a ponto de pegar uma semente tão preciosa quanto o nosso tempo e depositar num terreno onde não tem condiçōes de frutificar.

Já sei que você quer me perguntar: não devemos fazer o bem a todos? Mas leia este texto: "Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens" (Rm 12:18), ou seja, devo fazer o possível; nem tudo depende de mim. Existem muitas pessoas no mundo. Podemos e devemos escolher em quem depositar as nossas sementes. Como já disse, nem toda terra terra fértil. Em alguns lugares é desperdício semear.

Talvez isso explique por que Jesus não curou a todos. Talvez não. Mas prefiro continuar com esses meus pensamentos, prestando bastante atenção em quais pessoas devo depositar as minhas sementes. Depositar em qualquer lugar pode gerar frustração, pois não conheço lavrador que não tenha a esperança de um dia colher. Provérbios afirma: "A esperança adiada faz adoecer o coração, mas o desejo cumprido é árvore de vida" (Pv 13:12).

Volto ao texto que escrevi no começo, porque agora você irá entendê-lo melhor: "Ora o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz" (Ti 3.18). O fruto da justiça não se semeia para qualquer pessoa, mas para os que exercitam a paz.

Livre-se do vício de agradar a todos. Observem bem onde você está plantando as suas sementes, porque disso também depende a sua saúde.


2 comentários:

  1. Keila, querida! Voce nao me conhece, mas temos uma amiga em comum: Miriam Maia. Gostaria de dizer que seus textos tem sido uma inspiracao em minha busca diaria de conhecer mais a Palavra e de como experimenta-la. Que Deus continue usando sua vida e seu talento para abencoar a gente. Beijinho

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