quarta-feira, dezembro 05, 2012

De recuperação

Nunca me esqueci de uma frase que ouvi a Pastora Laudjane dizer: "Algumas coisas serão mudadas, outras, serão aceitas". Infelizmente teremos que conviver, durante a nossa vida, com muita coisa de que não gostamos tanto em outros como em nós. Nem tudo pode ser mudado, mas a nossa disposição interior em relação a tudo, essa, sim, pode e deve ser trabalhada.

Embora pudesse com um estalar de dedos mudar o destino de Jesus Cristo, salvá-lO da cruz, livrá-lo de muita dor, o Pai não o fez. Esse plano não seria mudado; precisava ser aceito. E Jesus o aceitou humildemente. Como diz Filipenses 2: "E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome" (Fl 2.8,9).

É muito difícil passar por provas, por circunstâncias adversas. As aulas estão terminando. Hoje fui fazer a matrícula do meu filhote e a escola estava cheia. Muitos alunos ficaram de recuperação. E o que é a recuperação? É o atestado de que aquele assunto não foi compreendido plenamente, por isso deve ser revisto. É horrível ficar de recuperação, mas, muitas vezes, totalmente necessário.

Quero falar um pouquinho hoje de uma família que ficou de recuperação. Nos capítulos finais do livro de Gênesis há o relato de uma história que eu amo e que me ensina muito. Um pai chamado Jacó tinha doze filhos, mas um era seu predileto: José. Essa predileção era óbvia e isso e os sonhos de grandeza do menino deixaram seus irmãos profundamente irritados a ponto de quererem matá-lo. Apesar de desistirem desse intento, venderam o seu irmão como escravo e disseram a seu pai que o menino havia morrido. Assim como o pai não demonstrava consideração para com eles ao deixar clara a sua predileção, estes não demonstraram consideração para com o pai ao vê-lo sofrer por conta da mentirosa morte de seu filho predileto.

Será que há culpados nessa história? Cada um dá o que recebeu. Jacó também fora preterido por seu pai, que amava mais a seu irmão Esaú. Deu o que recebeu. Que triste sina!

Devemos tentar olhar a vida sob vários prismas. Muito do que fazemos está relacionado ao que fizeram conosco. Por isso precisamos ser mais compassivos. Não sabemos o que há por trás das atitudes dos outros, quanto daquilo é o que fizeram com eles, portanto, mera repetição, às vezes, até mesmo inconsciente. É aí que entra o fruto do espírito, que precisa ser desenvolvido em nós. Não temos qualquer controle sobre os outros, mas podemos controlar as nossas próprias reaçōes, denvolver o domínio próprio, a alegria, a mansidão, a longanimidade e, para mim, uma das nuances mais fantásticas do fruto: a benignidade, que é a capacidade de sempre pensar o bem acerca de qualquer coisa ou pessoa.

É claro que os anos trazem experiência, mas infelizmente não trazem a sabedoria: "Nós não ficamos mais sábios com a idade, nem sempre os velhos sabem o que é certo" (Jó 32:9). Para essa família viver em paz, ou o pai teria que mudar de atitude ou os filhos teriam que aprender a conviver com essa característica do pai.  Não adianta esperar a mudança, forçar a mudança, exigir a mudança. Faz muito mal para qualquer relacionamento as exigências. É melhor considerar que algumas coisas serão aceitas e trabalhar a mudança em nós mesmos.

Esses filhos ficaram de recuperação. Ou aprendiam a tolerar essa fraqueza do pai ou a família morreria. Então, se viram diante do mesmo teste. O filho que tinham vendido tornou-se governador do Egito, prendeu um dos irmãos e exigiu como condição para libertá-lo e livrar a família da fome a presença do outro irmão, agora o predileto do pai. "Ele [o pai], porém, disse: Não descerá meu filho convosco, porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe sucede algum desastre no caminho por onde fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza à sepultura (Gn 42.38). O pai só considerou aquele como filho. É triste vê-lo dizer: "Seu irmão é morto e só ele ficou". Indiretamente ele estava dizendo: "Só este eu considero, de fato, meu filho". Dureza. Ele não mudou. O pai não aprendeu que sua preferência gerou o ódio e a perda de um filho, mas os filhos aprenderam a conviver com as deficiência do pai. Eles não odiaram esse irmão. Na verdade, quem lê a história vê que fizeram de tudo para protegê-lo. A situação não mudou, mas eles mudaram. E como tudo termina? Com uma família unida. Eles passaram na recuperação.

Acho que este é um bom tema para o nosso fim de ano. Precisamos aceitar mais, estribuchar menos. Podemos ser melhores e viver melhor se simplesmente aceitarmos os outros como eles são e pararmos de tentar forçar mudanças. 

Muitas situaçōes e pessoas não mudarão, mas tudo muda quando eu mudo!

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