terça-feira, maio 03, 2011

Contentamento

Em tudo dai graças (I Ts 5.18).

Fazemos muitos planos, temos muitos sonhos, nossos pensamentos nos levam a lugares muito distantes da nossa realidade. Isso é um grande privilégio. Que bom ter sanidade mental! Só há um problema com os nossos desejos: nem sempre o que consideramos ser o melhor é realmente o melhor. Para escolher o melhor é preciso maturidade.

Imagino que você saiba muito bem o que estou tentando dizer. A ideia que as crianças têm de melhor inclui televisão no lugar das tarefas, sanduíche em vez de almoço, chicletes a qualquer hora, dormir tarde, não ser disciplinado e não frequentar a escola. Eu também achava tudo isso muito bom quando era criança.

Depois que crescemos, nossa perspectiva da vida muda. Sabemos que as visitas ao dentista nem sempre são agradáveis, que o dinheiro do chiclete poderia ser empregado em outra coisa, que dormir cedo faz bem para o corpo e a mente, que os deveres de casa são necessários, que é muito bom ter um emprego que pague bem, que quanto mais cedo sairmos da escola melhor.

A maturidade traz muito conhecimento e ela não se limita ao aspecto terreno e temporal. Tem tudo a ver com o aspecto espiritual também. Paulo disse: "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino" (I Co 13.11).

Sabe por que somos tão insatisfeitos com a nossa vida? Porque ainda somos meninos na alma e no espírito. Vemos a vida sob uma perspectiva infantil. Só descobrimos que algo era realmente bom quando o perdemos.

Deus me falou para dar graças em todo tempo e por todos os motivos. Creio firmemente que nosso nível de satisfação com a nossa vida, de aceitação de quem somos e de nossas potencialidades tem tudo a ver com o nosso conhecimento de Deus, que é o que chamo de maturidade espiritual. Depois de anos de ministério, Paulo foi capaz de dizer: "Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação" (Fl4.11). Ele era contente quando tinha muito, contente quando tinha pouco; contente quando estava tudo bem, contente quando estava aflito; ele era contente quando estava sozinho e contente quando estava rodeado de pessoas.

Frequentemente o que acontece conosco é que dependemos de coisas, circunstâncias e pessoas para estarmos desta ou daquela maneira.

Aprecio as pessoas firmes. Meu pai é um homem assim. Ninguém é capaz de tirar dele a paciência, nem de demovê-lo de alguma posição quando ele está convicto. Você pode dizer o que quiser, fazer chantagem emocional, apelar para qualquer motivo que ele faz o acha que deve ser feito e, mais do que isso, dificilmente uma pessoa consegue mudar o seu humor. Ele não se deixa afetar pelo mal.

Quero ter essa firmeza em mim. Preciso treinar a mim mesma para não deixar as pessoas me fazerem como elas no trânsito, no estresse, na desesperança, na rebelião, na tristeza.

Entendi a diferença de um texto de Provérbios 2 que diz para buscar a sabedoria e por entendimento alçar a voz. Sempre quis muito saber qual é a diferença entre sabedoria e entendimento. Descobri. Sabedoria é ter a capacidade de saber o que é melhor, o que é correto e realizar. Repito: não é apenas saber. Saber é conhecer. Ter sabedoria é ser capaz de implementar o que se sabe, aplicar o conhecimento na prática.

Entendimento é outra coisa. É ver a vida sob o prisma de Deus. Quando vemos sob o prisma dEle, tudo muda. Entendemos que todas as coisas cooperam para o nosso bem, mesmo aquilo que não entendemos; que mesmo que a nossa vida esteja sem forma e vazia, o Espírito Santo continua pairando sobre o caos; que ainda que a figueira não floresça e não haja fruto na vide, ou seja, ainda que aparentemente nada esteja acontecendo como deveria, todavia, é possível me alegrar.

Desde que descobri isso, não clamo apenas por sabedoria, mas por entendimento. Eu preciso ver principalmente as pessoas como Deus vê. Só assim será possível em tudo dar graças. Quem anda com Deus não pode ser pessimista. Quem conhece o Criador sabe que basta uma única palavra dEle para mudar tudo à nossa volta.

Hoje dou graças pelo que entendo e pelo que não entendo; pelo que sou e pelo que ainda não sou, mas quero ser; pelo que tenho e pelo que ainda terei.

Paizinho, obrigada por tudo!

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