domingo, janeiro 20, 2013

O jeito de Deus

Mais uma vez estou consternada com o modo como Deus trabalha. Fico muito triste quando descubro que o jeito de Deus ainda é muito diferente do meu. Ao mesmo tempo, sinto grande alegria por ver que uma simples passagem da Bíblia pode me ensinar tanto, me mudar profundamente por dentro e é o que passo a expor aqui. Estou certa de que essa mudança interior vai produzir uma atitude exterior em mim e, quem sabe, em você.

O texto de hoje é muito simples e muito conhecido:
"E, sendo chegada a tarde, os seus discípulos aproximaram-se dele, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já avançada; despede a multidão, para que vão pelas aldeias, e comprem comida para si. Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão: dai-lhes vós de comer" (Mt 14.15,16).

Se você ler todo o capítulo, verá que Jesus tinha acabado de receber a terrível notícia do brutal assassinato de João Batista. Certamente isso o fez pensar no seu assassinato que viria em breve, de sorte que ele resolve deixar o lugar onde estava e retirar-se para longe. Mas as multidões, desejosas do que Ele podia dar-lhes, o seguem.

Imagino Jesus numa colina com seus discípulos, cansado, entristecido, quando chega a um ponto onde consegue ver ao longe as pessoas correndo ao Seu encontro. Ele poderia tentar se esquivar, se esconder, ir a um lugar onde não o encontrassem. Pelo menos é assim que muitas vezes fazemos quando estamos entristecidos. A última coisa que queremos é estar com o povo, principalmente com pessoas que não conhecemos. Mas sabe qual foi a reação de Jesus? "E assim, ao chegar, Jesus viu uma grande multidão. Ele se moveu de compaixão por eles e curou suas doenças" (Mt 14.14).

Antes de prosseguir quero refletir um pouco com você a respeito dessa incrível Pessoa que é Jesus. Sabemos pela Bíblia que Ele conhecia o coração das pessoas. Assim, sabia que aquela multidão estava interessada no que Ele podia dar, não na Sua própria Pessoa. Ele sabia que iriam pedir Sua cabeça em breve. Quer dizer, tudo o que oferecesse a ela não traria retorno. Será que somos capazes a investir na vida de pessoas que não nos darão qualquer retorno? Jesus não dizia: "Faça o que eu digo". Ele ensinava: "Faça o que eu faço". A quantas pessoas nós doaríamos o nosso tempo, a nossa casa, a nossa vida se soubéssemos que nos trairiam em seguida?

Agora vem a parte mais chocante. A hora vai ficando adiantada, o lugar é ermo, não há Mc'Donalds por perto, o comércio está fechando e não há qualquer sinal de que essa multidão irá embora tão cedo. Os discípulos começam a se preocupar. "A multidão logo estará faminta. Quem irá alimentá-los? É bom Jesus parar agora mesmo. Há um problema iminente e como não sabemos como resolvê-lo, melhor mandar cada um cuidar de si".

Sabe o que mais me chama a atenção? É me ver nesses discípulos. Eles estavam com o Mestre dos mestres. Certamente Ele poderia dizer a eles o que fazer. Quem deveria se preocupar não estava preocupado. Jesus sabia mais, Jesus podia mais, mas, mesmo assim, não se moveu. Enquanto isso, os discípulos não só estavam preocupados como já tinham arrumado uma solução: despede-os. Sempre que se sentiam incomodados, a solução dos discípulos era: despede-os. Despede a multidão para que não fiquem com fome, despede a mulher siro-fenícia para que não continue gritando atrás de nós, despede essas crianças que estão tumultuando. Aquilo que os incomodava era na verdade a própria razão de ser da vinda do Messias: as pessoas, com suas dores, seus fardos, suas necessidades, sua falta de noção. 

Então Jesus mostra o jeito de Deus fazer as coisas: "Dá-lhes vós mesmos de comer. Não abandone facilmente aqueles que precisam de você! Vamos! Faça alguma coisa, nem que seja averiguar quem pode ajudar. Não passe a bola. Não diga: 'Não estou nem aí; cada um que se vire; cada qual com seus problemas'. Dá-lhes vós de comer, de beber, de vestir, empreste sua casa, empreste seus ouvidos, doe do seu tempo"...

Depois disso, os discípulos descobriram que havia um menino com cinco pães e dois peixinhos. Parece idiotice até mesmo trazer tal assunto em tela. O que são cinco pães e dois peixinhos para uma multidão? Nas mãos de Jesus, o suficiente. Aquilo seria apenas o ponto de partida para um grandioso milagre. 

Muitas vezes não temos como resolver totalmente o problema das pessoas, mas podemos dar o start, o ponto de partida. Como diz o ditado: "Para quem não tem nada, metade é o dobro" - brincadeirinha. Mas é assim mesmo. Não fazer nada porque não se pode fazer tudo não é o que Jesus espera. Pode ser pouco o que temos a oferecer, mas que tal darmos o start?

Só para finalizar, preciso dizer como termina a história. Jesus multiplicou os pães e peixes, foram distribuídos e muitos "espertinhos" pegaram mais do que podiam comer. A Palavra se cumpriu. Quem vai a Jesus recebe em abundância. "Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados (com fome, com sede, tristes, decepcionados) e eu vos aliviarei. A multidão voltou para casa em seguida, alimentada no corpo e na alma. Os discípulos, que não tinham nada, ficaram com doze cestos cheios do que foi recolhido das sobras.

É. O jeito de Deus compensa!

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