domingo, novembro 22, 2015

Filho Predileto


Dois pesos e duas medidas, uns e outras são abomináveis ao Senhor (Pv 20.10 e 20.23)

Estava lendo esse capítulo hoje, quando me chamou a atenção ver dois versículos absolutamente iguais no mesmo capítulo. Se Deus quis ressaltar esse assunto repetindo-o no mesmo capítulo, é porque ele é muito importante. E se Deus considera muito importante, devo prestar muita atenção.

Já percebi que quando Deus quer ensinar alguma coisa, se prestarmos atenção, Ele não deixará para depois. Parei, meditei, mas o assunto passou. Meus pensamentos pararam assim: estranho Deus repetir isso, parece óbvio. Então comecei a ler o livro da vez: "Manual de Dificuldades Bíblicas, de Norman Geisler e Thomas Howe, quando o Senhor me ressaltou algo com um versículo que completa o raciocínio: Porque para com Deus não há acepção de pessoas (Rm 2.11).

As leis do Senhor não são particulares, aplicáveis de acordo com o relacionamento que a pessoa tem com Ele. Assim, se ímpio e justo cometem o mesmo erro, a pena é a mesma. Deus não pesa a mão sobre o ímpio e nem alivia para o justo. Ele é absolutamente justo. Até aí a questão é muito simples. E completo: Ele realçou o texto para que façamos o mesmo, quer nos ver agindo com justiça. Também parece simples.

Onde é que a questão se complica? Dentro de casa, nos nossos relacionamentos, em especial, na criação dos nossos filhos. Isso me trouxe à memória uma história bíblica terrível, que destruiu por completo uma família: Isaque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava a Jacó (Gn 25.28).

Rebeca preferia Jacó, certamente porque ele era mais chegado a ela, questão de afinidade, imagino. Essa preferência era algo declarado, visível e, embora possamos pensar: ah, mas estavam os irmãos bem servidos, cada um preferido por um dos pais, essa predileção teve um efeito devastador na família.

Pais têm a sua visão parcial e limitada não só do mundo, mas também do futuro dos filhos e, se não tivermos cuidado, podemos privilegiar um dos filhos. No caso das mães, muitas vezes, queremos compensar a "fraqueza" ou o que consideramos "desvantagem" de um em relação ao outro. Por exemplo, defendemos o mais fraco quando o outro está impondo sobre este sua força. Qual é o problema disso? É que muitas vezes foi o mais fraco que provocou e por isso merece o que está sofrendo. Outro exemplo: investimos mais tempo estudando com o que tem mais dificuldade. Será que o outro não fica enciumado ou chateado? Dois pesos, duas medidas.

As predileções dos exemplos acima foram catastróficas. Isaque deixaria tudo para Esaú sem prover algo para Jacó, que era odiado por seu irmão. Assim, Jacó estaria desassistido em seu futuro embora fosse filho de um pai extremamente rico. Rebeca queria que Jacó ficasse com a bênção, então manipulou uma situação roubando o que de direito era de Esaú. Consequência: muito cedo Jacó foge de casa e nunca mais vê sua mãe, Rebeca perdeu o que mais amava; Isaque foi iludido e teve de viver o resto de sua vida com o fato de ter sido imprevidente e prejudicado o seu queridinho. Quem ganhou? Ninguém, absolutamente ninguém.

Só para completar, trago mais um detalhe para pensarmos a respeito. Já soube de pais que, em vida ou por testamento, ao distribuir bens, privilegiam o mais "pobre". Ocorre que "o mais rico" não conseguiu o que tem por acaso, mas frequentemente estudou mais, se esforçou mais, é mais trabalhador... O que acontece é que para este fica um sentimento de injustiça.

O que estou falando não tem a ver com outra pessoa, mas comigo mesma. Nesta breve meditação, fiquei pensando nas injustiças que tenho cometido com meus filhos muitas vezes. É maravilhoso poder corrigir os nossos caminhos enquanto é tempo. Tenho a firme convicção de que, na maioria das vezes, somos muitíssimo bem intencionados. E Deus, vendo isso, corre em nosso socorro e nos ensina, para que possamos evitar um mal maior. Glória a Deus!

Deus quer ajudar as famílias a serem melhores, os pais a serem mais justos e amorosos, os filhos a serem mais gratos e obedientes, as esposas a serem mais amorosas e respeitosas, os maridos a serem mais atentos e românticos. 

Que bom que temos Deus ao nosso lado para nos ensinar. Sempre é tempo de corrigir os rumos de nossa família.

O mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos (Sl 19)!

Um comentário:

  1. Texto muito bom! Deus seja louvado por lhe conceder esse belo dom de, com palavras, expressar conhecimentos esclarecedores!

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