terça-feira, março 20, 2012

Liberte-se

Poucas coisas podem ser tão trágicas quanto a falta de conhecimento. Há milhares de anos, a Bíblia tinha advertido o povo a esse respeito: "O meu povo é destruído porque lhe falta conhecimento" (Os 4.6).


Com o decorrer do tempo, algo que deveria ser natural a nós, o desejo de conhecer, esvaziou-se. O fútil tomou o lugar do indispensável, o bolso ficou mais importante do que as ideias. Sucesso mesmo é ter dinheiro na conta - assim pensam os infelizes incautos.


É fato que dinheiro resolve muitos problemas, mas causa outros tantos. A sabedoria, entretanto, liberta. "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8.32). Mas qual verdade liberta? A verdade conhecida pessoalmente, vivida, aplicada. A verdade a que se refere esse texto é a pessoa de Jesus, o evangelho das boas novas, que, apesar de uma lei universal, não é aplicada a toda e qualquer pessoa simplesmente porque muitos dela não se apropriam. Explico melhor.


Existem leis que precisam ser invocadas para terem sua aplicação. Por exemplo, quem já estudou direito sabe que o Poder Judiciário só age quando provocado. Os juízes não saem por aí resolvendo os problemas de todo mundo. Apresente a ele a questão, aí, sim, ele dirá o direito aplicável. Por outro lado, existem leis que, quer você conheça, quer não, mudarão a sua vida. Um triste exemplo é a legislação tributária. Você pagará imposto mesmo que não saiba de sua existência.


A escravidão machuca muito. Acredito que não houve período mais triste na história do Brasil do que o da escravatura. Os negros sempre foram fortes, numerosos, vigorosos, mas não conseguiram se libertar de uns poucos e cruéis senhores feudais. Tinham tudo para fazê-lo, tinham tudo para dominar, sobretudo numa época em que o trabalho braçal era tão importante, mas "se deixaram" escravizar.


Ainda hoje muitos que conhecem o evangelho, que têm uma Bíblia ao lado de suas camas se deixam escravizar por sofismas, preceitos e preconceitos de gente que jura ser mais espiritual do que os outros. Um povo que poderia muito bem promover a revolução do amor se sente espizinhado, maltratado, ainda compra indulgências para chegar à presença de um Deus que está disponível aqui e agora.


Quanta sabedoria teve Paulo ao escrever: "Não vos submetais novamente a jugo de escravidão" (Gl 5.1)! Hoje a escravidão é voluntária. Como diz o texto acima, as pessoas se submetem. Não são forçadas, não são coagidas, não são pagas para se submeter; é totalmente voluntário. E por que o fazem? Pela preguiça de conhecer. Em vez de produzirem o próprio alimento tão delicioso e à disposição, engolem o que outros disseram sem ao menos questionar.


Não quero ser dura nem pessimista neste post. Quero apenas dizer a você que não há mais intermediário entre você e o seu Pai. Ele está totalmente disponível, ansioso mesmo por encontrar-se com você e quando o vir não o rejeitará: "Aquele que vier a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (Jo 6.37). Não há condições para se achegar a Deus. Ele aceita a todos e os recebe bem. Não os manda de volta para purificar-se e melhorar a aparência antes de se achegar. Não condena, não maltrata, não decepciona, não envergonha.


Tenho visto a pregação do evangelho do medo em muitos lugares. Há uma pressão para que as pessoas deixem de ser quem são, deixem de fazer o que fazem como se a retórica ou uma simples mudança exterior fosse suficiente, como se a roupa nova fosse capaz de mudar o caráter.


A mudança que o evangelho propõe é de dentro para fora, porque se quer e não porque se é forçado, por amor e não por obrigação. "Porque o amor de Cristo constrange" (II Co 5.14). Ainda hoje as pessoas não estão preparadas para ver um Cristo andando com prostitutas, bêbados, homicidas, usuários de drogas; ainda hoje os problemáticos são discriminados na "casa do Pai"; ainda hoje as pessoas são rotuladas em mais ou menos ungidas, mais ou menos santas, mais ou menos aceitáveis, mais ou menos abençoadas.


Jesus está à disposição de todos, seja você dos mais certinhos ou dos menos "adequados" - "Deus não faz acepção de pessoas" (Rm 2.11). Deus o ama muito - "Com amor eterno te amei" (Jr 31.3). Não existem condições para se achegar a ele - "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno" (Hb 4:16). Leia de novo o texto. Está escrito mesmo: a fim de sermos ajudados e não condenados. Não importa o tipo de ajuda de que você necessite. Jesus morreu para abrir o caminho de acesso ao Pai, para rasgar o véu de separação e para dizer: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna".


Tenha um bom dia e liberte-se. A lei do Espírito da vida já libertou você da lei do pecado e da morte. Abra a Bíblia e dê uma olhada.

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